
Quando li o nome As Aventuras do Caça-Feitiço – O Aprendiz pela primeira vez, confesso que o achei um tanto bobo. Julguei pelo título e pensei que seria uma leitura perdida. Até o momento em que vi a capa. Imitando o caderno de couro que o personagem protagonista utiliza em suas aulas com o Caça-Feitiço, ela tem uma textura diferente e o título em relevo, assim como o desenho.
Cada livro estampa uma espécie de contorno sombreado diferente. Na capa do primeiro livro, você vê o Caça-Feitiço, Sr. Gregory. Há apenas um pequeno erro: Gregory aparece destro no desenho, quando na verdade é canhoto (pode parecer bobagem, mas esse fator é importante). De forma alguma isso tira a magnificência da capa. Sempre fui fã de capas simples, mas que despertassem curiosidade – e assim são todas de As Aventuras do Caça Feitiço. Se você preferir capas mais elaboradas, pode optar pela leitura da série As Crônicas de Wardstone. É exatamente a mesma história, o mesmo título, o mesmo autor de As Aventuras do Caça-Feitiço. Os personagens são os mesmos – nunca entendi por que uma mesma saga foi publicada por aqui com nomes diferentes, mas eu tive de escolher entre uma das duas e não me arrependo de ter ficado com a primeira.
Este primeiro volume intitulado O Aprendiz (Bertrand Brasil, 224 pgs., R$ 30), nos apresenta Thomas Ward, o Sr. Gregory e todo o universo que cerca a saga. Thomas é o sétimo filho de um sétimo filho, e após todos os outros irmãos terem conquistado suas carreiras, não lhe resta nada, a não ser uma carreira como Caça-Feitiço, protegendo o Condado de terrores como bruxas, fantasmas e ogros. Parece fantástico, não? Mas com certeza não é.
O Caça-Feitiço não é apenas temido por todos, mas também desprezado. Thomas sabe que, se conseguir concluir o aprendizado com o Sr. Gregory (coisa que poucos aprendizes fizeram, pois ou morreram ou foram mandados de volta pra casa), terá de se adaptar a uma vida solitária e extremamente perigosa. Mas que escolha tem? Seus irmãos lhe roubaram todas as prováveis profissões e a ele não resta mais nada. Por tal motivo, é “vendido” ao Caça-Feitiço pelo pai e, no dia seguinte à venda, o trabalho já começa. Sua primeira noite como aprendiz de Caça-Feitiço é assustadora e vale a pena levar em conta a recomendação na contracapa do livro: “Não deve ser lido à noite.” Mas Thomas resiste e consegue passar no teste.
O primeiro livro dedica-se a nos apresentar à vida do Sr. Gregory e à nova vida de Thomas. O garoto de apenas 13 anos aprende que ser Caça-Feitiço envolve um árduo esforço físico e mental, e que não era nada parecido com o que pensava que fosse. Vemos em O Aprendiz o quanto ele é maduro para a idade, mas ainda imperfeito, como sua impulsividade demonstra. Ele prefere confiar em seus instintos em primeiro lugar (uma recomendação dada inclusive pelo Caça-Feitiço) e isso, muitas vezes, o deixa em algumas complicações, especialmente nos próximos livros.
Claro que, sem essa impulsividade, não teríamos uma história para ler. Não fosse uma decisão equivocada e impensada que o garoto toma (a de fazer uma promessa a Alice, uma bruxinha com sapato de bico fino, uma “espécie” que o Caça-Feitiço deixa claro que é extremamente perigosa e deve ser ignorada quando vista), não teríamos a trama necessária ao primeiro livro. Em outras palavras, não haveria qualquer emoção.
As Aventuras do Caça-Feitiço – O Aprendiz é uma leitura fácil. O livro tem poucas páginas, você mal vai notar quando concluir a leitura e tenho certeza de que, logo em seguida, vai clamar por mais. Não o culpo. O livro é divertido, desperta curiosidade e caramba, tem aquela capa maravilhosa imitando couro! Se eu fosse você, adquiria meu exemplar o mais rápido possível e embarcava nessa viagem pelo Condado. Joseph Delaney, você é genial.