As 9 melhores séries de 2015
Vivemos a melhor época da televisão - e anda difícil acompanhar tudo que é bom. Entre renovações, cancelamentos, maratonas e spoilers, aqui estão os nossos escolhidos como destaques de 2015
9. Unbreakable Kimmy Schmidt
IT’S A MIRACLE! É revelador que uma série tão boazinha e inofensiva seja tão viciante. Depois de passar 15 anos em um bunker subterrâneo, enganada por um reverendo malicioso (interpretado por ninguém menos do que Don Draper, digo, Jon Hamm), Kimmy tenta recuperar os anos perdidos e reeguer sua vida em Nova York. A protagonista de Ellie Kemper é doce, delicada, inocente e sempre otimista – uma versão escrachada de uma mocinha de novela. O elenco de apoio também é fenomenal, com destaque para o ator azarado Titus Andromedon (Tituss Burgess). O tom peculiarmente extravagante cutuca a cultura de celebridades e resulta em uma série cheia de glitter e energia positiva – como Kimmy.
8. The Americans
A série retornou ainda mais desafiadora em seu terceiro ano. Philip e Elizabeth Jennings, dois agentes soviéticos infiltrados nos Estados Unidos em plena Guerra Fria, têm sua lealdade posta a prova a todo momento, tanto quanto seus valores morais – que acabam envolvendo a filha adolescente do casal. The Americans é uma série sobre intimidade, e essa temporada mergulha ainda mais fundo na complicada rede familiar dos protagonistas.
7. Fargo
A segunda temporada da série antológica (em que cada ano conta uma história com início, meio e fim) joga pra escanteio a maldição de True Detective (que não foi lá aquelas coisas no segundo ano): é poderosa, equilibrada e ainda mais segura de si, características que se refletem em todos os ângulos da produção. Em meio a todo o horror e brutalidade previsíveis em uma série sobre assassinatos, Fargo tem um humor negro muito eficiente – e também brutal.
6. Mr. Robot
Um thriller que funciona como um estudo sobre tecnologia, ética e o que há de errado com a sociedade e o sistema em que vivemos. Seguimos Elliot Anderson, que trabalha como programador em uma empresa de segurança cibernética de Nova York e usa suas habilidades para contornar a fobia social (o desconforto em interagir com outras pessoas), agindo como uma espécie de justiceiro online. Cada cena é visualmente ousada – mérito da direção, que manipula o ponto de vista de cada personagem enquadrado. As performances são perturbadoras, principalmente do protagonista Rami Malek, que entrega um Elliot deslocado, paranoico e certeiro.
5. The Affair
Caso você não acompanhe The Affair (tsc tsc…), vamos à premissa: um caso extra-conjugal entre um homem e uma mulher, que também envolve um assassinato, é contado em formato de flashbacks. Até aí, nada demais. O interessante é que cada episódio é dividido em partes – na primeira temporada, metade de um capítulo era destinado às memórias do homem e a outra metade, às da mulher. Neste segundo ano, os produtores acrescentaram ao mix os pontos de vista dos cônjuges traídos – e Maura Tierney (ER) e Joshua Jackson (Dawson’s Creek) dão um show. Em 2015, The Affair nos mostrou que cada pessoa enxerga a realidade como quiser – e não há verdade absoluta quando se trata de memórias.
4. Transparent
O ano de estreia mostrou a transição de homem para mulher de Maura, e os questionamentos de seus filhos sobre suas próprias identidades e sexualidades. A segunda temporada mergulha de vez nisso – mas, dez episódios depois, a maturidade narrativa é evidente. Se a protagonista está mais segura de si e explorando novos aspectos de sua nova realidade, o foco da história se volta para os filhos. A criadora, Jill Soloway, resgata o melhor dos dramas familiares de Six Feet Under e coloca os três filhos de Maura na linha de frente – e é incrível assistir a três adultos se debatendo para finalmente entender quem são. Os flashbacks a Berlim, porém, têm um tom mais didático do que narrativo, ainda que visualmente deliciosos.
3. Master of None
Finalmente uma série feita de Millennials para Millennials. Estão ali todas as inseguranças, certezas, indagações e frustrações de quem tem seus vinte e poucos (ou trinta e poucos, vá lá). É delicioso acompanhar a jornada de Dev (Aziz Ansari, carismático ao extremo) ao descobrir como lidar com seus pais, seus amores e si mesmo. Pontos extras por conseguir incluir na narrativa discussões sobre racismo e feminismo de maneira fluida – e nada didática.
2. Jessica Jones
Superpoderes à parte, é a heroína mais real da Marvel até agora. Se retirarmos os elementos sobrenaturais, temos em Jessica Jones uma série sobre traumas, abuso e, acima de tudo, superação. A avalanche de personagens femininas bem construídas não deixa dúvidas de que a Marvel finalmente entendeu como balancear um universo machista. Não bastassem as mulheres, Jessica Jones apresenta um antagonista aterrorizante, psicologicamente rico e perturbador, um plot inteligente e um visual que esbarra no noir. Não acaba, não, Jessica.
1. The Leftovers
Como a humanidade reagiria se 2% da população global simplesmente desaparecessem, de uma hora para outra? O segundo ano da produção da HBO segue intensa em mistérios e dramas pessoais, mas faz uma espécie de reboot na trama. Se a primeira temporada apresentou a família Garvey como microcosmo para estudar causas e consequências da depressão, agora a série abraça de vez o misticismo à la Lost – inspiração clara, tanto pela assinatura do cocriador Damon Lindelof como pelo embate ciência X fé. Nesta disputa, nenhum lado está mais certo – ou menos perdido – que o outro. Direção precisa, narrativa coerente e atuações ousadas dão o tom: The Leftovers é um ensaio sobre perdas, feito para provocar.