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Dupla-hélice no comando

O código da vida tem sigla: DNA. Entenda como a linguagem digital dessa molécula constrói os organismos.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h06 - Publicado em 31 out 2007, 22h00

Texto Giovana Girardi

Em 1953, os biólogos Francis Crick e James Watson publicaram um artigo na revista Nature desvendando a estrutura da hoje molécula mais famosa do mundo, o DNA, sigla para ácido desoxirribonucléico. Você pode até não entender muito bem como ele funciona, mas certamente conhece o desenho de escada de pintor torcida, a chamada “dupla-hélice”, e provavelmente tem uma noção de que ali estão as informações que herdamos dos nossos pais e que ditam as regras de como funciona o nosso organismo.

Pois bem, em linhas gerais, essa idéia de que os genes – trechos de DNA – influenciam todos os aspectos de um organismo compõe o chamado “dogma central” da biologia molecular, enunciado em 1958 por Crick. Segundo esse princípio, os genes fornecem às células as especificações para a construção das proteínas, moléculas que vão realmente colocar o maquinário celular para funcionar. São elas que, em última instância, ajudam a digerir um alimento ou rebater um invasor, por exemplo.

Para a ordem contida no DNA, no núcleo da célula, ser decodificada e transformada em uma proteína, em uma fábrica celular chamada de ribossomo, entra em ação uma outra molécula, prima do DNA, o RNA. De modo que a informação passa do DNA para o RNA mensageiro e desse para a proteína. E sempre nesse sentido, nunca no inverso, segundo diz o dogma.

As longas cadeias de DNA do genoma humano têm cerca de 3 bilhões de pares de “letras” químicas (normalmente apelidadas de A, ou adenina, T, ou timina, C, ou citosina, e G, ou guanina) que se combinam de duas a duas. Na verdade, a combinação é sempre de A com T e de C com G, formando os degraus da escada. Cada trinca de letras corresponde, no fim, a um “tijolo” básico das proteínas. Ocorre que, quando esse amontoado de letras foi enfim decifrado – ou seja, os cientistas mostraram a ordem em que essas letras aparecem –, no começo de 2001, observou-se que apenas 1% delas formam de fato genes, ou seja, trechos que serão transcritos pelo RNA e traduzidos em proteína.

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Lixo é a vovozinha

O resto do DNA, por aparentemente não ter função nenhuma, foi apelidado por muito tempo de DNA-lixo. Mas essa noção tem caído por terra nos últimos anos e, junto com ela, parte da força do dogma central. Vários estudos vêm mostrando que os demais trechos de DNA, que não formam um gene, trazem, sim, informações cruciais para estruturar o corpo.

Os primeiros resultados de um megaprojeto chamado Encode (“Enciclopédia dos Elementos do DNA”, na sigla em inglês) mostraram que praticamente todo o DNA é transcrito. As moléculas de RNA não lêem só os genes, os trechos que codificam proteínas: elas lêem todo o resto. Os cientistas responsáveis pelo projeto não sabem dizer exatamente o que acontece com essa informação, mas eles já perceberam que alterações na ordem das letras desses longos trechos, por exemplo, podem ser a causa de algumas doenças.

Outro baque para o dogma central foi a descoberta de que o RNA não é mero garoto de recados. A molécula é capaz de interferir na expressão do gene, destruindo o RNA mensageiro e impedindo a formação da proteína. O achado, apelidado de interferência de RNA (ou RNAi), rendeu o Nobel de Medicina em 2006 para os americanos Andrew Fire e Craig Mello, por possibilitar o desligamento de genes.

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