Primavera brasileira
Quando dezenas de brasileiros subiram na cobertura do Congresso Nacional, no dia 17 de junho, um grupo de senadores se aproximou para tentar dialogar. Um deles disse à imprensa que ele e os colegas estavam esperando pelos líderes do movimento. Enquanto aguardavam, descobriram algo inusitado para um político: não havia líderes ali. Essa foi só uma das tantas particularidades das manifestações.
Ricardo Davino
A onda de protestos começou com o anúncio do reajuste em 20 centavos das tarifas do transporte público em São Paulo. Milhares de paulistanos ocuparam as ruas da cidade para se manifestar contra o aumento e as condições do transporte coletivo. Mas foi a repressão inicial por parte da polícia que deu aos jovens do País inteiro a motivação necessária para mostrar que eram infundadas as insinuações de que essa é uma geração acomodada.
Os milhares de brasileiros que tomaram as ruas em junho foram acusados de não saber exatamente pelo que protestavam. Mas um grito repetido em todos os lugares parece dar uma pista: “Nenhum partido político nos representa”. As manifestações mostraram que estamos diante de uma geração que reconhece a luta da geração anterior pelas eleições diretas, mas que já não acha suficiente ter direito ao voto, quando os candidatos são cada vez mais parecidos.
O que esses manifestantes parecem ter em comum é o desejo por um Estado mais democrático, em que o diálogo com os representantes seja possível. E o certo é que eles deram um grande passo nessa direção. As imagens destas páginas, todas das noites de 17 e 18 de junho de 2013, estão de prova. E já podem ser consideradas como mais do que simples fotos: são documentos históricos.
Para saber mais
Ninguém sabia exatamente o que estava acontecendo. Mas estava acontecendo.
post de Alexandre Versignassi no blog Crash: abr.io/estava-acontecendo