Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

O Mecanismo: mapeamos todas as referências que você não percebeu

Galvão Engenharia virou "Bueno Engenharia". O nome de Lula faz referência à Roma Antiga. Veja quem é quem, e entenda todas as alusões da série.

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Sophia Fernandez
Atualizado em 4 ago 2022, 15h36 - Publicado em 29 mar 2018, 19h51

A série de José Padilha sobre a Operação Lava-Jato se envolveu em um mar de polêmicas desde que foi lançada. Mesmo deixando a guerra ideológica de lado, ainda assim é difícil acompanhar o ritmo de referências que são jogadas o tempo inteiro na cara do telespectador (algumas com claros traços de tiração de sarro, outras mais críticas). Se você se perdeu tentando manter o fio da meada entre trocadilhos e mudanças de nome, não se preocupe: mapeamos cada um dos principais vinte e três personagens (e os detalhes por trás deles) que passaram pela tela durante os 8 episódios de O Mecanismo.

Polícia Federal e a Justiça

polícia-federal

A série optou por começar em 2003, com o escândalo do Banestado, no Paraná. E no início, é tudo preto no branco: os policiais federais são os heróis absolutos. Os bandidos, uma gangue caricata que acaba escapando pelos dedos dos mocinhos graças à burocracia e a má vontade do Ministério Público (que passa a série toda sofrendo uma crítica velada).

Gerson / Ruffo O delegado Gerson Machado é uma das figuras menos famosas da vida real a inspirar a série. Investigou Alberto Youssef (mais sobre ele abaixo) no Banestado, mas se aposentou antes da Lava Jato começar – e ficou deprimido. Já a maluquice de Marco Ruffo (e sua voz sussurada) são contribuições exclusivas de Selton Mello à ficção.

Verena / Erika A delegada Erika Marena, a inspiração por trás da protagonista Verena, recebeu o crédito por nomear a Operação Lava-Jato, da qual participou de 2013 a 2016. Depois de sair da força-tarefa, ela se envolveu em uma polêmica ao investigar o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, que cometeu suicídio. Essa semana, foi empossada como superintendente da PF em Sergipe.

Juiz Paulo Rigo / Sérgio Moro Moro é um dos heróis da série, naturalmente. Seu personagem é metódico, sereno e apaixonado pela Justiça. Mas não se trata de um arquétipo da perfeição: os últimos episódios revelam um Moro embriagado pela fama, que adota uma nova assinatura para dar autógrafos mais marcantes e regozija-se com os panelaços – que não são tratados pelo roteiro como manifestação de indignação justa, mas de ingenuidade dos eleitores que tinham votado em Aécio – quer dizer, em Lúcio.

Continua após a publicidade

Em uma das referências mais discretas da série, Rigo é visto lendo na cama uma espécie de graphic novel de uma versão alternativa do Batman – uma alusão ao papel de “vigilante da justiça” que já foi atribuído a Moro.

A equipe Guilhome não tem lastro exato em uma pessoa real. A relação com Anselmo vem da prisão de Alberto Youssef – o delegado foi responsável pela ligação telefônica que localizou o doleiro, essa sim real. Youssef foi preso em 2014 – no Maranhão, não em São Paulo. E a mala de dinheiro que ele levava, no hotel com vista pro mar, continha R$ 1,4 milhão. E estava endereçada não a uma campanha presidencial, mas a um secretário do governo maranhense, na gestão de Roseana Sarney. Por fim, o famoso Japonês da Federal. Na série, (no ápice do politicamente incorreto) ele é o China. A insinuação nada velada de sua incompetência aparece logo no segundo episódio. O China “morre” pelo estômago, no maior clichê americano do policial preguiçoso – falta só o donut. O cafézinho ele já tem.

Doleiros e capangas: os primeiros acusados

doleiros O primeiro elenco de vilões apresentado pela série são os acusados originais da Lava-Jato – aqueles que, de fato, disfarçavam suas operações de lavagem de dinheiro num posto de gasolina em Brasília. Nelma Kodama tentou sair do país com 200 mil euros escondidos na calcinha – um truque que é usado com prostitutas na série para distribuir dinheiro pela capital. Carlos Habib Chater, que na série virou Chebab (são várias as piadas com comida árabe) foi o primeiro das dezenas de presos da Operação. E, como a realidade tende a ser ainda mais surreal que a ficção, assim que Chater saiu da prisão, voltou a gerenciar o posto de gasolina onde tudo começou.

Família pouco unida – e muito ouriçada

petrobrás De forma idêntica à vida real, a trama da série ganha uma nova dimensão política quando o diretor da Petrobras(il) vê seus esquemas desmascarados por uma Evoque. Paulo Roberto Costa foi pego pela nota fiscal do carro que ganhou de Alberto Youssef por R$ 250 mil (desarrendondado para R$ 251 mil na série). A família inteira dele segue implicada na Lava Jato. Mas na série suas duas filhas foram fundidas em uma só, assim como seus genros. Shanni e Arianna Bachmann foram fundidas para virar Shayenne (uma das paródias de nome mais toscas de O Mecanismo). O marido dela, Ricky, é uma mistura de Márcio Lewkowicz, casado com Arianna, e Humberto Sampaio de Mesquita, falecido marido de Shanni. Os quatro foram flagrados por câmeras de segurança carregando sacolas de documentos que incriminariam Paulo Roberto (essas imagens, inclusive, você vê à direita na imagem acima).

