Sítio das maravilhas
Por meio dos passeios mágicos e das explicações professorais de Dona Benta e do Visconde de Sabugosa .
Veronica Stigger
Quem tem hoje menos de 20 anos talvez não arrisque um palpite sobre o que seja o pó de pirlim-pim-pim. Apesar de estar associado a viagens fantásticas e bonecas que falam, não se trata de algum tipo de alucinógeno corrente na época em que as calças boca-de-sino foram moda pela primeira vez. É apenas o passaporte para lugares estranhos e distantes visitados pela turma de O Sítio do Pica-Pau Amarelo – obra de Monteiro Lobato que vem entretendo gerações de crianças desde a década de 30 em livros e que se tornou inesquecível nos anos 70 e 80 ao ser adaptada para a tevê.
O que havia de mais saboroso no Sítio era a possibilidade de ingressar em um universo paralelo. Nos domínios de Dona Benta, o irrealizável se realizava. Não era de espantar que a goiabada fosse de marmelo, como cantava Gilberto Gil na abertura do programa. Além de divertidos, aprendia-se de tudo com os episódios da série. Por meio dos passeios mágicos e das explicações professorais de Dona Benta e do Visconde de Sabugosa – a espiga de milho mais inteligente do globo –, a criançada tinha noções de geografia, história e até mesmo mitologia. São memoráveis os capítulos em que Pedrinho, Narizinho e Emília encontravam o Minotauro.
A boa nova é que a Globo pretende ressuscitar os personagens de Monteiro Lobato, integrando-os ao programa matinal Bambuluá. Resta torcer para que a nova versão do velho Sítio preserve algo de seu sublime encantamento original.