Desde o Egito Antigo, o Olho de Hórus é usado como amuleto de proteção. Ele é frequentemente encontrado na arte e nas gravuras das pirâmides, mas qual é a sua origem?
Deuses egípcios
Segundo a mitologia egípcia, Hórus é o deus que dá nome ao símbolo. Seu pai é Osíris, que por sua vez é filho do deus da terra Geb e da deusa do céu Nut.
Osíris, deus da fertilidade, foi traído e assassinado por seu irmão Set. Essa traição não apenas mergulhou o Egito em caos, como também deu início a uma outra história: a busca épica de sua esposa (Ísis) e seu filho (Hórus), pelas partes do corpo do pai, que foram espalhadas pelo reino.
A crença egípcia na vida após a morte tornava essencial essa busca. Juntar os pedaços do corpo de Osíris permitiria que seu espírito alcançasse o paraíso. A história culmina em uma batalha épica entre Hórus e Set, representando a luta entre o bem e o mal. Durante essa luta, Set destrói um dos olhos de Hórus. Mas, com a ajuda de Thoth, deus da magia, eles são curados.
Hórus, em agradecimento, oferece o olho como amuleto a Osíris, e o poder da peça revitaliza e sustenta o pai na vida após a morte. Mais tarde, Osíris foi transformado no deus dos mortos, responsável pelo julgamento das almas.
Importância do Olho de Hórus
Desde então, o Olho de Hórus passou a ser associado às oferendas funerárias, bem como a todas as oferendas feitas a divindades durante rituais em templos. Além disso, é um símbolo de proteção contra o mal e um zelo pela saúde e bem estar de quem quer que tenha o amuleto por perto.
Os antigos egípcios também foram pioneiros nas áreas da arte e da medicina, algo que é evidenciado nas medições artísticas do Olho de Hórus. Ele foi dividido em seis partes, conhecidas como frações Heqat.
Este sistema de medição é uma das mais antigas contribuições egípcias, em que os valores numéricos são percebidos como um padrão consequente. Gay Robins e Charles Shute discutem essa ideia em suas análises do “Papiro Matemático de Rhind”, que é considerado um dos mais antigos registros matemáticos da história. No Papiro, a unidade Heqat é descrita como uma medida de volume, utilizada para mensurar produtos como grãos e farinha, equivalente a aproximadamente 4,8 litros.
Os fragmentos do Olho de Hórus foram reunidos para formar o olho completo, refletindo a mitologia. Cada fragmento recebeu um valor numérico, com um numerador de um e denominadores que representam potências de dois: 1/2, 1/4, 1/8, 1/16, 1/32 e 1/64.
Algumas interpretações contemporâneas apontam para a semelhança entre a representação do Olho de Hórus e a estrutura do cérebro humano, especialmente em relação à glândula pineal. Essa associação teria sido a origem da frase “olho-que-a-tudo-vê”.