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Gatos de “cara achatada” têm mais dificuldade em expressar emoções

A seleção artificial fez com que algumas raças não consigam comunicar tão bem quando estão com dor, medo e ansiedade.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 23 jan 2021, 10h18 - Publicado em 23 jan 2021, 10h17

Não é surpresa que os animais de estimação conseguem se comunicar conosco. Afinal de contas, eles sobreviveram graças à habilidade de cativar os humanos. No entanto, alguns deles não conseguem expressar as emoções tão bem, fazendo com que os donos possam ter mais dificuldade para interpretar o que sentem.

É o caso dos braquicefálicos, mais conhecidos como os bichinhos “de cara achatada” – como os gatos das raças Persa e Himalaio. Uma pesquisa publicada na Frontiers in Veterinary Science usou um algoritmo para analisar o rosto de 2 mil gatos e os classificá-los de acordo com o nível de expressividade. 

Alguns dos gatos tinham acabado de passar por cirurgias de rotina, e por isso faziam caretas que indicam o desconforto pós-operatório. Eles foram comparados com gatos que estavam relaxados, com expressões neutras.

De maneira geral, o algoritmo identificou quais gatos estavam sentindo desconforto e quais estavam relaxados por meio das expressões faciais. No entanto, o computador classificou os gatos de raças braquicefálicas como se estivessem com dor, mesmo quando eles estavam totalmente relaxados. Em um dos casos, o algoritmo atribuiu mais dor a um gato da raça Scottish Fold que estava relaxado do que para outras raças que de fato estavam com dor.

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Já se sabe que cães e gatos braquicefálicos sofrem mais de problemas respiratórios. Agora, o estudo mostra que o formato do rosto também pode afetar negativamente a comunicação com humanos. Segundo Lauren Finka, uma das autoras do estudo, os traços faciais exagerados dessas raças dificultam a expressão de emoções como ansiedade, medo e dor. O dono pode ter dificuldade em diferenciar o rosto de desconforto da expressão normal do gato.

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Esses gatos não são assim por acaso. As raças são selecionadas artificialmente para atender a demanda das pessoas que desejam um animal com determinadas características. As autoras do estudo teorizam que a preferência por raças de cara achatada tenha a ver justamente com a impressão de que elas possuem um rosto infantil ou “de bebê”, parecendo assim mais vulneráveis. 

Animais domésticos possuem músculos faciais e habilidades comunicativas inexistentes em espécies selvagens. Essas características evoluíram por milhares de anos e garantiram que eles estabelecessem laços com humanos em troca de alimento e proteção.

Por isso, a capacidade de se comunicar também deve ser levada em consideração na hora de escolher um animal. Para quem já tem um gato de cara achatada, vale redobrar a atenção ao interpretar os sentimentos do animal.

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