6 relatos reais de brasileiros que tiveram premonições
Da criança que sonhava com mortos projetados numa sala de cinema à garota que escapou de um assalto ao ser alertada por espíritos, são de dar medo
Os depoimentos abaixo foram originalmente publicados em janeiro de 2018 na edição especial “Minha Experiência Sobrenatural” de MUNDO ESTRANHO. Eles foram cedidos por pessoas verdadeiras, que foram entrevistadas pelos nossos repórteres e autorizaram a publicação. Confira:
1) Eu e meu irmão sonhamos a mesma coisa – e ela aconteceu
“Dois anos atrás, sonhei com minha tia Luiza, irmã da minha mãe. Eu era um bebê de colo quando ela morreu num acidente de carro na Rodovia dos Imigrantes, que liga a capital paulista ao litoral sul do estado. Tinha 37 anos. Como convivemos por muito pouco tempo, foi por meio de fotos e relatos de família que passei a conhecer sua fisionomia e personalidade.
Nesse sonho, minha tia fazia uma visita. Era dia e ela estava sentada na sala da casa da minha família, perto da janela. Vestia roupas claras. Eu não conseguia ver seu rosto com clareza, mas tinha certeza de que era ela. Então ela falou comigo e disse que meu tio Lourival, irmão dela e de minha mãe, iria embora em breve. Eu não precisava me preocupar pois ele estaria com ela. `Vim buscá-lo¿, foi o que ela disse.
Reencontro
Tio Lourival batalhava contra um câncer de pâncreas havia três anos. Apesar de estar doente e internado havia algum tempo, seu quadro era estável, segundo os médicos. Ninguém na família esperava que ele fosse morrer naquela semana. Ainda assim, ao longo do sonho tive uma sensação constante de apreensão. No dia seguinte, acordei assustada.
Pela manhã, na mesa do café, contei o ocorrido para minha mãe. Foi nessa hora que, sentado ao nosso lado, meu irmão disse que também havia sonhado com a tia Luiza. Fez-se uma pausa, em que nenhum dos dois queria seguir com o próprio relato. Finalmente, antes mesmo que eu relatasse os detalhes do meu, ele disse que, em seu sonho, nossa tia avisava que levaria o doente. Meu irmão não lembra de tê-la ouvido falar, como eu, mas conta que a mensagem era clara.
Apoio familiar
Concluímos que ambos havíamos recebido a mesma mensagem e que nossa tia tentava se comunicar conosco. Aquilo não era um sonho feito de memórias ou imagens coletadas em retratos, era ela mesma, fazendo contato de outro plano. Poucos dias depois, nosso tio não resistiu ao câncer e morreu.
Acredito que o aviso de minha tia para mim e para meu irmão aconteceu nem tanto para antecipar o futuro, mas muito mais para que minha família encontrasse o conforto de que de fato meu tio não estaria sozinho para onde ele fosse e por isso, mesmo me assustando na hora, foi uma experiência que acabou sendo positiva para todos.”
Ana Braga tem 22 anos e é advogada. Além desse, ela e seu irmão já tiveram outros sonhos com familiares falecidos. Depoimento a Leonardo Uller.
2) O vidente acertou meu destino
“Aconteceu no meu aniversário de 34 anos, em 1996. Na época, meus filhos Matheus e Leonardo tinham, respectivamente, 4 e 2 anos de idade. À noite, decidimos jantar em uma cantina italiana no bairro da Vila Mariana, em São Paulo, para comemorar a data. O jantar transcorreu normalmente, sem nenhum acontecimento especial.
Na saída do restaurante, meu marido foi com nosso filho maior ao banheiro e eu fiquei com o caçula na porta esperando que o manobrista trouxesse nosso carro – chovia torrencialmente. Foi quando um senhor de uns 60 anos e estatura bem baixa, cerca de 1,60 m, se aproximou de nós na calçada. Ele tinha um visual bem diferente, com um quepe e uma roupa de soldadinho de chumbo. Atendia pelo apelido de `Seu Sargentinho¿. Carregava vários panfletos como se fossem notas de um realejo. Ali, na nossa frente, tirou um deles do bolo e começou a lançar profecias.
