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Quem inventou o prêmio Bola de Ouro?

Cerimônia nunca premiou Pelé nem Maradona. Entenda como ela funciona e a polêmica recente envolvendo a derrota de Vini Jr.

Por Manuela Mourão
30 out 2024, 19h00

Na última segunda-feira (28), aconteceu a Bola de Ouro, uma das maiores premiações do mundo do futebol. O espanhol Rodri, jogador do time inglês Manchester City, conquistou o primeiro lugar na categoria masculina. Já a jogadora do Barcelona Aitana Bonmati foi eleita como a melhor do futebol feminino pelo segundo ano consecutivo. 

Porém, o resultado surpreendeu e desagradou uma boa quantidade da população global, que esperavam que o vencedor da categoria “Melhor Jogador” seria o brasileiro Vinicius Junior, do Real Madrid, franco favorito para levar o troféu.

A polêmica se intensificou quando a informação que Vinicius não seria campeão foi vazada horas antes da premiação. Vini, o time do Real Madrid e a comissão técnica da equipe não compareceram ao Théâtre du Châtelet, em Paris, local do evento. Para a agência de notícias AFP, o time declarou que ” o [prêmio] Bola de Ouro não respeita o Real Madrid. E o Real Madrid não vai onde não é respeitado.” 

Rodri chegou no teatro ao som de vaias e subiu ao palco ouvindo gritos que clamavam por Vinicius Junior. 

Vamos entender a história e como funciona a Bola de Ouro.

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Nasceu em uma revista

A Bola de Ouro é o prêmio mais antigo dedicado a destaques individuais do mundo do futebol. A primeira edição aconteceu em 1956, realizada de forma independente pela revista francesa France Football.

Até 1994 apenas jogadores europeus ou naturalizados na Europa poderiam receber a glória. Por isso jogadores históricos como Pelé e Maradona nunca ganharam a competição. Foi só em 1995 que o primeiro atleta não europeu foi contemplado: George Weah, da Libéria, que naquele ano jogou pelo francês PSG e pelo italiano Milan.

Ainda demoraria alguns anos para que o prêmio aceitasse jogadores de clubes do mundo inteiro. Em 2006, a revista revisou as regras do evento e começou a abranger profissionais que atuavam em qualquer equipe. 

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Dez anos depois, em 2016, a France Football divulgou um relatório de como os resultados da Bola de Ouro teriam sido diferentes caso a regra de inclusão tivesse sido imposta desde o início.

O mea culpa da Bola de Ouro levou em conta o desempenho e as conquistas de jogadores que, pelos critérios antigos, não foram levados em consideração. Segundo a revista, Pelé levaria o prêmio em sete oportunidades, quatro delas em anos consecutivos. Maradona teria vencido em outros dois anos. Garrincha, Romário e o argentino Mário Kempes também teriam sido campeões. 

A categoria feminina, por sua vez, só foi introduzida na disputa em 2018 – jamais saberemos quantas Bolas de Ouro Marta teria recebido ao longo de sua carreira. Mas tudo bem: a Fifa já a elegeu como a melhor do mundo seis vezes.

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Hoje em dia, Lionel Messi é o maior ganhador da Bola de Ouro, com oito conquistas debaixo do braço. Entre brasileiros, o troféu já veio pra casa nas mãos de Ronaldo Fenômeno, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Kaká. 

Em 1999, a revista fez a eleição de Jogador de Futebol do Século, e pediu para que vencedores de edições anteriores votassem para indicar quem seria o chefão dos gramados, e adivinha? Pelé foi eleito com 122 votos e consagrado como o maioral.  

Além do melhor jogador da temporada (entre agosto e julho, período dos campeonatos europeus), o prêmio também reconhece treinador, goleiro, causa social, jogador jovem, artilheiro e o clube do ano. 

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Vale dizer que, mesmo com a presença de atletas e equipes femininas na disputa, algumas categorias ainda são premiadas exclusivamente para o cenário masculino. 

Como funciona a votação?

O nome de 30 jogadores que tiveram uma excelente campanha durante o período de avaliação são escolhidos pelo jornal L’Équipe e pela União das Associações Europeias de Futebol (UEFA) – que, aliás, fez sua estreia de participação este ano. Os nomes são enviados para jornalistas esportivos dos 100 países que ocupam as melhores posições no ranking da FIFA. No Brasil, o único a votar é o narrador Cléber Machado

(No caso das categorias femininas, vale dizer, os votante pertencem aos 50 países mais bem posicionados no ranking FIFA).

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Os repórteres, então, selecionam 10 jogadores da lista e, a partir de suas opiniões, montam uma ordem de desempenho, sendo o primeiro lugar o mais indicado para o prêmio e o último, o menos. Quem estiver no número um ganha 15 pontos, o segundo 12 e o terceiro 10 (o resto da lista ganha pontos também, mas não tanto quanto os três primeiros colocados). No final, quem tiver mais pontos na somatória geral leva o título. 

Para os organizadores do evento, devem ser levados três critérios na hora da votação: desempenhos individuais, caráter decisivo e impressionante; desempenhos e conquistas da equipe; classe e jogo limpo.

Em caso de empate, a definição é feita a partir da quantidade de vezes que o nome foi mencionado como número um – quem foi mais recomendado nessa posição, vence. 

A polêmica atual

Segundo Vincent Garcia, editor-chefe da France Football, o primeiro lugar deste ano não teria ido ao brasileiro por uma razão matemática.”Reflete a temporada do Real Madrid, que teve três ou quatro jogadores [entre os candidatos], e os jurados repartiram os seus votos entre eles, o que acabou por beneficiar o Rodri”, disse ao jornal L’Équipe Tv. O editor também comentou o boicote feito pelo time espanhol e disse ter ficado desagradavelmente surpreendido com a ausência deles“.

Vini venceu todas as enquetes feitas pelo L’Équipe e era o concorrente mais provável a vencer a disputa. Apesar do segundo lugar conquistado, surgiram grandes manifestações sobre o resultado afirmando ser mais um caso de racismo no futebol – desde 1995, apenas cinco jogadores negros receberam o troféu. Personalidades do mundo inteiro se incomodaram com a situação.

Em sua conta do X/Twitter, Vinicius Junior disse: “Eu farei 10x se for preciso. Eles não estão preparados”.

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