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O que foi a naumaquia, cena que aparece no trailer de Gladiador II

Apesar de parecer absurdo, batalhas navais de fato aconteciam dentro do Coliseu Romano

Por Caio César Pereira
Atualizado em 16 jul 2024, 15h59 - Publicado em 14 jul 2024, 12h00

Na última terça-feira (9) chegou à internet o trailer de Gladiador II, próximo filme do diretor britânico Ridley Scott. 24 anos depois da saga de vingança de Maximus (personagem de Russell Crowe no primeiro filme), a sequência programada para novembro nos leva de volta para a famosa arena do Coliseu Romano.

Não que Scott seja um diretor reconhecido pela precisão histórica em seus filmes (o seu último filme, Napoleão, que o diga). Mesmo assim, além das diversas cenas de ação e combate vistas no trailer, uma cena chamou bastante a atenção do público: em determinado momento, a arena do coliseu é completamente inundada para simular uma batalha naval.

Curiosamente, apesar de todas as brisas e liberdades artísticas que o diretor tem em seus filmes, essa cena especificamente é baseada em fatos reais. A encenação de batalhas navais aconteciam de verdade na arena do Coliseu Romano, e eram conhecidas como naumaquias.

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Como eram as naumaquias?

Bom, vamos voltar um pouco no tempo. As primeiras naumaquias possivelmente datam do século III a.C. Devido ao seu custo e a enorme complexidade envolvida, elas aconteciam somente em ocasiões especiais, ou para certas celebrações. Acredita-se que tenha acontecido somente quatro ou cinco naumaquias em toda a história, e nem todas rolaram no coliseu.

O termo naumaquia vem do grego e significa literalmente, combate naval. A primeira em registro histórico aconteceu em 46.a.C. e foi em homenagem ao famoso líder romano Júlio César. Ao retornar à cidade, ele ordenou uma naumaquia para encenar as batalhas de Gália, do Egito, contra o rei Farnaces II do Ponto e contra o Rei Juba da Numídia. 

Claro que essas encenações eram muito mais do que simples entretenimento. Elas eram utilizadas como ferramentas de propaganda política, com os imperadores e líderes romanos usando esses espetáculos para demonstrar seu poder, e para celebrar suas vitórias e triunfos militares.

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A encenação de Júlio César foi feita em uma bacia de água construída em uma área do rio Tibre, chamada Campo de Marte. Foram utilizados de dois a quatro navios com bancos de remo, com 4 mil remadores e 2 mil combatentes que duelavam entre si. Não se sabe o quanto do espetáculo era de fato orquestrado – ou se simplesmente era uma carnificina desenfreada – mas fazia um grande sucesso entre os espectadores. 

Geralmente, as naumaquias eram feitas em em grandes canais e corpos de água artificiais ou em arenas especialmente construídas para o evento. Mas elas também chegaram a ser realizadas nos famosos anfiteatros romanos. O próprio Coliseu Romano (na época, o Anfiteatro Flaviano), chegou a receber pelo menos duas naumaquias desde a sua inauguração, em 80 d.C. 

De acordo com o historiador romano Cassius Dio (235 d.C.), uma naumachia ocorreu no Coliseu em 86 d.C., e que aparentemente, ocorreu durante uma tempestade, que não só ocasionou a morte dos combatentes, como também de vários espectadores.

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De acordo com historiadores, câmeras subterrâneas sob o Coliseu dão suporte a essas possibilidades, embora não se saiba com certeza como era realizado o bombeamento d’água.

Uma frota de barcos, milhares de remadores.
(Wikimedia Commons/Reprodução)

Para as batalhas, eram utilizados prisioneiros de guerra ou criminosos condenados à morte. As batalhas e combates dos gladiadores eram fatais, com taxas de mortalidade bastante altas. Como eles já estavam condenados, suas mortes eram utilizadas para o entretenimento do povo, o famoso Pão e Circo. 

Outros líderes romanos também chegaram a realizar naumaquias para celebrar seus feitos, como Augusto, que organizou uma também em uma bacia, em 2 a.C., e Cláudio, que decidiu ir um pouco mais além. Ele ordenou uma naumachia em um lago, com 19 mil soldados e 100 navios, para simular as batalhas entre Rodes e Cecília.

O famoso imperador Nero também teve uma naumachia para chamar de sua. Em 57 d.C., ele realizou uma batalha naval em um anfiteatro de madeira, no qual foram utilizados alguns animais aquáticos, como hipopótamos. Não existem registros que indiquem que tubarões lutavam com os gladiadores, mas os historiadores não descartam essa possibilidade, já que se sabe que eram utilizados outros animais marinhos.

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Se tratando de Ridley Scott, claro que podemos esperar outras surpresas no filme, mas para saber até onde foi a criatividade do diretor dessa vez, vamos ter que aguardar a estreia do filme para saber. O lançamento nos cinemas brasileiros está programado para 14 de novembro.

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