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25 coisas que estão escondendo de você

O dinheiro que você ganha. A comida que come. A água que bebe. As coisas que compra. Atrás de tudo isso existe um arsenal de segredos - que as empresas e os governos do mundo preferem que você não conheça. Chegou a hora de desvendá-los

Por Eduardo Szklarz e Bruno Garattoni
Atualizado em 14 Maio 2018, 11h19 - Publicado em 11 nov 2012, 22h00

1. Você só recebe 7 meses de salário por ano

É isso aí: 5 dos seus 12 salários nunca chegam ao seu bolso. Vão inteirinhos para o governo. Um brasileiro que ganha R$ 3 mil por mês destina 40,98% desse dinheiro para pagar impostos e contribuições que incidem sobre a renda (como IRPF e INSS), o consumo (ICMS, PIS, COFINS, ISS…) e o patrimônio (IPVA, IPTU, ITR…). O cálculo é do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Entre os países analisados, só a Suécia impõe uma carga tributária maior. “A diferença é que a Suécia oferece serviços públicos de qualidade”, diz João Eloi Olenike, presidente do IBPT.

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(wutwhanfoto/iStock)

2. Comer pão torrado é perigoso

Quando alimentos ricos em amido, como pão e batata, são expostos a temperaturas altas, acima de 120 graus, produzem acrilamida: um composto que está relacionado à incidência de câncer. Os estudos com a substância foram realizados em ratos, e não há provas conclusivas de que ela provoque tumores em humanos. Mas a acrilamida é considerada uma questão séria pela OMS e pelas autoridades de saúde da Europa e dos EUA, onde até já surgiu uma solução tecnológica para o problema: uma enzima artificial, desenvolvida pela empresa de biotecnologia Novozyme, que poderá ser adicionada às batatas durante a fritura e reduz em 50% a formação de acrilamida. Enquanto ela não chega ao mercado, a recomendação é evitar que a comida seja exposta a altas temperaturas. Regule a torradeira para a potência mínima, e não deixe a batata fritar até ficar amarronzada. “Os alimentos que adquirem um tom escuro ou que queimam durante o preparo têm mais chance de conter acrilamida”, diz o médico nutrólogo Maximo Asinelli.

3. Coca e Pepsi contêm um ingrediente polêmico

Segundo estudos publicados em 2007 pelo governo dos EUA, a substância metil imidazol (4-MI) está ligada ao aumento no risco de câncer. Ela é utilizada na fabricação de medicamentos, tintas e produtos agrícolas e também está presente em alguns refrigerantes – pois é um subproduto do corante caramelo IV, usado em bebidas. Segundo uma análise do Centro para a Ciência no Interesse Público (CSPI), dos EUA, uma lata de Coca-Cola brasileira tem 267 microgramas de 4-MI. É 66 vezes mais do que a Coca da Califórnia – e 9 vezes acima do limite estabelecido pelo governo de lá. Dos 9 países estudados pelo CSPI, o Brasil é líder no uso da substância, também encontrada na Coca Diet, na Pepsi e na Pepsi Diet.

 

A Coca-Cola nega qualquer risco, mas decidiu mudar sua fórmula, na Califórnia, para diminuir o 4-MI e satisfazer a lei. No Brasil, a fórmula não será alterada. A empresa diz que o uso do corante observa os critérios da Anvisa e não traz risco. “A quantidade de 4-MI ingerida pelo consumo de refrigerantes não é significativa”, afirma. A PepsiCo também diz que não há problema. “Não há evidência científica de que o composto 4-MI em alimentos ou bebidas traga risco”, afirma. A Anvisa segue a mesma linha. “O consumo diário de 1 litro de refrigerante de cola resultaria na ingestão de 1,2% do total aceitável para um adulto.” Ou seja: você teria de beber 83 litros de refrigerante por dia para passar do limite seguro. O governo da Califórnia não concorda, alegando que os efeitos do 4-MI ainda não são plenamente compreendidos. A Food & Drug Administration, do governo dos EUA, diz que os refrigerantes são seguros. Mas aceitou analisar uma petição do CSPI, que pede o banimento da substância.

