Cultura

Através do espelho: vídeo analisa como personagens do cinema reagem frente ao próprio reflexo

Spoiler: a maioria não curte tanto o que vê

Por Jessica Soares
Atualizado em 11 mar 2024, 10h02 - Publicado em 29 abr 2016, 22h24

Se os olhos são mesmo a janela da alma, encarar o próprio reflexo no espelho significa se defrontar com bem mais do que aquele fio de cabelo fora do lugar. E esse momento de reflexão (rá!) serve também como um bom recurso cinematográfico – vira e mexe, quando o filme está chegando em seu clímax emocional, personagens cinematográficos são confrontados com a própria imagem no espelho. E, quando precisam olhar para si mesmos, os homens e as mulheres de filmes e da TV costumam ter reações surpreendentemente diferentes.

Foi o que Joost Broeren percebeu ao assistir, em um mesmo dia, Dois dias, uma noite (2014), estrelado pela francesa Marion Cotillard, e Foxcatcher (2014), que tem Channing Tatum no elenco. Ambos filmes possuem uma cena em que o protagonista chega ao fundo do poço emocional. Para lidar com a crise, Mark Schultz, vivido por Tatum, dá uma violenta cabeçada no espelho; já Sandra, personagem de Cotillard, chora.

Com a impressão de já ter visto essas representações estereotipadas antes, Broeren resolveu lançar um olhar sobre outros 46 séries ou filmes lançados nos últimos 60 anos e os números comprovaram a sua impressão: com poucas exceções, a maioria dos personagens seguem uma estranha dicotomia baseada em gênero. Veja abaixo o vídeo-ensaio e como cada personagem aparece no gráfico:

Continua após a publicidade

https://player.vimeo.com/video/161961637

Man // Woman // Mirror from Fandor Keyframe on Vimeo.

O resultado provavelmente tem menos a ver com a natureza humana do que com a disparidade de gêneros no cinema. Como já falamos por aqui, se Hollywood se olhasse com mais frequência no espelho, veria um reflexo bastante desigual: são 5 homens para cada mulher trabalhando na indústria cinematográfica, segundo estudo conduzido pela New York Film Academy; já o relatório The Celluloid Ceiling, do Centro de Estudos da Mulher na TV e no Cinema da San Diego State University (EUA), mostra que mulheres ocuparam o posto de roteirista em apenas 11% dos 250 filmes de maior bilheteria em 2015; além disso, de cada três falas de Hollywood, apenas uma é dita por uma mulher.