Continua após a publicidade

Brasília: o núcleo mais esperado

É nas paródias dos políticos que a série tem sua veia mais cômica. Naturalmente, foi a parte mais polêmica. A série, porém, pega mais pesado com Aécio do que com Dilma e Lula. Cheio de tremeliques, drinks e mãos bobas, o senador mineiro surge praticamente como um vilão de desenho animado. brasília Ex-Presidente João Higino / Lula A maior polêmica na repercussão da série se refere à frase de Jucá (“temos de estancar essa sangria”), que em O Mecanismo foi parar na boca de Lula. A escolha gerou um ruído que poderia ter sido evitado. Mas o Lula da vida real foi até mais duro que o da ficção. Chegou a dizer, no telefonema grampeado para Dilma: “Temos um presidente da câmara f… Um presidente do Senado f…. E fica todo mundo num compasso de que vai acontecer um milagre e salvar todo mundo”. O Lula da série é mais calado e reflexivo que o de São Bernardo. Talvez a cena mais forte que envolve sua versão ficcional, o João Higino, não seja a da fala da “sangria”, mas uma em que ele recebe de presente o triplex, imóvel que seria o pivô de sua condenação na vida real.

Não é à toa que Lula chama “Higino” na série. Esse é o nome de de um escravo da Roma Antiga que, depois de liberto pelo Imperador Augusto, virou funcionário público de alto escalão.

Presidenta Janete / Dilma Roussef

Depois de receber críticas de Dilma pelo transplante da fala de Jucá, Padilha chegou a dizer que a petista “não sabia ler”, já que existe um disclaimer antes de cada episódio dizendo que a série é uma obra de ficção. O cineasta, porém, foi mais suave no trato com Dilma dentro da série do que fora. Tirando uma piada logo no primeiro episódio, em que a mandatária anuncia uma tecnologia da Petrobras para “estocar vento”, não há referências aos discursos mal ajambrados ou à recessão econômica – que já tinha começado em 2014, quando acontecem os fatos centrais da série. O roteiro até diz que o melhor para a Lava Jato é a reeleição de Dilma. Não por ética da ex-presidente, mas por soberba, já que ela se entenderia como inatingível. Ainda assim, sua manutenção no poder aparece como algo positivo para a continuação da Lava Jato. O impeachment, que começa a ser maquinado nesta temporada, é retratado como uma trama movida por Aécio e Temer para estancar a operação da PF.

Lúcio Lemes / Aécio Neves

Se os apoiadores de Lula e Dilma partiram para a briga contra a Netflix, com Aécio não teve nada disso. Mas não se engane: a série foi atômica contra o mineiro. Nas primeiras cenas em que o tucano surge, o narrador avisa que se trata de um bandido. Ponto. Depois piora: Aécio aparece como um alcoólatra terminal e viciado em anfetaminas. Se ninguém reclamou da forma como Aécio é retratado, então, só há um diagnóstico: o tucano está morto para a política – na vida real, foi pego pela Operação Patmos, uma braço da Lava Jato. Frederico Pacheco, primo do tucano, foi filmado recebendo R$ 2 milhões da JBS. Aécio tinha sido gravado combinando com Joesley Batista a entrega desse mesmo dinheiro ao primo, num telefonema em que diz ao dono da JBS, como adendo humorístico, que Fred era um bom comparsa, já que “seria fácil matá-lo antes de uma delação premiada”.

Continua após a publicidade

 

 

13 homens e muitos segredos: os empreiteiros

empreiteras

A série é fiel à linha do tempo das delações das empreiteiras. A primeira grande delação foi a de Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, dono da Toyo Setal engenharia. Foi ele, que aparece na série como o fumante inveterado Silvério, que contou à PF sobre o “Clube das Empreiteiras”. Na série, ele é chamado de “Clube dos 13”, em referência ao sindicato dos maiores clubes de futebol do país. Na vida real, eram 16 as empresteiras cartelizadas. Como mostra Silvério/Augustro, as maiores construtoras do País combinavam preços e dividiam entre si as grandes licitações de obras públicas, principalmente aquelas que envolviam a Petrobras. Uma das empresas membro do clube, a Galvão Engenharia, deu origem ao melhor trocadilho da série. Virou “Bueno Engenharia”.  

A derrocada da rainha das empreiteiras, a Odebrecht, começou como os últimos episódios da temporada insinuam: com a delação de Maria Lúcia Tavares, secretária de Marcelo Odebrecht (que quem não encerrou a conta da Netflix verá atrás das grades na próxima temporada). Ricardo Pessoa, da UTC, teve um destino mais suave: depois de delatar duas dúzias de políticos ganhou na hora o direito de cumprir sua pena de 8 anos em casa. Leo Pinheiro, da OAS e do triplex, teve sua pena reduzida de 10 anos para 3,5, em regime semi-aberto, após depor contra Lula.    

empresas

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.