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Humanos podem estar produzindo roupas há 120 mil anos, diz estudo

Nada de Adão e Eva pelados no Éden. Ferramentas encontradas em caverna do Marrocos podem ter sido usadas para preparar o couro de animais para a produção de roupas.

Por Luisa Costa
Atualizado em 17 set 2021, 14h08 - Publicado em 17 set 2021, 14h05

Em estudo publicado na última quinta-feira (16), uma equipe de pesquisadores relatou a descoberta do que pode ser a evidência mais antiga da produção de roupas pelo Homo sapiens. Os objetos foram encontrados na Caverna Contrebandiers, em Marrocos, e datam de 90 a 120 mil anos atrás.

Os objetos encontrados são 62 ossos que parecem ter sido transformados em ferramentas, semelhantes a algumas utilizadas hoje para trabalhos com couro. São objetos de extremidade larga e arredondada, parecidos com espátulas. Eles provavelmente foram formados a partir de costelas de animais.

As ferramentas seriam ideais para remover e preparar o couro e a pele de animais, sem perfurá-los, para a produção de vestimentas – ou até materiais para outras produções, como abrigos. Os pesquisadores não descartam a possibilidade de que os objetos tenham sido utilizados para outras atividades também.

Gráfico mostrando como os cientistas acham que os primeiros humanos quebraram ossos para usar como ferramentas em roupas
Os cientistas acreditam que os primeiros humanos transformavam os ossos desta maneira, para usá-los como ferramentas. (Jacopo Niccolò Cerasoni/Reprodução)

Não se tem certeza sobre quando a produção e o uso de roupas pelos humanos começou, mas provavelmente o hábito de se vestir surgiu há mais de 120 mil anos – alguns pesquisadores já indicaram até 170 mil anos. As roupas em si dificilmente se preservam, então os cientistas recorrem à análise de possíveis ferramentas usadas na confecção.

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Emilly Hallett, pesquisadora do Instituto Max Planck (Alemanha) e autora principal do estudo, disse que o clima há 120 mil anos era ameno, então as roupas daquela época poderiam servir tanto para proteção quanto para ornamentação, como possíveis expressões simbólicas.

A equipe também encontrou ossos de raposa, chacal e gato selvagem que não apresentavam formas naturais, mas eram brilhantes e possuíam ranhuras ou arranhões. Segundo o estudo, essas marcas de corte podem apontar a remoção da pele dos animais.

Fotografias e ilustrações da ferramenta espatulada de osso
(Max Planck Institute for the Science of Human History / Jacopo Niccolò Cerasoni/Reprodução)
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“Estou muito animada com as marcas de esfola [nos ossos], porque não vi esse padrão sendo descrito antes. Minha esperança é que os arqueólogos que trabalham em locais muito mais antigos também comecem a procurar esse padrão”, afirmou Emilly à CNN.

Imagem da caverna Contrebandiers na costa atlântica do Marrocos, local onde as ferramentas e ossos foram encontrados.
Caverna Contrebandiers, em Marrocos, onde foram feitas as descobertas. (Contrebandiers Project/Reprodução)

Os pesquisadores escrevem que as evidências encontradas demonstram o surgimento de uma cultura complexa – constituída, por exemplo, por formas de expressão simbólica e ornamentação pessoal – que incluiu o “uso de materiais múltiplos e diversos para a fabricação de ferramentas especializadas”.

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