4. Há pedaços de inseto na sua comida

É praticamente inevitável que, ao longo de todas as etapas de produção de um alimento industrializado (colheita, processamento, embalagem, etc), ele acabe sendo contaminado por fragmentos de inseto. Tanto é que, no ano passado, a Anvisa publicou uma Consulta Pública para debater limites toleráveis para eles. O documento sugere o seguinte: máximo de 10 fragmentos de inseto a cada 100 g de molho de tomate ou 100 g de chocolate, e até 60 pedaços de inseto em 25 g de café torrado. O padrão ainda está sendo estudado. “Hoje, a legislação brasileira não aceita nenhum pedaço de inseto na comida”, informa a Anvisa. Mas os insetos na comida são uma realidade – e você já deve ter ingerido centenas de fragmentos deles sem saber.

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(fcafotodigital/iStock)

5. O chocolate corre risco de extinção

O problema está no solo da África, que responde por 72% da produção de cacau mundial. O cacaueiro gosta de crescer em florestas, à sombra de árvores mais altas. Mas os produtores estão derrubando as outras espécies para plantar só cacau. Com isso, a curto prazo a colheita aumenta, mas o solo fica ressecado e erodido pela ação direta do sol. “Em 20 anos, o chocolate vai ser como o caviar: tão raro e caro que as pessoas não vão poder comprar”, diz John Mason, diretor do Centro de Pesquisas sobre Conservação da Natureza (NCRC), sediado em Gana, segundo produtor mundial de cacau.

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1. Costa do Marfim: 1 350
2. Gana: 970
3. Indonésia: 500
4. Nigéria: 210
5. Camarões: 200
6. Brasil: 180 (embora seja grande produtor, o Brasil precisa importar cacau)

Fonte

6. Quanto mais religioso você é, menos age por compaixão

As religiões pregam a compaixão com o próximo. Mas, na prática, quem é religioso não liga muito para a compaixão. Isso foi constatado por um estudo da Universidade de Berkeley, nos EUA, que analisou a vida e os hábitos de 1 337 pessoas adeptas de vários credos. As pessoas menos religiosas se guiavam principalmente pela compaixão quando faziam algum ato de caridade – como oferecer o assento do ônibus a um estranho, por exemplo. Já entre os mais devotos, era diferente. “Os mais religiosos baseiam sua generosidade em outros fatores, como a doutrina e a reputação ante os membros da comunidade”, diz o sociólogo Robb Willer, autor do estudo.

A tese de Willer foi comprovada por outro estudo, em que 210 estudantes de diversas religiões, classes e etnias participaram de um jogo. Cada um recebeu uma quantidade de pontos que poderiam ser trocados por dinheiro. E decidia se compartilhava os pontos ou guardava para si. Resultado: entre os menos devotos, a compaixão pesou muito nas atitudes em favor do grupo. Já entre os devotos, a compaixão quase não influiu – eles sempre doavam valores parecidos, independentemente dos sentimentos que tinham em relação aos demais participantes.

7. Madonna não canta, dubla e vários outros artistas também

Não é papo de crítico. Quem acusa Madonna de enganar os fãs no palco é o rival Elton John. A última alfinetada foi em janeiro, antes da performance da Material Girl no Super Bowl americano. “Não deixe de sincronizar bem os lábios”, ironizou ele. No show que fez em Ramat Gan, Israel, no dia 31 de maio, Madonna foi flagrada várias vezes fazendo exatamente isso. Ela chegava a sair do palco para trocar de roupa enquanto as canções continuavam rolando. O playback é mais comum do que se imagina. Os britânicos do Bloc Party, por exemplo, deram vexame no MTV Vídeo Music Brasil de 2008. O vocalista escorregou no palco, mas a música seguiu rolando solta. A cantora Katy Perry já fingiu até que sabia tocar flauta. E foi vaiada quando tirou o instrumento da boca sem saber que o solo continuava. Rihanna e Britney Spears também abusam de truques assim. Afinal, se até Madonna pode…

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(Joey McCoy - Flickr/Creative Commons)

8. Um terço dos cientistas mente

Eles mesmos admitiram isso, numa pesquisa realizada em 2005 pela revista Nature. De 3 247 cientistas, 33% confessaram (anonimamente) que fizeram pelo menos uma coisa antiética ao elaborar seus estudos. Por exemplo: 1,5% cometeu plágio, 15,5% adulteraram o método ou os resultados do estudo, e 12,5% usaram dados que sabidamente não eram confiáveis. E na maioria dos casos, é de propósito mesmo. Em 2010, o biólogo americano Grant Steen analisou 788 retratações que tiveram de ser publicadas devido a erros ou fraudes em artigos científicos. “Cerca de 53% dos artigos fraudulentos foram escritos por fraudadores reincidentes”, afirma Steen. E os pesquisadores mentirosos costumam se associar uns aos outros. “Eles tendem a colaborar com cientistas que também se retrataram por outros trabalhos.”

