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Bertha Celeste: a autora do “Parabéns a você”

Bertha Celeste é a autora da letra, em português, da música mais popular de todos os tempos, Parabéns a Você, até então cantada em inglês no Brasil

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h47 - Publicado em 31 jan 2001, 22h00

Max Gehringer*

No dia de hoje, no Brasil, 400 000 pessoas estão aniversariando. Em um país como o nosso, de enormes desigualdades sociais, é bem provável que todas essas celebrações tenham uma única coisa em comum: a música Parabéns a Você. Ela é, com certeza e com folga, a melodia mais conhecida e mais cantada no país em todos os tempos, e dificilmente algum dia terá uma concorrente à altura.

Sua história começa nos Estados Unidos, em 1875. Duas professoras primárias da cidade de Louisville, no Estado de Kentucky, as irmãs Mildred e Patricia Smith Hill, resolveram compor uma quadrinha para seus alunos cantarem quando chegassem à escola, pela manhã. O resultado foi Good Morning To All (Bom dia para todos), uma simples e despretensiosa melodia em que o título era também a letra inteira, repetida quatro vezes em tons levemente diferentes.

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Meio século mais tarde, em 1924, uma editora musical americana lançou um livro de partituras, o Celebration Songs. Como na época não havia uma música própria para ser tocada em aniversários, a editora “emprestou” a melodia das irmãs Smith Hill e rebatizou-a como Happy Birthday To You (Feliz aniversário para você). De novo, quase nada aconteceu. Mas, nove anos depois, em 1933, a canção foi usada como tema de uma peça teatral na Broadway, em Nova York, não por acaso intitulada Happy Birthday To You.

A música se espalhou pelo mundo e chegou ao Brasil no final da década de 30. Aqui era cantada nas festinhas das famílias abonadas, em inglês mesmo. A letra original tinha apenas uma frase, happy birthday to you, repetida quatro vezes, sendo que, na terceira linha, o to you era substituído por um dear, mais o nome do aniversariante. Só que tinha alguém que não estava achando graça nenhuma naquela invasão musical alienígena. Era o cantor Almirante, pseudônimo de Henrique Foréis Domingues, que também apresentava, na Rádio Tupi do Rio de Janeiro, um programa de grande audiência sobre música brasileira. Nacionalista fervoroso, Almirante se sentia incomodado com aquela coisa de brasileiro ficar enrolando a língua e, em 1942, decidiu promover um concurso para escolher uma letra “mais nossa” para a melodia americana.

Uma das 5 000 cartas que chegaram à Rádio Tupi veio da cidade paulista de Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba, SP. Foi escrita em apenas cinco minutos por Bertha Celeste Homem de Mello, filha única de um casal de fazendeiros, formada em farmácia, casada e mãe de uma filha. O júri encarregado da escolha era composto por membros da Academia Brasileira de Letras: Olegário Mariano, Cassiano Ricardo e Múcio Leão, e os três se encantaram com o versinho de Bertha Celeste, por dois motivos: era um dos poucos que tinha quatro linhas diferentes (a maioria preferiu repetir a mesma frase quatro vezes). Dava de goleada até na letra original…

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Bertha Celeste tinha 40 anos quando escreveu a quadrinha de Parabéns a Você. Depois de se tornar conhecida em todo o Brasil, doutorou-se em Letras e dedicou-se à poesia (a coletânea de sua obra está no livro Devaneios). Aos 54 anos de idade mudou-se para a cidade vizinha de Jacareí, onde lecionou por mais dez anos e onde viria a falecer em agosto de 1999, aos 97 anos, de pneumonia.

Além de passar boa parte da vida contando a história de seu famoso verso, Bertha insistia para que as pessoas o cantassem direito. Quem canta – como muita gente faz – “Parabéns prá você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida”, está cometendo três erros (gravíssimos, asseverava dona Bertha): na primeira linha, o certo é “Parabéns a você”. Na segunda, o correto é “nesta”, e não “nessa”. E, na terceira, “muita felicidade” é singular e não plural. Ah, e aquela coisa de “É pique-pique-pique, é hora, é hora, é hora” depois do “Parabéns a Você” não tem nada a ver nem com a melodia original, nem com dona Bertha. Poetisa de respeito, ela jamais escreveria uma barbaridade dessas…

* Escritor, autor do livro Relações Desumanas no Trabalho

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