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A cidade em que todos os 6 mil moradores moram na mesma rua

Na charmosa Suloszowa, na Polônia, todo mundo tem o mesmo CEP. Saiba como é a vida por lá.

Por Manuela Mourão
Atualizado em 7 out 2024, 16h53 - Publicado em 5 out 2024, 16h00

Pitoresca, caricata, única e … reta? Essas são algumas palavras que descrevem Suloszowa, uma pequena cidade do sul da Polônia. Nela, os seis mil habitantes têm uma característica em comum: todos moram na mesma rua.

Pois é: todas as construções de Suloszowa se estendem ao longo de uma via de 9km, a Olkuska-Krakowska, uma das ruas mais longas da Polônia. 

Localizada no Parque Nacional Ojcowski, conhecido por suas formações geológicas calcárias, a cidade fica a 36km de Cracóvia e encanta o mundo com sua ideia impossível de criar esquinas. Aproximadamente 1.600 edifícios fazem parte da principal (e, bem, única) avenida de Suloszowa. As casas são rodeadas por campos de cultivos, que criam um cenário digno de uma pintura impressionista. 

Mas o charme não se resume ao urbanismo singular. A vila se destaca na preservação de um estilo de vida tradicional, com uma economia focada na agricultura familiar.

As terras vêm sendo cultivadas pelas mesmas famílias há gerações. Ao saírem pela porta dos fundos, elas já têm acesso às suas plantações. As imagens de satélite do Google Earth mostram como, por quilômetros e quilômetros, só é possível ver a rua perturbando o cenário de plantio. 

Fotografia aérea da cidade de Sułoszowa, na Polônia.
(Anadolu/Getty Images)
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Todos nascem, crescem, trabalham e vivem a vida inteira na mesma rua. Ao jornal Daily Mail, quando questionada como é viver em Suloszowa, a moradora Edyta, dona de uma loja local disse: “Há um bom senso de comunidade aqui.”

Contando sobre a união da cidade, ela explica: “temos o Dia do Morango, quando todos nos reunimos e provamos as novas colheitas e tocamos música. E também temos o Dia da Batata, em que fazemos basicamente a mesma coisa.” 

Mas, como toda cidade pequena, a moradora confirma que todos se conhecem – e é impossível não fofocar sobre a vida alheia dos parceiros de CEP.

Para além da rua

As atrações turísticas da região incluem também o Castelo Pieskowa Skala, construído pelo rei Casimiro III, no século 14. Além disso, o Parque Nacional por si só atrai novos turistas por si. Os visitantes se encantam com as mais de 5.500 espécies de plantas e animais, dois museus e o Clube de Hércules, uma formação rochosa calcária que se ergue a 30 metros de altura e que é uma das mais conhecidas da Polônia.

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Suloszowa integra a Via Regia, uma das rotas que faz parte da caminhada peregrina do Caminho de Santiago. A Via une São Petersburgo, na Rússia, até Santiago de Compostela, na Espanha. Um trajeto que passa por dez países e tem 4,5 mil quilômetros de extensão. Haja sola no tênis.

Não é a única

Por mais que seja raro, o modelo de desenvolvimento linear não é inédito – outros vilarejos poloneses compartilham características parecidas. O mais provável foi que os moradores e planejadores originais imaginaram que seria melhor desenvolver as cidades ao longo de uma única rua, em vez de expandir em várias direções e atrapalhar as plantações e o meio ambiente. 

Lukasz, outro morador da cidade, disse que a única parte ruim é que todos os moradores sofrem pela “síndrome do logo ali”. “Supostamente, estamos perto de todo mundo, mas na verdade estamos bem longe”, disse.  

A vila não conta com serviços de táxi. E é comum ver pessoas andando 5 km apenas para ir ao banco ou à padaria.

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O turismo em Suloszowa já era popular, pelas trilhas e paisagens do parque, mas, com as fotos peculiares nas redes sociais, muita gente passou a querer conhecer a cidade de uma rua só. 

Bartek e Karolina, donos de alguns lugares de acampamento, comentam ao Daily Mail que, por causa das fotos, todos os seus 71 lotes ficam ocupados durante a alta temporada. 

“Muitos ingleses vêm nos visitar. Embora a guerra na Ucrânia tenha colocado um impedimento sobre a indústria do turismo. Mas, em maio, haverá um tradicional rally europeu em Cracóvia, e os turistas virão primeiro até nós”, o casal conta.

Porém, apesar dos turistas parecerem animados pela possibilidade de passar um tempo no vilarejo, cada vez mais residentes estão se mudando.  Os mais novos vão para cidades grandes (ou para o exterior) em busca novas oportunidades de trabalho. 

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Aos 74 anos, Stainislaw, um dos moradores mais velhos da comunidade, diz que não considera a vila um sonho, pois os jovens que continuam na cidade apostam corridas de moto e carros na rua de sua casa (que, bem, é a rua de todas as outras casas).

“É insuportável”, disse ao Daily Mail, “e os domingos são piores ainda, porque todos os turistas ficam olhando pela minha janela”.

Contudo, ainda tem quem adore o charme da cidade. Jolanta, uma freira local, acredita que a fama do lugar vem das plantações bem cuidadas, que fazem o povoado ficar tão encantador. 

“É maravilhoso passear entre eles, desfrutando do campo e do silêncio, é quase certo que você verá alguns animais selvagens.”

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