9. O salmão que você come nem sempre é salmão

Pode ser outra coisa: truta salmonada. A truta e o salmão integram a família dos salmonídeos e têm gosto bem parecido – só que a truta é mais barata. Por isso, há produtores que dão às trutas uma ração aditivada com corante, para que elas fiquem rosadas, visualmente idênticas ao salmão. Se a truta for consumida na forma de sushi, cortada e misturada com shoyu, é muito difícil notar diferença no sabor. O próprio salmão também é alimentado com corantes – porque, como é criado em cativeiro, não tem acesso aos crustáceos dos quais se alimenta na natureza, e que dão a ele sua cor rosada natural. “Os criadores colocam na ração os pigmentos astaxantina e cantaxantina, que podem ser sintéticos ou extraídos de algas”, afirma o engenheiro de alimentos Cláudio Lima.

 

O mundo dos peixes, aliás, está cheio de pegadinhas. O linguado geralmente não é linguado, e sim merluzão, e o badejo na verdade é abadejo – mais barato e importado da Argentina. “Os restaurantes fazem de tudo, pois ninguém sabe o que come”, revela o chef de um restaurante de São Paulo, que prefere não se identificar. “Tem um peixe chamado abrótea que pode ser salgado para parecer bacalhau. O processo de preparo é o mesmo. Se você encontrar um prato a R$ 20 e outro a R$ 80, saiba que o mais barato não é bacalhau.” A abrótea vive no Atlântico Sul – bem longe da Noruega, lar do bacalhau.

10. A Rússia tem 42 cidades secretas

Juntas, elas têm 1,5 milhão de habitantes. Mas não apareciam no mapa até o final dos anos 1980. Hoje sua existência é conhecida – mas só se entra lá com autorização do Ministério da Defesa ou da Agência de Energia Atômica da Rússia. Conheça as principais:

1. Krasnoznamensk
Fica a apenas 40 km de Moscou. Tem 36 mil habitantes. Abriga um centro de controle de satélites, e trabalha ajudando a coordenar a Estação Espacial Internacional.

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2. Ozyorsk
Com 82 mil habitantes, teve o acesso restringido durante a Guerra Fria por ser próxima a Mayak – onde havia uma usina de plutônio. Hoje, recicla material radioativo do arsenal soviético.

3. Vilyuchinsk
Foi fundada em 1968 para construção de submarinos militares e vive disso até hoje. Ganhou duas igrejas nos anos 1990 e possui 23 mil habitantes (1 000 a menos que em 2002).

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(ArtMarie/iStock)

11. A carne de boi é feita com cocô

Os galpões de criação de aves são forrados com serragem, sabugo de milho triturado, feno e casca de arroz. Essa mistura, chamada de “cama de frango”, fica cheia de fezes, bactérias, penas e resíduos de medicamentos. E era usada para alimentar o gado no Brasil até 2004. “A prática foi proibida porque o gado poderia se infectar com os príons: proteínas ligadas à encefalopatia espongiforme bovina – a doença da vaca louca”, diz Gerson Scheuermann, da Embrapa. Nos EUA, contudo, a prática é permitida. E pior ainda. Lá, as aves comem olho, cérebro e intestino de boi – que acabam sendo ingeridos, junto com fezes, pelos próprios bois. “Isso completa o ciclo dos príons, e causa a doença”, diz o médico americano Michael Greger.

12. Impressora a laser polui o ar

O alerta é de Lidia Morawska, cientista da Universidade de Queensland, Austrália, e uma das maiores especialistas do mundo em qualidade do ar. Ela testou 62 modelos de impressoras a laser e constatou que 17, das marcas HP e Toshiba, emitiam alta quantidade de partículas ultrafinas – que podem ser inaladas e causar problemas respiratórios e cardíacos, além de tumores. Ainda não se conhece bem a composição dessas partículas. Uma hipótese é que sejam formadas pela evaporação de compostos do toner (tinta da máquina), que é submetido a altas temperaturas. A emissão varia conforme o modelo. A HP 4250n, por exemplo, emite muito, enquanto a 2200DN, da mesma marca, não emite quase nada. A HP diz que não há indicações de que as partículas tragam risco, e que mais estudos são necessários. “Testes vigorosos são parte integral das pesquisas da HP e de seus procedimentos de controle de qualidade.”

