Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Por que o Império Romano resolveu virar cristão?

Por 300 anos, os seguidores de Jesus foram forçados a negar suas crenças, torturados e mortos. Até aparecer um tal Constantino

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h28 - Publicado em 31 Maio 2008, 22h00

Texto Reinaldo José Lopes

Toda professora de catecismo adorava contar a seguinte historinha: na véspera de uma batalha decisiva contra seu maior rival, o general romano Constantino viu no céu uma cruz flamejante com os dizeres latinos In hoc signo vinces – algo como “Com este símbolo vencerás”. Não deu outra: Constantino mandou pintar a cruz nos escudos de seus soldados, derrotou de goleada seu inimigo Maxêncio e virou imperador. Como sinal de gratidão, no ano 312 da nossa era, ele declarou que os cristãos não seriam mais perseguidos em seu império e se converteu à fé em Jesus, abrindo caminho para que o cristianismo se tornasse a religião dominante do Ocidente. A lenda é bonitinha, mas será que tem algum apoio na realidade?

Por incrível que pareça, o fato é que não foram apenas as frias motivações políticas que levaram Constantino a favorecer os cristãos. Por um lado, é claro que não dá para provar que a visão da cruz flamejante aconteceu mesmo (na verdade, os relatos mais antigos falam das duas primeiras letras gregas do nome de Cristo, parecidas com o P e o X maiús-culos do nosso alfabeto, e não de uma cruz). Por outro, numa época em que religiões ligadas a um deus único estavam em ascensão, a fé de Constantino no Deus cristão não seria incomum.

MINORIA PODEROSA

Continua após a publicidade

Por volta do ano 300, apesar das perseguições esporádicas, mas sangrentas, os cristãos tinham virado uma minoria relativamente rica e influente no Império Romano. Entre 5 e 10% dos cidadãos da área era adeptos do cristianismo, e a religião tinha se infiltrado na nobreza, no funcionalismo público e no Exército. Há indícios de que membros da família de Constantino eram cristãos. Ao mesmo tempo, cultos monoteístas (ou seja, a um só deus) estavam cativando outras pessoas. Entre os mais populares estavam a veneração ao deus persa Mitra ou à sua versão ocidentalizada, o Sol Invicto. Veio então a morte do imperador Constâncio Cloro, pai de Constantino, e a guerra civil de sucessão. Constantino foi vencendo todos os rivais, um após outro, até assumir o controle absoluto dos territórios romanos no ano 324.

O novo governante naturalmente atribuiu o triunfo ao favorecimento divino, e é possível que, por seu ambiente familiar e cultural, tivesse identificado essa divindade com o Deus do cristianismo. Isso porque a liberdade religiosa proclamada por ele foi imediatamente seguida por doações generosas às igrejas cristãs e intervenções pessoais do imperador para resolver debates teológicos entre elas. Constantino queria a unidade do império e a unidade da fé – é impossível determinar onde, para ele, começava uma coisa e acabava outra.

O falso vira-casaca

Continua após a publicidade

Ninguém nunca disse que a história é justa, mas uma das maiores injustiças dela foi legar o apelidado de “o Apóstata” (ou seja, o vira-casaca) a Flávio Cláudio Juliano, sobrinho de Constantino que assumiu o poder imperial no ano 360. Juliano, o Apóstata, como ficou conhecido, tentou restaurar o paganismo como religião dominante no Império Romano, mas nunca foi cristão de verdade para merecer o título de vira-casaca.

O que acontece é que, com o predomínio recém-conseguido dos cristãos, Juliano e os demais membros juniores da família imperial receberam uma ferrenha educação religiosa para se adaptar aos novos tempos, mas o futuro imperador odiava tudo aquilo e preferia mesmo estudar os filósofos e poetas pagãos da Grécia antiga, como Homero e Platão. Ao subir ao poder, reverteu boa parte das reformas religiosas de Constantino, mas o cristianismo já tinha se tornado tão poderoso que, com sua morte sem herdeiros numa guerra contra os persas, o paganismo deixou de vez de ser uma força política em Roma.

Estimativas sobre o número de cristãos mortos pelos romanos variam de 10 mil a 100 mil mártires executados do ano 30 ao ano 313.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.