Por que tecidos desbotam no sol?
Entenda quais reações químicas ocorrem na blusinha que você comprou há cinco anos.
Porque os raios UV do Sol têm mais energia do que as conexões entre os átomos que formam as moléculas de corante – e, por isso, são capazes de desmontá-las (a parte de uma molécula responsável por torná-la colorida é chamada de “cromóforo”). Isso causa o desbotamento da cor.
A luz é uma radiação eletromagnética que pode ser dividida de acordo com seu comprimento de onda: nós enxergamos apenas a luz visível, num espectro que vai de 400 a 800 nm. Já os comprimentos de 200 a 400 nm são chamados ultravioleta – os responsáveis pela tonalidade xôxa da blusinha que você comprou há cinco anos.
Os raios UV chegam à superfície da Terra com uma energia de 315 a 400 kJ para cada mol (6 x 1023 partículas) de fótons. “Isso excede a energia da ligação simples carbono-carbono de 335 kJ/mol, resultando no desbotamento dos corantes usados em substratos têxteis”, diz Fernanda Steffens, professora do Departamento de Engenharia Têxtil da Universidade Federal de Santa Catarina. Esse processo é chamado fotodegradação.
Há outros fatores que influenciam a taxa de desbotamento: a presença de certas substâncias quimicamente reativas na peça, poluição atmosférica, temperatura e umidade ambientes e até o tipo de tecido escolhido. Cores de tonalidade fracas são mais sensíveis ao desbotamento – pois as poucas moléculas de cor ali são degradadas. Cores intensas resistem mais ao tempo, já que possuem mais moléculas pigmentadas.
Na indústria têxtil, os engenheiros medem a “solidez à luz”: quanto tempo um material tingido resiste ao sol antes de começar a desbotar. A peça é exposta a uma lâmpada de arco de xenônio, que emite bastante radiação ultravioleta, para determinar quantas horas de exposição ela aguenta antes de a perder cor. Se o material ficou na luz por 50 horas antes de começar a mudar de cor, dizemos que ele apresenta uma resistência de 50 horas.
Fontes: Fernanda Steffens e Miguel Angelo Granato, professores do Departamento de Engenharia Têxtil da Universidade Federal de Santa Catarina.
Pergunta de @bolinho_descolado, via Instagram