Anos de estudo e incontáveis teorias parecem ter ido por água abaixo com as enchentes que, em maio passado, deixaram quase uma centena de mortos na Colômbia: o El Nino continua surpreendendo. Quando os climatologistas começavam a acreditar que dominavam plenamente seus mistérios, ele voltou de forma desconcertante. “Ninguém podia imaginar esse retorno repentino”, admitiu Stephen Zebiak, do Observatório Geológico da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, autor do mais bem-sucedido modelo de previsão do fenômeno de aquecimento das águas do Oceano Pacífico que, de tempos em tempos, muda todo o clima global.
Até agora, dava-se como certo que ele acontecia em intervalos de três a quatro anos e durava cerca de dezoito meses. Tão certo que Zebiak não só previu a sua chegada em 1990, como sabia que iria dominar o clima em 1991 e recuar no meio de 1992, o que de fato ocorreu. Só que, em novembro passado, o fenômeno recrudesceu inesperadamente, culminando com as chuvas que devastaram os Andes. Para os técnicos, uma reincidência nunca vista antes. Pelo menos, não desde a década de 30, quando começou a ser monitorado.