A TV mais chata que existe
A programação é paradona: concurso de tricô, cenas de peixes nadando e lenha queimando. E a audiência bate todos os recordes
Sara Magalona
Você chega em casa exausto, se joga no sofá e liga a TV. O que vê? Futebol, novela, reality shows? Filme? Que tal algo diferente? Um emocionante campeonato de tricô, uma viagem de trem de sete horas (sem cortes), salmões nadando ao vivo por 18 horas, 12 horas de lenha sendo cortada e queimada, ou um navio balançando no mar por cinco dias inteirinhos? Parece chatérrimo? Para os noruegueses, não é. Criada pela emissora NRK, essa programação paradona, que eles chamam de Sakte-tv (“TV lenta”, em norueguês), virou mania no país, batendo recordes de audiência. Metade da população norueguesa assiste aos programas lentos, cujo conceito surgiu em 2009, numa brincadeira entre funcionários da NRK. “Não tínhamos nada a perder”, explicou o diretor da emissora, Fredrik Faerden.
A TV lenta tem dois tipos de programa. Um mostra viagens pelo país, sempre sem cortes. O outro é baseado em programas temáticos, como horas de lenha queimando e o concurso de tricotagem. Também há programas para crianças, que transmitem imagens de cachorrinhos. “Acho que nós atendemos à necessidade de tranquilidade, paz, beleza. Não somos uma TV insistente. Somos como um quadro na sala de estar das pessoas”, diz Thomas Hellum, produtor e gerente da NRK. O grande projeto da emissora para este ano é um programa comemorativo sobre a Constituição da Noruega – com 24 horas consecutivas de discursos.