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Análise de raio-x revela composição das pedras de Stonehenge

Uma parte do núcleo de uma das rochas havia sido furtada em 1958. O fragmento foi devolvido em 2019, o que permitiu uma análise mais detalhada do monumento.

Por Luisa Costa
Atualizado em 13 ago 2021, 19h03 - Publicado em 12 ago 2021, 19h38

Existem poucos monumentos no mundo tão estudados quanto Stonehenge. Construído há cerca de 4,5 mil anos, o conjunto de pedras na Grã-Bretanha é um dos principais monumentos arquitetônicos da pré-história e concentra um grande esforço por parte de cientistas que estudam para entender o significado e a origem da estrutura. Mesmo assim, ainda há o que se descobrir sobre a construção. A mais nova descoberta é sobre a composição dos blocos de rocha que formam o monumento.

Pesquisadores fizeram uma análise geoquímica de um fragmento de rocha do Stonehenge que esteve perdido por muito tempo, mas reapareceu em 2019. As descobertas foram publicadas em um estudo na revista Plos One.

A história começa em 1958, quando aconteceu o monumento inglês estava sendo restaurado. Uma das pedras estava rachada e precisava de reforço. Ela foi perfurada para que os restauradores pudessem colocar uma haste de metal em seu núcleo.

Durante esse processo, um membro da empresa envolvida na restauração, chamado Robert Phillips, pegou um pedaço retirado do núcleo da rocha e o guardou para si como recordação. O fragmento ficou desaparecido até 2019, quando Robert devolveu a peça para a English Heritage, instituição responsável pelo patrimônio.

Atualmente, não é mais possível extrair amostras do monumento, e o pedaço que Robert guardou se tornou um objeto importante de estudo. Nesta pesquisa recente, os cientistas puderam realizar análises geoquímicas inéditas do fragmento de rocha.

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Amostra de um pedaço de 7 centímetros de uma das pedras do Stonehenge.
O fragmento de núcleo de rocha do Stonehenge possui cerca de sete centímetros de comprimento e foi analisado a fundo pelos cientistas. (British Geological Survey/Reprodução)

“Fizemos uma tomografia computadorizada da rocha, utilizamos raios X, examinamos por meio de vários microscópios e analisamos sua sedimentologia e [composição] química”, afirmou David Nash, autor principal do estudo, à Live Science. Segundo o pesquisador, quase todas as técnicas utilizadas eram novas tanto para Stonehenge quanto para o estudo das rochas sarsen no Reino Unido.

As pedras sarsen são os blocos de arenito que constituem a estrutura do Stonehenge. Estudando o fragmento, os cientistas se surpreenderam ao descobrir que 99,7% da pedra era, na verdade, composta por quartzo. Minúsculos grãos desse mineral formam um “mosaico de cristais entrelaçados”, o que torna a rocha bastante resistente, como afirma Nash.

“Eu me pergunto se os construtores de Stonehenge poderiam saber algo sobre as propriedades dessa pedra – e não escolheram apenas os blocos maiores e mais próximos, mas também aqueles que tinham mais probabilidade de resistir à passagem do tempo”, diz ele. Algumas pedras de Stonehenge, inclusive, viajaram mais de 250 km para chegar à localização atual. Você lê mais sobre essa descoberta nesse texto.

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A análise também revelou pistas sobre a idade dos sedimentos que constituem o bloco de rocha. Alguns foram depositados durante o Período Paleogeno, de 66 a 23 milhões de anos atrás; outros datam da era Mesozóica – de 252 a 66 milhões de anos atrás –, quando os dinossauros ainda eram protagonistas do planeta. Os grãos de rocha mais velhos que formam o fragmento remontam a 1,6 bilhão de anos.

Além do fragmento devolvido por Robert, os pesquisadores também analisaram outro núcleo de pedra. Ele também foi perfurado na restauração de 1958, mas só foi encontrado na coleção do Salisbury Museum, na Inglaterra, em 2019. Não se sabe como ou quando este fragmento chegou ao museu, e acredita-se que ele está incompleto. Ainda existe um terceiro fragmento perfurado durante a escavação, mas sua localização é mais um dos mistérios que existem em torno de Stonehenge.

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