Greenpeace quer comprar usinas de carvão —para depois fechá-las
As usinas, que ficam na Alemanha, podem custar até 12 bilhões de reais para o grupo ambiental
A empresa Vattenfall, uma estatal sueca, está vendendo minas e usinas de carvão para se alinhar com a proposta do país de se tornar o primeiro do mundo livre de combustíveis fósseis. Como mudar o dono da produção não vai impedir que os recursos do planeta sejam utilizados, o Greenpeace vai tentar comprar as usinas para fechá-las gradualmente. Se o plano funcionar, até 2030 o carvão da produção já vai ter sido substituído por fontes renováveis de energia. Segundo o analista Rodger Rinke, da empresa financeira multinacional LBBW, o preço do conjunto de propriedades é maior que R$ 12 bilhões.
O Greenpeace, que tem um orçamento anual médio de R$ 1,5 bilhão, já disse que vai contar com doações e campanhas para conseguir o dinheiro, como comentou Juha Aromaa, porta-voz do grupo: “Acreditamos que a maioria da arrecadação viria das pessoas que nos apoiam, que estão interessados na aquisição para salvar o clima”.
O Greenpeace tem como objetivo manter pelo menos 80% das reservas atuais de carvão enterradas —segundo os cientistas, esse é o número mínimo para que o aquecimento global não passe do limite seguro dos 2ºC. Mas a própria Vattenfall não parece estar muito interessada na proposta: a empresa rejeitou a declaração de interesse da organização, dizendo que o Greenpeace não poderá fazer uma oferta e que não deve mais explicações sobre o assunto.
A diretora do programa nórdico do Greenpeace, Martina Krüger, disse que “O governo sueco prometeu que nenhuma nova mina seria aberta, o que é o primeiro passo para a eliminação gradual do carvão. Nós estamos com medo que, com a venda, eles agora estejam tentando escapar dessa promessa (…) nós podemos ver que eles só estão interessados na maior oferta”.
Apesar da análise que aponta que o preço total do conjunto de usinas e minas seja de R$ 12 bilhões, o Greenpeace diz que, com o declínio do valor do carvão e as regulamentações ambientais, esse valor deveria ser de aproximadamente R$ 2 bilhões. Krüger afirma que a proposta do Greenpeace é séria, e que, se a empresa não ceder, vai falar diretamente com o governo sueco. Mesmo se não conseguirem, disseram que vão pressionar a estatal para que a venda seja realizada com condições ambientais e sociais.