13. É seguro usar o celular no avião

Tanto que várias companhias já permitem o uso, e seus aviões não caem por isso. Uma possível explicação para o banimento está na rede de telefonia. O avião voa muito alto, a 12 mil metros, e muito rápido (900 km/h). Se você ligar um celular dentro dele, o sinal irá se espalhar por longas distâncias, o que é ruim. “O celular usado no avião pode se comunicar com várias torres de telefonia [ao mesmo tempo], congestionando a rede”, esclarece a fabricante de sistemas aeronáuticos Honeywell. Nos aviões onde o celular é permitido, há um equipamento que intercepta o sinal e o redireciona para um satélite, evitando interferências.

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(Pekic/iStock)

14. O iPhone tem data para pifar – e as lâmpadas também

Segundo a Apple, a bateria do iPhone aguenta aproximadamente 400 ciclos completos de carga e descarga. A partir daí, ela começa a perder desempenho até, eventualmente, pifar. Isso é uma consequência natural e inevitável, pois os materiais empregados na bateria (tanto a da Apple quanto as dos demais fabricantes) se desgastam com o uso. O problema é que, como a bateria do iPhone não é removível, o usuário é obrigado a enviar seu iPhone para a assistência técnica se quiser trocá-la. E aí vem a surpresa: nos EUA, essa substituição custa US$ 80 – quase o preço de um iPhone novo, que lá custa de US$ 99 a US$ 199 (com os subsídios fornecidos por operadoras). Acaba compensando mais comprar um aparelho novo, mais moderno, e simplesmente jogar fora o antigo. Ou seja: na prática, o iPhone já sai de fábrica com uma data de morte.

As lâmpadas incandescentes também. Elas duram em média 1 000 horas, mas poderiam durar muito mais. Isso só não acontece devido a um acordo celebrado entre os 7 maiores fabricantes de lâmpadas do mundo – que na década de 1920 decidiram limitar a durabilidade do produto para vender mais. Os fabricantes cujas lâmpadas fossem consideradas excessivamente duráveis, inclusive, tinham de pagar multas ao grupo. A manipulação foi comprovada por uma investigação feita pelo governo inglês nos anos 1950. Mas, até hoje, a vida útil das lâmpadas se mantém em torno de 1 000 horas.

15. O iPhone grava os lugares onde você esteve

Os dados ficam armazenados num arquivo e são transferidos para seu computador quando você o sincroniza com o iPhone. “Não há evidência de que a informação seja transmitida para a Apple. Mas qualquer pessoa que tenha acesso ao seu computador pode acompanhar os seus movimentos” e saber onde você estava, minuto a minuto, diz o especialista em segurança Pete Warden, que é ex-funcionário da Apple e revelou o segredo. A Apple diz que o iPhone não fica vigiando o usuário, e que o suposto rastreamento é apenas uma maneira de aumentar a precisão do GPS – que só opera com o consentimento da pessoa. “O iPhone mantém um banco de dados com a localização de hotspots Wi-Fi e torres de celular, para ajudar a calcular sua localização de forma rápida e precisa quando solicitado”, afirma a empresa.

16. Existe lixo radioativo em São Paulo

Cerca de 80 toneladas de areia com metais pesados estão num terreno da avenida Miguel Yunes, 115, em Interlagos, na zona sul da capital. E uma pequena parte contém materiais radioativos: urânio e tório. Esse material sobrou da Usina de Santo Amaro (Usam), que funcionava em São Paulo e foi fechada em 1992.

A história começa com a Nuclemon (Nuclebrás de Monazita e Associados), uma estatal criada nos anos 1970 e ligada ao programa nuclear brasileiro. Ela controlava a Usina de Santo Amaro, onde eram produzidas as chamadas “terras raras” – minerais usados para fabricação de produtos eletrônicos, computadores, ímãs e mísseis, por exemplo. A matéria-prima da usina era a chamada areia monazítica, que era extraída do litoral norte do Estado do Rio e levada até a Usam para processamento. Essa areia contém 4 minerais: ilmenita, zirconita, rutilo e monazita. Os três primeiros não são radioativos e têm aplicação na indústria de metalurgia e cerâmica. Já a monazita, além de possuir 60% de terras raras em sua composição, contém tório (5%) e urânio (0,2%).

