Arquimedes
O inventor mais bem-sucedido da Antiguidade, com um espírito tecnológico incomum para sua época. Até arma de raios ele criou
“Dê-me um ponto de apoio e moverei a Terra.” Com essa frase, Arquimedes demonstrava seu entusiasmo por uma das tecnologias mais efetivas de seu tempo: a alavanca. Naquela época, século 3 a.C., os gregos eram famosos por suas habilidades sem paralelo na geometria e na matemática. Mas sua credibilidade como inventores era bem menor.
Havia até certo tabu, em alguns círculos filosóficos, contra o trabalho que hoje seria atribuído a um engenheiro ¿ algo como uma tarefa menor, em meio ao grande desafio de usar a razão para desvendar os mais profundos mistérios cósmicos.
Arquimedes não sofria desse mal, para a alegria de seus soberanos em Siracusa. E, embora fosse um grande matemático, por lá ele era mais conhecido mesmo como grande engenheiro. “Ele desenvolveu avanços teóricos motivados por problemas práticos”, diz Marco Ceccarelli, da Universidade de Cassino, na Itália.
MOMENTO GENIAL CLÁSSICO
A história mais famosa dele surge quando o rei solicita que desenvolva um método para saber se uma coroa recém-encomendada tinha mesmo todo o ouro dado ao artesão para sua fabricação. Diz-se que Arquimedes descobre a solução ao entrar na banheira e perceber o deslocamento do nível da água causado por seu próprio corpo.
O súbito lampejo: a água deslocada equivale ao volume do corpo submerso. A massa podia ser medida por uma balança. Dividindo a massa pelo volume, surge a densidade. Comparando o valor obtido da coroa com o de uma peça sabidamente de puro ouro, ele poderia confirmar se o artesão havia sido honesto.
Reza a lenda que, empolgado com seu achado, Arquimedes saiu correndo, peladão, gritando pelas ruas: “Eureka!” (“Encontrei!”, em grego.)
Contudo, se esse é o feito mais famoso de Arquimedes, certamente não é o mais relevante. Entre suas realizações está o projeto de um navio gigante, capaz de carregar 600 pessoas.
Como engenheiro a serviço de Siracusa, ele desenvolveu importantes ferramentas para defender a cidade. Uma delas era uma arma para afundar navios. Tratava-se de um gancho gigante preso a um braço similar a uma viga. Depois de enganchar em um navio próximo à costa, o braço oscilava, levantando a embarcação e provocando seu afundamento. Por mais surreal que possa parecer, testes com uma versão da “garra de Arquimedes” foram feitos em 2005 e demonstraram que o dispositivo funciona.
Menos eficaz era sua arma de raios. Alguns escritos sugerem que Arquimedes conseguia incendiar navios à distância com espelhos que focavam a luz solar sobre as velas, levando-os a pegar fogo com o calor. Testes feitos por uma equipe do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), nos Estados Unidos, mostraram que, em condições muito específicas, a arma poderia funcionar. Mas não em situações de combate real.