Cemitério de campo de batalha romano é descoberto embaixo de campo de futebol
A reforma de um campo de futebol em Viena, na Áustria, revelou uma vala com mais de 129 mortos sepultados.

A missão dos pedreiros era reformar um campo de futebol em Viena, na Áustria. Eles não esperavam perturbar um cemitério antigo e encontrar 129 corpos debaixo da terra. A vala comum, descoberta em outubro de 2024, guardava os restos mortais de pessoas do 1º século d.C., provavelmente guerreiros que morreram em uma batalha com alguma tribo germânica.
Depois da análise arqueológica dos achados, uma equipe de especialistas do Museu de Viena apresentou o cemitério romano ao público. Não dá para saber muitos detalhes sobre o que ocorreu ali, mas definitivamente ocorreu alguma batalha – e ela foi catastrófica. Essas são as primeiras evidências de algum tipo de guerra na região.
O campo de futebol/vala comum fica no bairro de Simmering, área que hoje é residencial e industrial e faz fronteira com o rio Danúbio, o segundo maior da Europa. Além dos 129 corpos confirmados, os arqueólogos encontraram alguns ossos desconexos, o que pode jogar o total de mortos ali para a casa dos 150. É uma descoberta sem precedentes na Europa Central, reportada pela Associated Press.
Batalha catastrófica
Arqueólogos estão acostumados a encontrar armas da época do Império Romano enterradas em grandes campos de batalha perto da Alemanha. Mas encontrar os mortos é novidade. Os soldados romanos geralmente eram cremados até o 3º século d.C.
Debaixo do campo de futebol, a vala comum onde os possíveis guerreiros foram sepultados parece desorganizada, sugerindo um despejo rápido dos corpos dos mortos. Todos os esqueletos examinados apresentavam sinais de lesões e feridas, especialmente na cabeça, no torso e na pelve.
A variedade de feridas e os locais das lesões excluem a possibilidade de execução, que seguiria um método mais “direto ao ponto”. Alguns dos machucados foram feitos por lanças e espadas.
Todos os mortos eram homens, a maioria deles entre 20 e 30 anos e com boas arcadas dentárias. Essas evidências também dão força à hipótese de que o campo de futebol já foi campo de batalha.
Os arqueólogos fizeram datação por Carbono-14 dos ossos e descobriram que as pessoas foram mortas entre 80 d.C. e 130 d.C. Para confirmar a estimativa, eles também checaram a idade de artefatos encontrados no cemitério, como armaduras, protetores de bochecha para capacetes e pregos que eram usados em sandálias típicas de soldados romanos, as caligae. Uma adaga bem específica, que só foi usada entre a segunda metade do 1º século d.C. e o começo do 2º, também ajudou a determinar a idade.
A principal hipótese é que a batalha tenha feito parte das campanhas do imperador Domiciano pelo Danúbio, entre 86 d.C. e 89 d.C. Na mesma área, os pesquisadores também acreditam que existam evidências da fundação do povoado que se tornaria Viena.
Por enquanto, os arqueólogos só conseguiram confirmar que uma das vítimas era um legionário romano. Agora, o plano é fazer análises de DNA para descobrir quem eram os soldados – e por qual lado eles estavam lutando.