Nasa completa megatelescópio espacial
Quando ele for lançado, será 100 vezes mais potente que o Hubble
Quando ele for lançado, será 100 vezes mais potente que o Hubble
Semana passada, cientistas da Northrop Grummam a serviço da Nasa receberam uma encomenda muito especial: a última peça do Telescópio Espacial James Webb, seu escudo solar.
O bloco é formado por cinco membranas com a espessura de um fio de cabelo, mas a extensão de uma quadra de tênis cada. É necessária porque, para onde o telescópio vai, não tem sombra. Ele será posicionado no chamado Ponto Lagrange 2, que fica a 1,5 milhão de km – cinco vezes a distância entre a Terra e a Lua. Esse ponto permite que ele orbite o Sol em sincronia com a Terra. Dessa distância toda, ele poderá observar o espaço sem interferência.
É um projeto incrivelmente ousado: o espelho principal – que, aliás, começou a ser testado semana passada também – tem 6,5 m de diâmetro e é feito de berílio coberto com ouro, desenhado para captar luz infravermelha. Há várias vantagens nisso: o infravermelho é capaz de penetrar a poeira espacial e vários objetos que são invisíveis em luz normal, por brilharem pouco, como asteroides, planetas e anãs marrons (estrelas que não vingaram), se tornam perfeitamente visíveis em infravermelho. A desvantagem é que esse tipo de luz não atravessa normalmente a atmosfera terrestre – por isso é perfeita para um telescópio espacial.
O Hubble, o célebre antecessor do James Webb, está no espaço há 26 anos. Ele tem um espelho de 2,4 m e fotografa em luz visível. Com um centésimo da capacidade do James Webb, o Hubble ainda assim revolucionou a astronomia: graças a ele, hoje sabemos a idade correta do universo (13,7 bilhão de anos), que as galáxias têm buracos negros no centro, que existem exoplanetas em estrelas similares ao Sol e que Plutão não merecia ser chamado de planeta, porque o planeta anão Eris, medido pelo Hubble, é maior que ele.
É difícil exagerar o potencial do telescópio James Webb. A Nasa vai usá-lo para observar coisas a mais de 13 bilhões de anos-luz, trazendo imagens do nascimento do Universo. Possivelmente, assim, revelando a origem de tudo. E também fotografar exoplanetas, o que é impossível hoje, e talvez conseguir indícios ou até mesmo a confirmação da vida neles.
Mas ainda se vão dois anos até seu lançamento, previsto para outubro de 2018. O megatelescópio deveria já estar no céu desde 2011, mas várias complicações atrasaram seu lançamento em sete anos e seu custo saltou de US$ 1 bilhão para 8,7 bilhões. Mas também porque, absolutamente, nada pode dar errado. Na distância em que ele vai ficar, nenhum astronauta jamais chegou, nem tem como chegar com os veículos existentes. Se algo der errado, babau.