As egípcias “inventaram” a tatuagem na lombar – há 3 mil anos
Não é coisa dos anos 2000: as imagens tatuadas na parte interior das costas supostamente ofereciam proteção durante o parto.
Novas evidências arqueológicas mostram que tatuagens na parte inferior das costas não são novidade deste século, mas sim, algo comum no Egito de três mil anos atrás.
As pesquisadoras Anne Austin e Marie-Lys Arnette descobriram pelo menos seis tatuagens no sítio de Deir el-Medina. Segundo elas, as tatuagens em carne antiga e estatuetas encontradas no local provavelmente estão ligadas ao antigo deus egípcio Bes, que protegia mulheres e crianças, especialmente durante o parto. Suas descobertas foram publicadas no periódico Journal of Egyptian Archaeology.
“Pode ser raro e difícil encontrar evidências de tatuagens porque você precisa encontrar pele preservada e exposta”, conta Austin. “Nós nunca desembrulhamos pessoas mumificadas. Nossas únicas chances de encontrar tatuagens são quando saqueadores fazem isso, deixando a pele da múmia exposta”.
A evidência veio de duas tumbas examinadas por ela e sua equipe em 2019. Dentro dela, os pesquisadores encontraram um osso do quadril esquerdo de uma mulher de meia-idade. Um pedaço da pele estava preservado, onde é possível ver padrões de coloração preta escura. A tatuagem teria percorrido a região lombar da mulher. O desenho mostra o deus Bes e uma tigela, imagens que representam o ritual de purificação realizado nas semanas que sucedem o parto. Veja abaixo.
Outra tatuagem foi encontrada em um túmulo próximo, também de uma mulher de meia-idade. O desenho era difícil de ver a olho nu, então os pesquisadores utilizaram fotografia infravermelha. A tatuagem mostra um wedjat (o Olho de Hórus) e uma possível imagem de Bes usando uma coroa de penas. Segundo as pesquisadoras, essas imagens também representam proteção e cura.
Encontradas no sítio arqueológico décadas atrás, três figuras de barro representando corpos de mulheres foram reexaminadas por Arnette. Essas estatuetas possuem tatuagens na parte inferior das costas e na parte superior das coxas, incluindo representações de Bes.
Segundo as pesquisadoras, essas tatuagens e representações são semelhantes a imagens que mostram mulheres grávidas, parteiras e mães participando de rituais pós-parto – usados para proteção da mãe e da criança.
“Espero que mais estudiosos encontrem evidências do tipo para que possamos ver se isso é algo único ou parte de uma tradição mais ampla no antigo Egito que simplesmente ainda não conhecíamos”, diz Austin.