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A usina processou centenas de toneladas de areia monazítica até fechar. O que fazer com os resíduos da Usam? O plano era enviá-los a um depósito em Caldas, Minas Gerais. Mas só parte do material chegou até lá. É que o então governador mineiro, Itamar Franco, proibiu o transporte do lixo radioativo para seu Estado. Assim, a outra parte das areias foi jogada no terreno de Interlagos, onde funcionava a Usin (Usina de Interlagos). E lá permanece até hoje.

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(Peter Horrox/iStock)

Atualmente, o solo está sendo descontaminado pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB), uma empresa ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia. Os rejeitos radioativos estão sendo colocados em bombonas (tambores de plástico resistentes e herméticos) dentro de um galpão de 2 250 m2 que foi construído no próprio terreno. Segundo a INB, eles somam até agora menos de 10 toneladas. E de lá irão para um depósito final, cuja localização ainda será determinada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Já a terra contendo minerais pesados está sendo estocada em pilhas na superfície do terreno para futura transferência à unidade de beneficiamento de minerais pesados em Buena, localizada na região de Campos, no Rio de Janeiro.

A INB afirma que sua intenção é transportar tudo para Caldas, mas isso requer um processo de licenciamento complexo. O material vai ter de passar por muitos municípios, e alguns deles não liberam o acesso. Por isso, as negociações são longas. Segundo Valter Mortagua, coordenador da unidade de São Paulo da INB, o trabalho de descontaminação do terreno também é meticuloso e demorado – o que torna difícil prever uma data para o fim das tarefas. “Os materiais estocados na Usin não colocam em risco a saúde da população”, diz Mortagua.

17. Os EUA possuem vírus que podem devastar o mundo

A varíola matou 300 milhões de pessoas no século 20 até ser erradicada com campanhas de vacinação. O último caso foi registrado em 1977, na Somália. Mas o micro-organismo por trás da doença, do gênero Orthopoxvirus, continua muito bem, obrigado. “A varíola ainda é uma ameaça para o mundo inteiro. Os EUA e a Rússia guardam estoques do vírus congelado desde a Guerra Fria”, diz Steven Block, biofísico da Universidade de Stanford e um dos maiores especialistas mundiais em bioterrorismo. O arsenal americano é mantido no Centro para Controle e Prevenção de Doenças, em Atlanta. Uma eventual liberação do vírus, por acidente, terrorismo ou guerra, poderia ter consequências terríveis – porque a vacinação em massa contra varíola foi interrompida há mais de 30 anos (e também porque, para manter a eficácia, ela teria de ser reaplicada a cada 10 anos).

Os EUA também cultivam organismos ainda mais perigosos, como o vírus ebola e a bactéria Bacillus anthracis (antraz), ambos altamente letais.

O propósito oficial é desenvolver vacinas contra eles. Mas algo sempre pode dar errado. Em setembro de 2001, um terrorista obteve esporos de antraz – um pó branco, que ele enviou pelo correio para alguns políticos e jornalistas americanos, gerando pânico no país. Segundo uma investigação do FBI, o antraz usado nos ataques teria sido roubado de um laboratório do governo americano por Bruce Ivins, cientista que tinha acesso a esse material. Ivins acabou se suicidando em 2008.

18. Vitamina aumenta risco de câncer em fumantes

Você fuma, se alimenta mal, e aí decide consumir um suplemento vitamínico para tentar compensar esses maus hábitos? Cuidado. A maioria dos comprimidos multivitamínicos contém betacaroteno, um pigmento laranja que é convertido em vitamina A pelo organismo. E ele pode ser perigoso para quem fuma. Cientistas da Universidade do Sul da Flórida analisaram os hábitos de 109 mil americanos que ingeriram de 20 a 30 mg de betacaroteno por dia e constataram que, entre os fumantes, o suplemento estava associado com aumento no risco de câncer de pulmão. Em suma: se você fuma, não tome multivitamínicos com betacaroteno. Ou, melhor ainda, pare de fumar.

