Maus (Cia. das Letras, R$ 39,90), escrito e desenhado pelo jornalista Art Spiegelman, é a única graphic novel a ganhar o Pulitzer, maior prêmio de jornalismo do mundo. Lançada em 1991, a obra biográfica conta a história dos pais judeus de Spiegelman, Vladek e Anja, conforme eles tentam escapar da Alemanha nazista.
A narrativa começa quando Vladek conhece Anja. Os dois eram judeus na Polônia e a família de Anja era dona de uma fábrica de tecido. Os primeiros anos de casamentos foram prósperos, com fartura de recursos e o nascimento de seu primeiro filho. Mas o cotidiano da família começou a ficar cada fez mais difícil com a propagação da ideologia nazista na Alemanha e em partes da Europa. Em questão de meses, era difícil para os judeus até comprar alimentos.
Tudo vai sendo perdido. O casal se vê obrigado a se separar de seu filho, precisando se esconder para não ser capturado. Vladek sempre usa sua inteligência na criação de esconderijos, mas a fuga acaba se tornando cada fez mais difícil e a apreensão, inevitável. Os dois são separados e enviados para campos de concentração diferentes. Vladek vai para Auschwitz.
Apesar de as primeiras páginas de Maus terem sido publicadas em 1980, o trabalho só foi concluído em 1991. Por isso, o livro é dividido em duas partes. Para demostrar a passagem dos anos no início da segunda edição, Spiegelman retrata um pouco o sucesso do primeiro exemplar. Nessas páginas, ele mostra que muita gente se aproveitava do sucesso da obra para produzir artigos fúteis, como bonecos, ignorando a seriedade do tema.
Spiegelman faz metáforas brilhantes para retratar os envolvidos no Holocausto. Ratos (em alemão, “maus”) são os judeus, os porcos são os poloneses, os cães são os americanos, os gatos são os alemães, os franceses são os sapos (o autor considera os coelhos animais muito inocentes para os franceses, que teriam sido antissemitas).
A narrativa do livro gira em torno das histórias contadas por seu pai, incluindo as entrevistas nas quais os relatos eram feitos. A viagem pelo tempo e pelos fatos faz com que o leitor mergulhe no contexto em que a história está inserida sem esquecer dos impactos do nazismo. Se o Holocausto repercutiu (e continuará repercutindo) por gerações, Maus é uma reflexão sobre o assunto que merece a mesma atenção.