Parece estranho, mas o maior culpado pela seca do Nordeste – a pior dos últimos quinze anos – pode não ser o El Niño no Oceano Pacífico. O problema talvez esteja no Oceano Atlântico. Em geral, são as aragens atlânticas que trazem chuva ao Nordeste. Elas caem entre fevereiro e maio, trazidas pelos ventos úmidos do Atlântico. Só que, este ano, alguma coisa deu errado: por algum motivo, o ar parou de soprar no início de abril e adeus, chuvas. Em 1998 não chove mais no Nordeste. “Com os açudes secando, a situação ainda pode piorar”, prevê Carlos Nobre, chefe do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, em Cachoeira Paulista, São Paulo. Veja ao lado como os ventos ressecaram o sertão.
Bons ares que trazem chuva
As nuvens levam chuva às regiões ao redor.
Para formar as nuvens, as correntes se chocam e, aquecidas pela água do oceano, sobem, carregando a umidade.
• ventos do norte
• água aquecida
• ventos do sul
O que provoca a seca
As brisas úmidas passam só uma vez por ano pelo Nordeste.
1. Entre junho e janeiro
O mar no hemisfério norte está quente e os ventos se encontram no Caribe. Lá chove, mas no Nordeste é tempo de estiagem.
2. De fevereiro a março
O verão no hemisfério sul aquece o mar. Os ventos passam a se encontrar perto do Brasil. Começa a chover no Nordeste.
3. Na maioria dos anos
Em abril, os ventos chegam ao Maranhão. Em maio começam a voltar para o norte. São os últimos meses de chuva no Nordeste.
4. Em 1998, a seca precoce
O ponto de encontro dos ventos volta para o norte mais cedo, em abril, encurtando o período de chuvas no Nordeste. É a estiagem.