PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana

Ronco é a terceira maior causa de divórcios

É um trator? É um avião? Dormir com um roncador pode ser um fator de risco para o divórcio que só fica atrás de infidelidade e falta de grana

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 18 set 2017, 11h37 - Publicado em 15 set 2017, 21h02

Já escrevemos antes aqui na SUPER sobre o instinto assassino. Todo ser humano tem, e ele aparece mesmo naqueles momentos banais em que pensamos “Aaai, que vontade de matar!”. E mal dá para imaginar o quão frequente esse instinto deve ser nas madrugadas de quem dorme ao lado de um roncador.

Parece exagero? Saca só esses fatos sobre roncos. O recorde mundial de ronco mais alto já gravado é de 92 decibéis. Uma conversa, em geral, chega a 60 dbs. Um aspirador de pó, 70 dbs. O ronco está mais próximo de um trator (98 dbs) ou de uma serra elétrica (100 dbs).

Na Inglaterra, o jornal Daily Mail fez sua própria medição e encontrou uma vovó que ronca a 111 dbs. É mais do que um jato voando baixo (103 dbs). Obviamente, o respectivo vovô dormia sempre em outro quarto.

Essas estatísticas são engraçadinhas e é assim que a gente lida com ronco: fazendo piada. É uma abordagem quase universal na sociedade ocidental – até porque roncar é comum demais. Quase metade dos homens de meia idade roncam, e até um quarto das mulheres também.

Levar roncos muito a sério seria dar murro em ponta de faca… Se não fosse por dois motivos. O primeiro é de saúde. O ronco aparece quando, durante o sono, suas vias aéreas ficam semiobstruídas, a língua “desce” em direção à garganta, a boca abre e gera as vibrações – que incomodam todo mundo, menos o próprio roncador.

Continua após a publicidade

Muitas vezes, tudo isso é “benigno”, sem relação a nenhum problema de saúde. Mas, em alguns casos, pode ser causado por apneia do sono – quando a obstrução leva a pessoa a parar de respirar várias vezes. E isso precisa ser investigado.

Já o segundo motivo é emocional: roncar é um fator de risco, bem mais alto do que você imagina, para o divórcio. Segundo especialistas, ele fica em terceiro lugar, depois de infidelidade e das finanças. Achou estranho? A gente explica.

Uma pessoa com apneia do sono “acorda” toda vez que perde o ar, mas não percebe. Isso pode acontecer mais de 300 vezes em uma noite, o que significa que ela não consegue descansar. Mas pelo menos é um sofrimento que ela não percebe. Já quem dorme com ela…

Continua após a publicidade

A pesquisadora Rosalind Cartwright, do Centro Médico Rush, em Chicago, é uma das poucas cientistas do mundo a estudar a relação entre casamento e apneia do sono. Seu centro de pesquisa até criou um quarto de casal, em que é possível fazer um estudo polissonográfico dos dois membros do casal, simulando exatamente a situação que eles vivem no dia a dia.

Em um dos casais estudados, o exame revelou que a “eficiência do sono” da esposa que dormia com o marido roncador, era de apenas 73% (o normal é de 85% para cima). Isso quer dizer que, de 8 horas que ela passava na cama, dormia de fato menos de 6 horas. Seu sono era interrompido mais de trinta vezes pelos roncos. Cada roncão mais alto capaz de acordar significava 4 minutos de sono interrompido… Somando 2 horas insones por noite.

O lado bom é que o estudo envolveu um tratamento com uma máquina de Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (CPAP na sigla em inglês). A máquina em si (que é como uma máscara) pode ser bem barulhenta. Mas nesse casal deu certo. A esposa começou a dormir 82% da noite. Ela também completou um quiz sobre satisfação no casamento. Antes do tratamento? Sua pontuação era 1,6. Duas semanas depois com o uso do CPAP, subiu para 7.

Continua após a publicidade

Como é que se explica um efeito tão grande? Não é uma questão de ronco em si – e sim no impacto que o sono tem em qualquer relacionamento.

Antes de tudo, o ronco tende a trazer um problema de comunicação. A vítima do roncador jamais consegue explicar o impacto completo do problema, porque a experiência de quem ronca é muito mais branda. E isso pode ser extremamente frustrante.

Mas o principal é que a ciência está recheada das pesquisas mais malucas sobre falta de sono e romance. Um dos exemplos recentes mais legais é um estudo que fala sobre trabalho em equipe e gratidão.

Continua após a publicidade

Usando diários de sono e jogos em que os casais precisavam resolver problemas juntos, o estudo notou que, quando uma pessoa dormia mal no dia anterior, se sentia menos grata pelo que o parceiro fazia. Ele, por sua vez, se tornava mais egoísta, colocando suas prioridades à frente das do casal. Isso trazia um efeito bola de neve: o trabalho em equipe piorava, a outra pessoa se sentia pouco priorizada e também ficava mais egoísta. Para isso, bastava que um deles dormisse mal – imagine os dois, como acontece com frequência entre roncadores e seus pares.

Como tratamentos definitivos para ronco (principalmente não-apneico) ainda não existem, muitos casais escolhem dormir em quartos separados. Psicólogos chamam isso de “divórcio do sono” – e ele é um golpe pesado na intimidade do casal. Não só sexual, aliás: o momento antes de dormir é geralmente usado para fazer planos, tomar decisões e resolver problemas.

Com um impacto tão grande na vida pessoal, é curioso pensar que só 10% das pessoas com apneia do sono são diagnosticadas e tratadas. E é nessa parte que o parceiro não-roncador (por mais irritado e cheio de sono que esteja) pode agir: segundo outra pesquisa de Rosalind Cartwright, o apoio dele é determinante para que o roncador procure ajuda e busque tratamento.

Se tudo falhar, tem sempre novas startups testando novos travesseiros, aplicativos e gadgets para, pelo menos, terceirizar a tarefa de acordar o roncador quando a coisa fica feia, ou cancelar o barulho com frequência sonora. Só não deixe o problema virar só piadinha: ter que ouvir mais de 40 dbs à noite já é considerado poluição sonora pela OMS.

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.