19. Adoçante artificial engorda mais que açúcar

A evolução condicionou nosso corpo a esperar uma dose de energia sempre que ingerimos algo doce. Quando tomamos um suco de laranja, por exemplo, nosso organismo sabe que está ingerindo algo bastante calórico (140 kcal por copo). Mas quando tentamos enganá-lo com adoçante, geramos um curto-circuito: o organismo não obtém as calorias que esperava – e dispara uma vontade de comer mais. Ou seja: mesmo sendo menos calóricos, os adoçantes têm um efeito colateral que faz o indivíduo engordar. Foi assim com ratos testados por psicólogos da Universidade Purdue, nos EUA. “Os animais alimentados com iogurte adoçado com sacarina ganharam mais peso que os do grupo que comeu iogurte com açúcar”, diz Susan Swithers, autora do estudo.

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(blowbackphoto/iStock)

20. Soja pode causar infertilidade

A soja é um alimento saudável, que traz vários benefícios. Mas também pode trazer um malefício: reduzir a concentração do esperma. É o que indica um estudo feito pela Universidade Harvard, nos EUA. Os 99 participantes informaram a quantidade de produtos de soja, como tofu, hambúrguer e leite, que haviam consumido nos 3 meses anteriores. “Os homens que ingeriram ao menos meia porção desses alimentos por dia tiveram as mais baixas quantidades de espermatozoides”, diz Jorge Chavarro, líder do estudo. Motivo: a soja é rica em isoflavona, uma substância que imita a ação do hormônio feminino estrogênio – e que, nos homens, tem sido associada a transtornos reprodutivos. “Nas mulheres, as isoflavonas poderiam ampliar o ciclo menstrual, mas as implicações sobre a fertilidade ainda não são claras”, diz Chavarro.

Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Soja, os benefícios ou malefícios do consumo dos produtos feitos com soja dependem de diversos fatores, como a idade e o peso da pessoa. A entidade também ressalta as vantagens econômicas da produção desse alimento, que é acessível para a maioria da população. “A soja é a proteína mais barata”, diz Glauber Silveira, presidente da associação. O assunto está longe de ser um consenso entre os cientistas. “Não há relação entre o consumo de soja e infertilidade em homens”, diz José Marcos Gontijo Mandarino, pesquisador da Embrapa Soja. Segundo ele, os estudos atuais não fornecem evidências definitivas de que o consumo diário de isoflavonas da soja tenha impacto sobre o sistema reprodutivo.

21. Os médicos não lavam as mãos

Higiene é fundamental, ainda mais em um hospital. Mas os profissionais de saúde não levam a prática muito a sério. “Nós estimamos que, para cada 100 vezes que o médico deveria higienizar as mãos, ele só faz isso 36 a 40 vezes”, diz Marcos Antonio Cyrillo, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). E não é só no Brasil. Um estudo do médico Didier Pittet, da Universidade de Genebra, afirma que os médicos lavam as mãos apenas na metade das vezes que deveriam. E isso ameaça a saúde dos pacientes. “Se fossem seguidas todas as medidas adequadas, como lavar as mãos, isolar o doente e usar equipamentos de proteção, conseguiríamos reduzir de 30% a 40% a taxa de infecção hospitalar”, afirma Cyrillo.

22. Há remédios na água que você bebe

Quando você ingere um medicamento, até 70% da dose é desperdiçada: simplesmente não é aproveitada pelo organismo, e sai na urina e nas fezes. Junto com elas, o medicamento vai embora pela privada. O problema é que os sistemas de tratamento de água não estão equipados para retirar as moléculas dos remédios – que acabam contaminando rios, lagos e reservatórios, até retornar à sua torneira. Ou seja: junto com a água, você bebe medicamentos que foram excretados por outras pessoas. São os chamados poluentes emergentes. “A concentração dessas substâncias na água é muito pequena: algo como 1 em 1 trilhão, menos que 1 gota numa piscina olímpica”, diz José Carlos Mierzwa, professor de engenharia ambiental da USP. “No entanto, estudos feitos na Europa e nos EUA indicaram que espécies de peixes e répteis já tiveram alterações em seu sistema endócrino.” No Reino Unido, peixes machos expostos a hormônios presentes em anticoncepcionais passaram a ter características femininas. Ou seja: há uma ligação entre a presença de resíduos de medicamentos na água e problemas de saúde em animais. “Existe um risco potencial para os humanos, e por isso precisamos de mais estudos”, afirma Mierzwa.

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(pinkomelet/iStock)

A Sabesp diz que a água fornecida por ela atende à legislação e aos padrões do Ministério da Saúde, e que ainda não há provas científicas suficientes sobre a relevância dos poluentes emergentes. “Além de acompanhar a evolução dos estudos, a Sabesp financia pesquisas na área. Se riscos à saúde humana forem comprovados, certamente outros regulamentos serão expedidos pelo Ministério da Saúde e atendidos pela Sabesp.”

