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Você está comendo sola de sapato no hambúrguer

Mais que força de expressão: a mesma substância utilizada para fabricação de pães é usada para fazer chinelos

Por Pâmela Carbonari Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 17 mar 2017, 13h00 - Publicado em 13 ago 2016, 00h15

Hamburguer

Não é à toa que muitos sanduíches de redes fast food têm gosto de chinelo. De fato, a cada mordida no lanche você ingere um pouco de borracha. O nome da substância responsável pela textura esponjosa é tão obscuro quanto sua utilização na indústria alimentícia: azodicarbonamida. O composto químico é um condicionador de massas e branqueador de farinhas que também é empregado na fabricação de tapetes de yoga, borracha para sola de sapatos, isopor e chinelos. É ele que dá resistência e leveza aos materiais.

Nos Estados Unidos, a substância deixou de ser um enigma em 2014 quando a blogueira ativista de saúde alimentar Vani Hari, do blog Food Babe, promoveu uma petição para que a rede de sanduíches Subway retirasse a azodicarbonamida de seus pães. A consulta teve mais de 78 mil assinaturas em dois dias e o Subway americano acatou o clamor público. Desde esse episódio, várias redes como Wendy’s, Chick-fil-A e McDonald’s deixaram de usar o composto, mas sem grande alarde.

A Food and Drug Administration(FDA), órgão que regulamenta alimentos e remédios nos Estados Unidos, aprova a utilização da azodicarbonamida como aditivo alimentar. No entanto, a OMS alerta sobre os riscos que a substância representa para a saúde – em um estudo realizado em 1999, os cientistas descobriram que ela pode causar irritações na pele, nos olhos, asma e outros problemas respiratórios. O Center for Science in the Public Interest (CSPI) relacionou o uso de altas doses do composto com incidência de câncer.

Ciente disso, a União Europeia proibiu que a azodicarbonamida seja usada na indústria alimentícia. Por aqui, a Anvisa considera a substância segura para consumo desde que não ultrapasse o limite de 0,004 gramas a cada 100 gramas de alimento. Segundo a Agência, essa é uma regra comum a todos os países do Mercosul.

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Procurado pela Super, o McDonald’s Brasil afirmou que não utiliza a azodicarbonamida em seus produtos. A rede Subway informou que desde o ano passado está modificando mundialmente suas receitas: “Uma nova fórmula de pão melhorada foi desenvolvida e passa por amplas baterias de testes de desempenho de consumo para que a aprovação final saia em breve no país”.

Com ou sem azodicarbonamida nos fast food brasileiros, continuamos com a sensação de estar mastigando sola de sapato.

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