Descoberta arqueológica no México será enterrada novamente. Faltou grana
Um sistema que protegia o Império Asteca de inundações seria aberto para visitação. Mas a escassez de verba fez o projeto voltar para debaixo da terra.
Um túnel foi construído há séculos como parte do Albarradón de Ecatepec: um sistema de diques e cursos de água, que protegia a cidade histórica de Tenochtitlan de inundações. Essa construção foi descoberta no final de 2019 e estava planejada para se tornar uma espécie de exposição. Porém, devido à falta de fundos, ela foi cancelada e o túnel, soterrado novamente.
Tenochtitlan, capital do antigo Império Asteca, possuía várias barragens que evitavam inundações por chuvas torrenciais. Quando os espanhóis chegaram ao continente, acabaram destruindo muitas dessas infraestruturas no processo de colonização. Contudo, depois que vários alagamentos atingiram a Cidade do México, muitos desses sistemas foram construídos ou reparados ainda no início do século 17.
Em 2019, arqueólogos do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) do México descobriram um túnel que fazia parte do Albarradón de Ecatepec, e que preservava diversos aspectos únicos das culturas de sua criação.
O pequeno trecho de túnel tinha apenas 8,4 metros de comprimento, um número singelo comparado à totalidade do Albarradón de Ecatepec, que se estendia por 4 quilômetros, construído por milhares de trabalhadores nativos.
O que chamou a atenção dos arqueólogos foi a descoberta importante e inusitada de diversos glifos anteriores aos espanhóis na estrutura. Foram identificados 11 símbolos – incluindo representações de um escudo de guerra, a cabeça de uma ave de rapina, gotas de chuva, entre outros.
Os arqueólogos acreditam que os símbolos podem ter sido gravados no túnel por residentes não hispânicos das cidades de Ecatepec e Chiconautla, que ajudaram a construir o Albarradón.
Enquanto o túnel apresentava glifos de nativos astecas, a arquitetura geral, os materiais utilizados e a estrutura da construção sugeriam que os espanhóis estavam encarregados do projeto.
A descoberta se tornaria uma exposição pública para que as pessoas pudessem visitar e descobrir mais sobre a civilização antiga e a junção dos elementos culturais astecas e espanhóis.
Contudo, em julho do ano passado, pesquisadores do INAH anunciaram que, devido à falta de fundos para construir adequadamente a exposição e proteger a estrutura, o túnel teria que ser enterrado novamente – a fim de evitar que fosse danificado, vandalizado ou saqueado. Os pesquisadores tomaram o cuidado de proteger os glifos com alvenaria especial antes de encher a descoberta com terra de novo.
Segundo os pesquisadores, a decisão se deveu em grande parte aos impactos econômicos da crise da Covid-19 no México.