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Conheça o boxe-xadrez, o inusitado esporte que mistura socos e raciocínio lógico

A modalidade surgiu em 2003 e explora os extremos físicos e mentais dos atletas (seu criador, inclusive, foi homenageado em "O Gambito da Rainha"). Saiba como jogar.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 10 dez 2020, 19h08 - Publicado em 10 dez 2020, 19h06

No começo do ano, o número de pesquisas sobre xadrez cresceu na internet. Motivo: a Covid-19 obrigou todo mundo a entrar em quarentena. Com mais tempo em casa, aumenta-se também o tempo gasto com jogos e passatempos.

Meses depois, a estreia da série O Gambito da Rainha na Netflix, que conta a história de uma prodígio no esporte, quebrou recordes de audiência e se tornou a minissérie mais assistida da história da plataforma. Isso, claro, contribuiu para aumentar ainda mais a popularidade do jogo, que por muito tempo manteve a fama de ser algo intelectual e sisudo demais.

Na esteira dessa crescente, um “primo” do xadrez também vem chamando a atenção, ainda que em menor nível: o boxe-xadrez, que, como o nome diz, mistura a pancadaria de um com as estratégias de tabuleiro do outro. Calma, a gente explica.

O boxe-xadrez surgiu primeiro na ficção. No quadrinho Froid Équateur, publicado em 1992, o cartunista francês Enki Bilal conta a história de um campeonato mundial do esporte, em que os participantes primeiro lutavam um round inteiro de boxe, e, depois, jogavam uma partida de xadrez. A ideia era brincar com os extremos do corpo e da mente: enquanto a luta exige extrema capacidade física, o tabuleiro trabalha com o raciocínio e a concentração.

Em 2003, o artista holandês Iepe Rubingh tirou a ideia do papel e organizou o primeiro torneio de boxe-xadrez em Berlim, na Alemanha. A diferença para a versão fictícia é que ele considerou que seria melhor intercalar alguns momentos de xadrez com boxe (ao invés de terminar um para começar o outro). Já no mesmo ano, rolou o primeiro torneio mundial em Amsterdã, na Holanda. Quem venceu foi o próprio Rubingh, que logo fundou a Organização Mundial do Boxe-Xadrez. 

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Foi questão de tempo para a exótica modalidade se espalhar pelo mundo em torneios pontuais. Hoje, dez países possuem times e clubes nacionais oficiais reconhecidos pela organização: Estados Unidos, França, Alemanha, África do Sul, Rússia, Índia, Irã, Finlândia, Turquia e Itália. Diversos outros grupos (amadores ou profissionais) praticam o esporte, incluindo também times femininos.

O boxe-xadrez chama a atenção pela mistura inusitada de capacidades mentais e físicas. “A adrenalina bloqueia a reflexão e é preciso usar estratégias para controlá-la, como conter a agressividade no boxe”, contou Rubingh em uma entrevista à SUPER em 2004. “Requer um enorme controle do corpo e da mente. Nunca vi um esporte tão extremo”.

Rubingh faleceu em maio de 2020. A série o Gambito da Rainha, responsável por elevar a popularidade do xadrez na cultura pop, foi dedicada a ele, o que também ajudou a reavivar o interesse pela variação mais radical do jogo.

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Como jogar?

Toda a partida, incluindo a fase do xadrez, ocorre dentro de um ringue, e os jogadores, assim como no boxe clássico, são divididos em categorias conforme o peso. No total, são 11 rodadas: seis de xadrez, com quatro minutos cada, e cinco de boxe, com três minutos cada. O embate sempre começa pelo xadrez.

Entre cada rodada, há um intervalo de um minuto para que os jogadores coloquem (ou retirem) os equipamentos de segurança da luta. É o momento também no qual recebem conselhos de seus treinadores, enquanto a equipe de assistentes se encarrega de arrumar o ringue e a mesa com o tabuleiro.

É possível ganhar a partida em qualquer modalidade. No xadrez, vence-se por xeque-mate ou quando o tempo do adversário (doze minutos) se esgota. A maioria das partidas são decididas no tabuleiro.

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No boxe, é possível ganhar por nocaute. O árbitro também pode interromper a luta e declarar um vencedor caso um dos competidores não estiver em condições de continuar. Por fim, há um sistema de pontos estabelecido por até cinco jurados que pode decidir a vitória.

Há ainda uma peculiaridade: em caso de empate na partida do xadrez, vence aquele que tiver mais pontos no boxe. Caso essa pontuação também estiver empatada, a vitória vai para o competidor que estiver jogando com as peças pretas – porque, no xadrez, as peças brancas têm a vantagem de dar o primeiro movimento. Também é possível desistir a qualquer momento ou ser desqualificado pelo juiz caso quebre as regras.

Como no boxe tradicional, as lutas têm mestre de cerimônia, narrador, comentaristas e uma arquibancada cheia de torcedores. Em 2013, a partida final do Campeonato Mundial em Moscou, Rússia, atraiu mais de 1.200 espectadores.

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