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Baleia espiã russa? Entenda o caso da beluga que morreu no mar da Noruega

Conheça a história da baleia Hvaldimir – e veja como vários países empregam há séculos animais como agentes secretos.

Por Manuela Mourão
3 set 2024, 19h00

Espião russo é encontrado morto nos mares da Noruega. Esse poderia ser o enredo de algum filme do 007. Mas estamos falando de uma notícia recente – sobre uma baleia beluga.

O corpo da baleia Hvaldimir foi achado no sul da Noruega no último sábado (30). Especula-se o animal tenha sido treinado para tarefas de espionagem para a Rússia. A notícia foi dada pela empresa de rádio norueguesa NRK. 

Caso tenha sido realmente uma agente infiltrada, a beluga falhou na missão de passar despercebida, já que ela conquistou os corações de pescadores noruegueses desde sua primeira aparição, em 2019. Naquela época, ela estava na costa norte do país, próxima a águas russas.

Hvaldimir ganhou esse nome por conta de um jogo de palavras. “Hval” quer dizer “baleia” em norueguês. Já “dimir” faz alusão ao presidente russo, Vladimir Putin.

O mamífero tinha um dispositivo de monitoramento preso a ele: uma coleira com uma pequena câmera e uma etiqueta que dizia “equipamento de São Petersburgo”. Este detalhe fez com que surgissem teorias de que a beluga poderia ser uma espiã marinha treinada pela Rússia. As autoridades locais sugeriram que Hvaldimir poderia ter escapado de um cativeiro e nadado até chegar no território vizinho. Moscou nunca respondeu formalmente às alegações.

A presença da baleia nas águas norueguesas foi marcada por vários avistamentos, e ganhou destaque pelas interações constantes entre o animal e humanos – um contraste ao comportamento mais tímido e assustado de outras baleias brancas. Esse contato confortável alimentou as suspeitas de espionagem, que alegavam que “Hvald” precisaria ter tido uma convivência anterior com pessoas para estar acostumado com essa presença.

Bom, se Hvaldimir algum dia foi treinado para uma vida infiltrada, ele não era tão bom assim. O agente passava seus dias sedento por atenção, mantendo um contato humorístico com quem estivesse por perto. “Muitas vezes, víamos ele bater as nadadeiras na água ou mirar nas crianças para provocar o riso”, disse Sebastian Strand, biólogo marinho da ONG Marine Mind que acompanhava a beluga e confirmou a morte do animal.

A expectativa de vida para a espécie é de cerca de 60 anos, e Hvaldimir morreu com 15. Seu corpo será submetido a uma necropsia para determinar a causa do falecimento. 

Pequenos Espiões: versão animal

Essa não foi a primeira vez que a Rússia chama atenção pelo treinamento de animais com fins de espionagem. 

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Em 2019, o coronel russo Viktor Baranets confirmou a existência de um programa de treinamento de golfinhos militares em Sebastopol, na Crimeia (região da Ucrânia anexada pela Rússia em 2014). Segundo Baranets, esses golfinhos são treinados para analisar o fundo do mar, proteger áreas estratégicas, identificar mergulhadores inimigos e instalar minas nos cascos de navios estrangeiros.

Mas a Rússia não é a única a apostar em agentes animais. A Marinha dos EUA, por exemplo, criou um programa que treinava golfinhos e leões-marinhos para detectar minas e outros perigos no fundo do mar. Esses animais foram utilizados na Guerra do Iraque para auxiliar na remoção de minas no Golfo. De forma semelhante, a CIA também explorou o uso de animais, incluindo cães e gatos, como agentes em operações secretas. 

Vale mencionar também a utilização de pássaros. O Reino Unido e os EUA empregaram pombos, falcões e corvos durante a Primeira Guerra Mundial. Um caso emblemático é o da pomba Cher Ami, que salvou um batalhão americano cercado por forças alemãs na França, em 1918, ao entregar uma mensagem com a localização dos estadunidenses e um pedido de reforços.

Porém, o uso de animais em operações militares não se limita às grandes potências. Em 2007, o Irã acusou Israel de utilizar esquilos como espiões em seu território, afirmando que 14 desses animais foram capturados carregando equipamentos de espionagem. Oito anos depois, o grupo palestino Hamas alegou ter capturado um golfinho equipado com câmeras, supostamente usado por Israel na Faixa de Gaza.

Pois é. O Agente Perry do desenho Phineas e Ferb, já não parece mais algo tão longe da realidade.

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