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O que é a placa de Ea-nasir, o primeiro exposed da história

Datado de 1.750 a.C, esse artefato histórico traz a reclamação de cliente mais antiga já registrada – e virou meme por isso.

Por Bruno Carbinatto
23 Maio 2024, 14h00 • Atualizado em 23 Maio 2024, 14h51
  • Parece um textão do Reclame Aqui. Mas é, na verdade, um artefato arqueológico que traz a reclamação de cliente mais antiga já encontrada.

    A placa de Ea-nasir é uma inscrição feita num retângulo de argila datado de 1.750 a.C., com 11,6 centímetros de altura e 5 cm de largura. Ela traz uma mensagem enviada por um homem chamado Nanni a Ea-nasir, um importante mercador da antiga Mesopotâmia.

    O texto, escrito em acadiano, é basicamente uma reclamação de Nanni sobre produtos do comerciante, acusando-o de vender cobre de baixa qualidade e de tratar mal tanto ele quanto seu mensageiro. Ele foi encontrado na década de 1920 e hoje faz parte do acervo do Museu Britânico

    Por ter um ar meio anacrônico e inusitado – parece uma avaliação de zero estrelas num marketplace –, e também por mostra que a artee da reclamação é tão antiga quanto as primeiras civilizaçõs da humanidade,  a placa de Ea-nasir virou meme nas redes sociais.

    A situação em detalhes é a seguinte: na cidade de Ur, na Antiga Mesopotâmia (onde hoje fica o Iraque, mais especificamente), havia um mercado de bronze chamado Ea-nasir. Ele viajava até Dilmun, uma cidade portuária que existia na região em que hoje é o Bahrain, para comprar lingotes de cobre e voltava a Ur para vender o metal  – que, por sua vez, era utilizado para fazer diversos itens e ferramentas importantes para a vida naquela cidade-Estado.

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    Um de seus clientes era um homem chamado Nanni. Segundo a versão deste comprador, porém, Ea-nasir não era um bom vendedor. O comerciante teria prometido lingotes de cobre de boa qualidade para ele, mas entregou um produto ruim.

    Nanni, então, ditou uma mensagem a um escriba, que escreveu, usando a escrita cuneiforme da época, na placa de argila. O recado já passou por diferentes traduções, todas mantendo mais ou menos o mesmo sentido de conteúdo. Em uma delas, lê-se:

    “Você não fez o que me prometeu. Você colocou lingotes que não eram bons para meu mensageiro e disse: ‘Se você quiser levá-los, pegue-os; se você não quiser levá-los, vá embora!'”

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    Nanni ainda reclama que o mensageiro enviado por ele foi tratado de forma rude por Ea-nasir e diz que já pagou pelo produto, mas ainda não o recebeu.

    “Tome conhecimento de que, a partir de agora, não aceitarei nenhum cobre seu que não seja de boa qualidade. Eu irei selecionar e pegar as barras individualmente em meu próprio quintal, e exercerei contra você meu direito de rejeição porque você me tratou com desprezo”, diz a mensagem.

    Quase 3.700 anos depois, o artefato foi encontrado pelo arqueólogo britânico Sir Leonard Woolley, numa expedição na região do Iraque que abrigava a cidade de Ur. O renomado pesquisador já tinha vasculhado as áreas em que viviam a elite do local e onde funcionava o governo daquela civilização antiga, mas queria também saber como era a vida da população comum. Ele focou as escavações nas quadras onde ficavam as casas e os comércios daquele centro urbano.

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    Foi ali que a placa foi encontrada – especificamente no que provavelmente era a casa de Ea-nasir, já que havia outros documentos em argila relacionados a seus negócios.

    O mais curioso é que, apesar de célebre, a placa nem é a única reclamação contra o comerciante; foram encontrados outros fragmentos que mostram clientes insatisfeitos com a qualidade do cobre de Ea-nasir, dizendo que não receberam seus pedidos e também cobranças de dívidas. Também há indícios de que ele tenha em algum momento parado com a venda de metais e focado em outros produtos, e, mais para o final da vida, teve que vender parte da sua casa para se sustentar.

    Em resumo, mau negócio. Fica o alerta: não comprem.

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