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Dia dos Mortos: conheça a origem e as tradições do feriado mexicano

A celebração é bem diferente do nosso Dia de Finados: uma festa alegre e colorida que lembra que a morte, afinal, é uma das etapas da vida.

Por Luisa Costa
1 nov 2022, 19h26

Caveiras coloridas, bandeirinhas de papel e festas na rua. Entre os mexicanos, recordar parentes e amigos falecidos não é motivo de luto e tristeza – mas de celebração. É o que eles fazem em 2 de novembro, no feriado do Día de los Muertos (ou “Dia dos Mortos”, em português).

Nessa época do ano, as pessoas visitam cemitérios, constroem altares e até organizam desfiles. Tudo isso para dar as boas vindas aos mortos que, segundo as crenças locais, retornam temporariamente ao nosso plano para visitar seus entes queridos. É uma maneira de manter viva a memória dos que se foram – e de lembrar que a morte, afinal, faz parte da vida.

O Día de los Muertos foi reconhecido, em 2008, como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco – a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. É uma das festas mais importantes e populares do México, e sua origem está na mistura de culturas.

A origem do feriado

Acredita-se que a celebração da morte promovida no Día de los Muertos existia séculos antes dos colonizadores espanhóis chegarem no que hoje é o México, há 500 anos. Na época, os astecas reconheciam uma série de deuses, como Mictecacihuatl, deusa dos mortos e do submundo.

Segundo Kirby Farah, professora de antropologia do Gettysburg College (Estados Unidos), essa deusa era homenageada ao final de julho e início de agosto (no nosso calendário) com práticas comuns de rituais astecas, como queima de incenso, música, dança e sacrifícios de sangue.

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Os espanhóis recém-chegados tentaram erradicar a cultura indígena (você já conhece essa história); mas o que aconteceu foi uma mistura das práticas religiosas e culturais de ambos os povos. Já que os indígenas não desistiram de seus rituais, houve uma mudança de calendário: as celebrações à deusa da morte asteca passaram para o início de novembro.

Assim, essas festas passariam a corresponder ao Dia de Todos os Santos (1) e ao Dia de Finados (2), da tradição católica. Mesmo assim, muitas práticas indígenas associadas ao culto dos mortos sobreviveram.

La Catrina

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Um esqueleto feminino com adereços na cabeça, chamado La Catrina, é um símbolo onipresente do Día de los Muertos. Trata-se de uma figura criada pelo artista mexicano José Guadalupe Posada, que ilustrava questões políticas e sociais com caveiras.

Por volta de 1910, Posada criou a gravura de caveira que você vê abaixo, como uma crítica aos membros da sociedade mexicana da época que renunciavam à cultura local para adotar a estética europeia. “Catrin” ou “catrina” seria uma gíria usada para se referir a um homem ou a uma mulher bem vestidos.

Ilustração da caveira Catrina
Gravura La Calavera de la Catrina, do artista mexicano José Guadalupe Posada. (Domínio público/Wikimedia Commons)

Depois, a imagem da caveira apareceu em um mural de Diego Rivera, Sueño de una Tarde Dominical en la Alameda Central (1947), que retrata pessoas e eventos importantes da história do México. No centro da pintura, está La Catrina dando os braços ao próprio Posada – e também no centro, à esquerda de Rivera, está Frida Kahlo.

A imagem dominou o imaginário coletivo e, hoje, pessoas de todas as idades imitam La Catrina em festas de rua que celebram os mortos, pintando caveiras nos rostos, usando chapéus e flores na cabeça e vestindo ternos e fantasias.

Os altares

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Além das caveiras e desfiles, uma parte central do feriado mexicano é a construção de altares em casas e cemitérios, para recordar os mortos e recebê-los em sua visita ao plano terreno. Por isso, eles concentram várias oferendas.

Entre elas, estão uma garrafa d’água – e outra de tequila – para matar a sede do espírito após a longa jornada para encontrar seus parentes e amigos. Ele precisa também de comida, como o pan de muerto, um pão macio e doce, coberto com açúcar e enfeites de ossos. Estas são só algumas possibilidades entre muitas: os mexicanos também costumam colocar nos altares alimentos e bebidas que o falecido gostava de comer em vida.

Foto de um altar para o dia dos mortos com oferendas, flores, caveiras e bandeiras.
(Gabriel Perez/Getty Images)

Além da comida, as pessoas investem na decoração dos altares, com velas e caveiras coloridas de tamanhos diversos, feitas de uma massa açucarada, que representam as pessoas que recebem oferendas no altar.

Também se coloca fotos dos mortos e cravos amarelos (flor de muerto) nos altares: acredita-se que eles ajudam a atrair os espíritos para seus respectivos altares. Eles são decorados, assim como as ruas, com bandeiras de papel que têm desenhos recortados – um símbolo da fragilidade da vida.

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