Futuro distante
A primeira foi sobre meus dois filhos: o mais velho trabalharia em altos cargos do governo e o mais novo seria jornalista, ele disse. Foi nessa hora que meu marido chegou e fez cara de quem não estava entendendo a situação. Seu Sargentinho então anunciou que nós quatro iríamos aos Estados Unidos `para visitar parentes¿ em julho do ano seguinte. Retrucamos em coro: nem tínhamos parentes por lá…
Meu marido ficou impaciente e quis ir embora. Estava claro que não levava nada daquilo a sério e, então, Seu Sargentinho decidiu dar provas de que sabia do que estava falando. Estávamos fazendo uma reforma em nossa casa, disse. Era verdade. E, acrescentou, provavelmente trabalhávamos com papéis.
A confirmação
De fato, nós dois trabalhávamos no mercado editorial na época e estávamos fazendo reparos em casa. Mas a coisa só ficou estranha mesmo quando, um mês depois, minha irmã anunciou que estava de mudança para Los Angeles para tentar vida nova em solo norte-americano. Decidimos ir visitá-la e conhecer a cidade, e as férias em que conseguimos fazer a viagem eram, justamente, as de julho do ano seguinte.
Meus filhos cresceram e decidiram suas profissões. Matheus tornou-se diplomata e hoje vive em Brasília, trabalhando no serviço de relações internacionais do governo. Leonardo decidiu ser jornalista. Percebendo que tudo que aquele homem nos havia dito se concretizara, decidi procurá-lo.
Voltei ao mesmo local onde o encontrara e consegui seu telefone com os funcionários do restaurante. Em casa, disquei o número e ouvi sua mulher atender do outro lado da linha. Expliquei a situação, mas ela pareceu nervosa com o que ouviu. Disse que ele não falaria mais comigo. Ofereci dinheiro, insisti, mas não tive sucesso.”
Fernanda Pires tem 54 anos e trabalha no setor comercial de uma editora de livros. As profecias de Seu Sargentinho se concretizaram e ela nunca mais passou por situação semelhante. Depoimento a Leonardo Uller.
3) Vi a morte ser anunciada numa sala de cinema
“Eu tinha 5 anos quando minha mãe morreu. A perda deixou meus parentes em choque e, enquanto eles pensavam na melhor maneira de me dar a notícia, comecei a desenhar numa folha. Fiz uma estrela e disse que representava minha mãe. Ninguém acreditou na coincidência. Vivi assim a infância, com uma sensibilidade acima do comum e algumas histórias de difícil explicação.
Quando eu tinha 8 anos, fui passar a noite na casa de uma tia, como já havia feito inúmeras vezes. Dormi e sonhei que entrava numa sala de cinema. Eu era uma criança, mas estava sozinha e não havia mais ninguém ao redor. Me acomodei numa poltrona e esperei o filme começar. A tela se iluminou e rodou uma fita antiga. As imagens eram em preto e branco e logo percebi que tinham um padrão: todas mostravam pessoas mortas. Algumas eram da minha família, outras, conhecidas. Enquanto os retratos se alternavam, meu raciocínio foi se confirmando e tive aquela certeza típica dos sonhos: a morte ligava todos os personagens.
Mas a última imagem a aparecer destoava das outras. Era do meu avô, que estava vivo na época! O sonho acabou com esse ponto curioso e, assim que acordei, no dia seguinte, o contei à minha tia. Ela também achou insólito, mas, na hora, não fizemos interpretações. A manhã seguiu tranquila até que, pouco antes de nos sentarmos para almoçar, o telefone tocou. Era minha outra tia, muito abalada, que ligava para informar a morte do pai. Havia falecido durante a madrugada, vítima de um ataque cardíaco, no mesmo momento em que eu sonhava com ele. Chorei por perder meu avô e, ao mesmo tempo, me assustei com a coincidência.
Nova sessão
Mais ou menos dois anos depois, de novo na casa dessa tia, o sonho se repetiu: eu estava sentada sozinha em uma sala de cinema e, mais uma vez, assistia a um filme antigo em preto e branco. As imagens de pessoas mortas se intercalaram e, dessa vez, o retrato do meu avô apareceu também, e isso fez sentido. Mas, logo em seguida, vi surgir o rosto de um tio do meu pai, alguém que eu sabia que estava vivo.
