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Extinção do tarpan: O selvagem sedutor

Os garanhões da espécie tarpan conseguiam convencer éguas confinadas a se juntar ao seu grupo. E os fazendeiros passaram a perseguir o animal

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 19h05 - Publicado em 31 out 2004, 22h00

Leandro Steiw

Nenhum animal retratado nesta revista teve um final tão inglório quanto o tarpan, um cavalo que viveu na região que se estendia da Espanha e do sul da França até a Rússia central. O último espécime selvagem, uma égua, morreu ao despencar de uma fenda no gelo enquanto fugia dos caçadores, em Askania Nova, na Ucrânia, em 1880. Naquela época, o Zoológico de Munique, na Alemanha, ainda tinha um exemplar em cativeiro. A morte desse solitário cavalo, em 1887, marcou a extinção do tarpan.

O naturalista S. C. Gmelin foi o pioneiro na pesquisa desses bichos selvagens, estudando-os a partir de quatro exemplares capturados perto de Bobrowsk, na Rússia, em 1768. Ele os descreveu como animais de cabeça desproporcional e com orelhas tão longas quanto as do asno. Como não conseguiu observá-los na natureza, Gmelin não obteve muitas informações sobre o comportamento do tarpan. Quem o classificou e catalogou, já no século 20, foi Helmut Otto Antonius, diretor do Zoológico de Schönbrunn, em Viena, Áustria. Para ele, o tarpan selvagem seria o ancestral dos cavalos do Oriente.

Nas primeiras vezes em que esses eqüinos foram analisados cientificamente, já havia poucos exemplares puros-sangues. Na época, os fazendeiros europeus avançavam rapidamente com plantações e rebanhos sobre o habitat dos garanhões selvagens, que encontraram nas éguas domesticadas uma alternativa para procriar. Aliás, impressionava a capacidade de liderança e conquista dos machos dessa espécie. Relatos indicam que eles “convenciam” animais confinados a se juntarem a seus grupos. Não era raro avistar uma fêmea com algum pedaço de arreio ou corda no pescoço galopando no meio da manada. Com isso, os problemas cresceram para o lado dos tarpans. A primeira encrenca foi com os fazendeiros, cansados de ver suas éguas desertarem pela liberdade. Eles também não queriam repartir as pastagens das redondezas com outros animais que não lhes pertencessem. Então passaram a abater os cavalos selvagens, reduzindo drasticamente as populações dos tarpans. Outro motivo para a extinção da espécie foi o cruzamento indiscriminado com as fêmeas domesticadas.

Os irmãos e zoólogos Lutz e Heinz Heck, que trabalhavam no Zoológico de Munique, na Alemanha, começaram em 1930 um programa de estudos para reverter a extinção do cavalo selvagem a partir da reconstrução do gene. Ainda nos anos 30, os esforços dos cientistas resultaram no chamado tarpan moderno. Assim como seus ancestrais selvagens, ele adquire a cor branca no inverno – embora a cabeça, o rabo e os pêlos sobre os cascos permaneçam escuros –, é resistente às baixas temperaturas e extremamente fértil. Apesar dessas características, mais a semelhança de porte, pelagem e força, não há evidência genética de que o tarpan moderno seja idêntico ao tarpan extinto em 1887.

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Tarpan

Nome científico: Equus caballus gmelini

Ano da extinção: 1887

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Habitat: Europa e Ásia

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