As palavras mais bonitas do português, segundo o criador do dicionário Aurélio
Em uma antiga entrevista, Aurélio Buarque de Holanda selecionou suas três favoritas dentre milhares de verbetes. Confira.

“É um voo, uma coisa alada, de uma poesia imensa”. É assim que o lexicógrafo Aurélio Buarque de Holanda (1910-1989) descreveu a palavra “libélula”. Para o criador do dicionário que leva o seu nome, essa é uma das palavras mais bonitas da língua portuguesa.
Holanda disse isso em uma entrevista de 1976, um ano após o lançamento do dicionário. O papo foi conduzido pelo jornalista Araken Távora para a TV Educação e, recentemente, foi resgatado em um post viral no Facebook:
“A libélula que é uma coisa tão grácil, tão cheia de poesia, tem um sinônimo pesado, o lava bunda. É lamentável, mas a língua é cheia dessas coisas mesmo”, comentou.
Dentre as suas favoritas, Aurélio também lembrou de “murucututu”, nome de uma espécie de coruja. “Cinco sílabas seguidas, todas terminadas em ‘u’. Me parece uma coisa maravilhosa.” Em seguida citou “alvorada”, e a definiu como “uma clarinada de palavra”.
Holanda, claro, destacou que a beleza das palavras é algo relativo. Mesmo aquelas consideradas sujas, como as que compõem o vocabulário escatológico, podem conter beleza. “Tudo é criação, tudo é uma prova da atividade humana. É uma prova desse trabalho da cabeça, daquilo que se diz da gíria com tanta graça: da cuca”, completa.
Alagoano, Aurélio se formou em direito, mas acabou sendo professor de Português e de Literatura. De 1961 até a sua morte, fez parte da Academia Brasileira de Letras.
O dicionário que acabou sendo batizado com o seu nome foi lançado como Novo dicionário da língua portuguesa. É um dos maiores fenômenos editoriais do Brasil, com 15 milhões de unidades vendidas. Em 2021, o escritor Cezar Motta publicou um livro sobre os (conturbados) bastidores da produção da obra.
E caso você esteja se perguntando graças ao sobrenome: sim, Aurélio e Chico Buarque de Holanda são parentes. Ele era primo de segundo grau do cantor.