1. Torneira: Você bebe água.
2. Remédio: Você toma um comprimido de medicamento.
3. Banheiro: Você urina – e excreta resíduos do remédio.
4. Represa: Junto com a urina, o medicamento vai parar em represas e estações de tratamento de água – que não conseguem eliminá-lo.
5. Retorno: Resíduos do medicamento voltam a você, pela torneira.

23. Existe uma máquina que controla a atmosfera

É o HAARP (Programa de Investigação de Alta Frequência da Aurora), uma instalação no Alasca com 180 antenas e 360 transmissores de rádio. Essa máquina emite ondas eletromagnéticas que são absorvidas a 150 km de altitude, alterando o comportamento dos elétrons dessa camada da atmosfera. O Pentágono, que é dono do aparelho, afirma que o objetivo é estudar as propriedades da ionosfera “para melhorar os sistemas de comunicação e vigilância (de uso civil e militar)”. Mas o programa tem inspirado teorias da conspiração de todo tipo – inclusive que estivesse relacionado ao tsunami no Japão, em 2011. Bobagem. O mais provável é que o verdadeiro objetivo dos EUA seja se proteger de um eventual ataque nuclear da Coreia do Norte. Se os norte-coreanos detonarem uma bomba atômica na ionosfera, os elétrons que viajam livres nessa zona poderiam queimar a rede de satélites dos EUA. Nesse caso, o HAARP poderia servir como uma espécie de escudo, barrando os elétrons. Mas isso é apenas especulação.

24. O Facebook deixa você menos feliz

Após ver as fotos e as conquistas dos outros, você se sente mal, como se a vida deles fosse muito melhor que a sua. Isso gera uma percepção distorcida – e faz com que os usuários muito assíduos do Facebook sejam, na média, menos felizes. “As pessoas apresentam uma imagem editada e perfeita de si mesmas nas redes sociais. Parece que nunca têm um dia ruim”, diz Sherry Turckle, professora de estudos sociais no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). E a percepção distorcida continua mesmo quando você não está usando o Facebook. Psicólogos da Universidade Stanford, nos EUA, pediram que 80 estudantes avaliassem as emoções de seus colegas durante duas semanas. Na média, os voluntários subestimaram a tristeza e superestimaram a alegria de seus amigos. “É razoável supor que postar no Facebook, onde as pessoas têm completo controle sobre a imagem que projetam, possa contribuir para esses erros de percepção emocional”, diz o psicólogo Alexander Jordan, um dos autores da pesquisa. Mas as redes sociais também podem provocar o efeito contrário – e melhorar a vida de quem as usa. Existem estudos comprovando que Facebook, Twitter e similares aproximam as pessoas e ampliam seu círculo de relacionamentos. Uma pesquisa da Universidade de Toronto constatou que hoje as pessoas têm mais amigos (reais) do que há 10 anos. E quem mais se beneficia desse fenômeno é justamente quem fica bastante tempo no Facebook e nas outras redes – e, por conta disso, tem 38% mais amigos do que uma década atrás.

25. Fazer exercício não é a maneira mais eficaz de emagrecer

Exercício é fundamental para a saúde. Mas, se o único objetivo é perder peso, malhar não é necessariamente a melhor resposta. É uma questão de matemática. Os alimentos modernos são muito calóricos, e por isso precisamos nos exercitar muito para queimar a energia que adquirimos comendo. Você tem de correr 1,5 km para queimar as calorias presentes em um reles brigadeiro. E precisa suar quase uma hora na bicicleta para compensar um pedaço de empadão de frango (cerca de 300 calorias). Controlar a própria alimentação é mais fácil, e mais rápido, do que enfiar o pé na jaca e tentar compensar tudo na academia. Mesmo porque quem se exercita tende a acabar comendo mais. Cientistas da Universidade de Ottawa, no Canadá, monitoraram 13 mulheres jovens após sessões de academia. Em média, elas ingeriram 878 calorias – o equivalente a um Big Mac com fritas médias – na hora seguinte a um exercício intenso (correr na esteira), o que anulou a quantidade de calorias que elas haviam queimado durante o exercício.

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(Cecilie_Arcurs/iStock)
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