A política como ela é
O livro trata sobre a política real em seus 26 capítulos escritos por Nicolau Maquiavel em 1513.
Rodrigo Cavalcante
À primeira vista, parece mais um livro de auto-ajuda com dicas para governantes inescrupulosos se manterem no poder. Mas O Príncipe, de Nicolau Maquiavel, é muito mais do que isso. Desde que foi escrito, em 1513, seus 26 capítulos curtos vêm perturbando o sono de todos que se interessam pela política. Afinal, antes de Maquiavel, os filósofos costumavam tratar os assuntos de Estado com um tom idealista, cerimonioso, com reflexões moralistas sobre como deveria ser o bom governo. Em meio à conturbada e instável vida na Itália na virada do século 15 para o 16 (na época, um conjunto de cidades-estados em eterno conflito), Maquiavel teve a coragem de escrever sobre a política real, aquela que ele havia acompanhado ao trabalhar no dia-a-dia no governo de Florença.
É claro que, nesse caso, seus conselhos para quem quisesse governar teriam que ser práticos. E é essa objetividade que continua causando polêmica até hoje. Sua mensagem é clara: para governar, a moral cristã é pouco útil. Quem quiser praticar a benevolência e salvar sua alma que fique longe do poder. Afinal, governar exige uma série de artimanhas que podem até ser consideradas cruéis, mas necessárias. Para entender a dualidade entre essas duas morais, nada melhor do que ler a nova edição de O Príncipe (Prestígio) com o prefácio do filósofo Isaiah Berlin. Uma explicação nada menos que definitiva.