Quem foi o primeiro representante eleito democraticamente?
É impossível saber o nome exato do dito-cujo. Mas há evidências de democracia na pré-história, muito antes de Atenas.
É impossível saber. Muito antes da invenção da escrita, já existiam populações que se organizavam democraticamente, enquanto outras seguiam modelos políticos mais autoritários.
É quase certo, portanto, que a primeira eleição de um ser humano para um cargo qualquer tenha ocorrido no âmago de um grupamento caçador-coletor, sem deixar indícios materiais.
Embora a cidade-estado grega de Atenas leve, tradicionalmente, o crédito de berço da democracia, há evidências de poder decisório descentralizado entre outros povos.
Por exemplo: os budistas têm, desde a Antiguidade, as Sanghas, comitês que tomam decisões políticas por voto e são uma das primeiras instituições democráticas. Esses conselhos existem até hoje.
Nebelivka, uma cidade pré-histórica de 15 mil habitantes construída onde hoje é o território da Ucrânia, tinha casas igualitárias dis-
tribuídas em círculo – e, é provável, um governo democrático. Ela é tão antiga quanto Uruk, a cidade mesopotâmica que deu nome ao Iraque e que costuma ser citada como a mais antiga do mundo.
Considerando que essa era uma metrópole (pelo menos para os padrões demográficos da época), a inexistência de grandes estátuas ou prédios administrativos em Nebelivka é um sinal de que aquela sociedade não se baseava numa hierarquia tão violenta e vertical quanto os primeiros impérios da história da humanidade.
Teotihuacan, uma cidade mexicana anterior aos astecas e espanhóis, passou por uma revolução para cobrar habitação social em 300 d.C. Os manifestantes destruíram prédios administrativos e religiosos. Pouco depois, condomínios com vários apartamentos de tamanho similar aparecem no sítio arqueológico.
Até hoje não sabemos muito sobre a língua e cultura dos povos que habitavam o centro do atual território do México nessa época – os próprios astecas, que vieram muito depois, eram fascinados por esse mistério. Mas esses ancestrais já sabiam que havia alternativas à desigualdade social e ao acúmulo de renda.
Pergunta de Alice Souza, via e-mail.