Gravuras perdidas do Egito Antigo são encontradas sob as águas do Rio Nilo
Ilustrações e hieróglifos de quatro faraós distintos estão numa área que hoje encontra-se inundada na cidade de Assuã.
Uma expedição subaquática de arqueólogos egípcios e franceses encontrou gravuras inéditas do Egito Antigo, anteriormente ocultas sob as águas do Rio Nilo, incluindo ilustrações de quatro faraós e inscrições com hieróglifos. O anúncio foi feito pelo Ministério do Turismo e Antiguidades egípcio.
A região onde a descoberta foi feita fica perto da cidade de Assuã, no sul do país. Nem sempre ela estava sob as águas: o local foi inundado na década de 1960 para a construção de uma barragem. Na época, houve um grande esforço para salvar e/ou registrar todos os artefatos arqueológicos antes da empreitada, com participação da Unesco e de mais de 50 países, mas algumas coisas ficaram para trás – por isso as novas expedições de mergulho.
Na nova missão, os arqueólogos tiraram fotos e vídeos de inscrições encontradas em estruturas de pedra submersas. A equipe agora tenta fazer uma reconstrução 3D dos achados arqueológicos para estudar melhor seu conteúdo – e publicá-los em artigos científicos.
O que dá para adiantar, porém, é que foram encontradas inscrições, ilustrações e hieróglifos referentes a quatro faraós do Egito Antigo: Thutmose IV, que reinou entre 1400 e 1390 a.C.; Amenhotep III, faraó entre 1390 a.C. e 1352 a.C.; Psamtik II, que governou entre 595 a.C. e 589 a.C. e seu sucessor Apries, cujo reinado foi até 570 a.C.
Repare que há uma diferença grande entre os períodos: os dois primeiros são da dinastia de número 18; os dois últimos, da dinastia 26. (O Egito Antigo teve 31 dinastias de faraós).
A equipe não divulgou detalhes sobre o conteúdo das inscrições, apenas que estavam bem preservadas. Espera-se que a reconstrução em 3D revela novos detalhes históricos sobre os faraós citados.
No Egito Antigo, a atual Assuã era conhecida como Swenett e tinha uma importância ímpar para aquela civilização: como era a cidade mais ao Sul do país, era conhecida como a “entrada” ou o “começo” do país (o “final” era na foz do rio Nilo, ao Norte). É lá também que fica o importante e enorme templo de Abu Simbel, com a icônica escultura do faraó Ramsés II.
Além dele, Assuã também abriga o Templo de Philae, local onde foram encontrados as últimas inscrições de hieróglifos egípcios conhecidas – o Grafito de Esmet-Akhom, escrito em 394 d.C.