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Vulcanismo pode ter contribuído para a ruína do Egito Antigo

Os fragmentos expelidos pelos vulcões explicariam a mudança drástica no regime de chuvas, que comprometeu as cheias do Rio Nilo – e toda a economia egípcia

Por Guilherme Eler
Atualizado em 18 out 2017, 19h42 - Publicado em 18 out 2017, 19h40

Os últimos momentos de existência do império egípcio são para lá de atribulados. Desde o século 7 a.C., período em que os assírios começam a tomar controle da região, tudo vai só ladeira abaixo: depois deles, os persas permanecem alguns anos na jogada até serem substituídos por Alexandre, o Grande, e sua trupe. O triunfo do império macedônico, porém, dura só até a chegada dos romanos. O resto da história você deve se lembrar. Tudo culmina no emblemático suicídio de Cleópatra, rainha egípcia, em 30 a.C. Está decretada a vitória de Roma e do imperador Augusto.

O que um novo estudo descobriu, no entanto, é que o colapso do Egito Antigo pode ter sido influenciado não só por esses aspectos políticos, mas também por fatores naturais. Segundo evidências antigas, fragmentos expelidos por vulcões da época teriam comprometido drasticamente a dinâmica de nascentes do Nilo. Poeira e outros elementos químicos, como o enxofre, se espalham pela atmosfera, alterando as temperaturas e o regime das chuvas. A falta de chuvas explicaria a ausência de cheias regulares do rio – e o fim de qualquer chance de volta por cima por parte dos egípcios.

A pesquisa conclui que a erupção mais devastadora teria acontecido em algum local do globo no ano 44 a.C. Ela teria causado desdobramentos como perdas inestimáveis nas colheitas, conflitos internos, migrações em massa, proliferação de doenças e até mesmo retiradas de exércitos dos campos de batalha. 

Como descrito no Nature Communications, o grupo de cientistas chegou a essas informações combinando três referências: datas das erupções aliadas a simulações matemáticas, o Nilômetro (monumento que mantinha o registro histórico dos níveis do Rio Nilo) e documentos egípcios antigos, que dão detalhes sobre esse exato cenário de escassez.

Segundo os pesquisadores, a intenção do estudo não é revisar o que é dito nos livros de história, e sim oferecer uma explicação alternativa para o evento. “Há uma certa desconfiança entre os historiadores em atribuir grandes eventos históricos à influência de fatores ambientais”, explicou Francis Ludlow, também co-autor da descoberta, em entrevista ao The Guardian. “As pessoas não gostam de pensar que o que acontece em nossa sociedade pode estar além de nosso controle. Normalmente, preferimos explicar o passado dizendo o quão grandes e importantes foram essas figuras histórias.”

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