Logo que acordei, comentei o novo sonho. A repetição havia me deixado curiosa, mas não imaginei que fosse mais um presságio. Afinal, eu nem era pr��xima desse parente. Concluí que se tratava de, no máximo, uma lembrança. Não era. No dia seguinte, meu pai recebeu a notícia de que o tal tio havia sofrido um acidente de carro fatal.
Os anos passaram e perdi a abertura que, acredito, me permitia ter acesso a informações como essas. Senti muito medo depois das duas premonições e, até hoje, antes de deitar, torço para não entrar em nenhuma sala de cinema enquanto durmo.”
Izabel Tebar tem 24 anos, é jornalista e acredita ter perdido a sensibilidade para premonições. A experiência nunca mais se repetiu. Depoimento a Leonardo Uller.
4) Sonhei com meu marido antes de conhecê-lo
“Parece uma história de filme, mas é a minha. Começou quando eu estava prestes a fazer 21 e uns amigos que frequentavam um centro espírita me enviaram uma mensagem dizendo que eu receberia um presente especial de aniversário em breve. Fiquei curiosa, mas eles não disseram mais nada. Nem o que era, nem quando viria.
Por coincidência, logo em seguida, sonhei com um homem de cabelos longos que me abraçava e pedia para ter calma. De uma hora para outra, a presença dele passou a se repetir nos meus sonhos. Onde quer que a ação estivesse ocorrendo, ele aparecia para falar comigo. Vestia calça e camiseta todas as vezes e ele era lindo, com cabelos pretos e lisos cortados na altura dos ombros. Logo nos encontraríamos, era a mensagem que ele me trazia. Por três meses, sonhei com esse homem quase toda noite.
Presente atrasado
Enquanto isso, meu aniversário chegou e recebi alguns presentes, mas nada da tal encomenda especial chegar. Como o aviso vinha de um centro espírita, não esperava um objeto material, mas, sim, uma oferenda impalpável, uma alegria. Cogitei a hipótese de um novo namorado, de tão recorrentes que eram os sonhos, mas descartei rapidamente. Eu já tinha um relacionamento e estava havia mais de oito anos com a mesma pessoa. Um belo dia, os sonhos cessaram e eu esqueci do assunto.
Mais um tempo se passou até que, em um festival de cultura repleto de oficinas e shows, minha turma fez amizade com outro grupo. Nele, havia um rapaz legal de boné que tratava todo mundo bem e tinha uma energia positiva, tanto que, em seguida, virou nosso amigo também. Saímos algumas vezes e eu gostava da companhia, mas não percebia nada de extraordinário em sua presença.
Isso mudou no dia em que ele apareceu pela primeira vez sem o habitual boné. Bati o olho nos cabelos soltos, compridos e lisos, e senti um arrepio. Minha primeira reação depois disso foi abaixar o olhar e analisar atentamente sua roupa. Ele estava vestido do mesmo jeito que o homem dos meus sonhos!
Mudança de planos
Depois desse dia, fiquei confusa, mas decidi seguir minha intuição. Não sei se fiquei impressionada com os sonhos ou tocada pela energia boa dele, mas vi que estava me apaixonando de verdade. Ao mesmo tempo, meu relacionamento de oito anos já não me deixava feliz. Tomei coragem para encerrar aquela história longa e, em seguida, me aproximei do rapaz dos cabelos compridos. Para minha sorte, a atração foi recíproca.
Estamos juntos há sete anos e sei que não pode ser uma coincidência. Entendo que vivi um fenômeno sobrenatural, ainda que não consiga dar uma explicação a ele. Nunca fui a maior das céticas, nem tampouco a mais crédula. Entendo que tudo começou com um aviso de um local espiritualista, mas vejo mais como um movimento do amor. Meu marido não acredita que o vi antes de nos conhecermos e isso me deixa bem triste porque as imagens que enxergava enquanto dormia eram muito nítidas e parecidíssimas com a realidade. Para mim, essa é, sobretudo, uma história romântica.”
Juliana Gomes tem 28 anos e é enfermeira. Esses foram os únicos sonhos premonitórios que teve na vida. Depoimento a Laíssa Barros.
5) Recebi um aviso do além e escapei da violência
“Comecei a fazer um curso de médium a pedido da minha mãe, que insistia que eu frequentasse o local por achar que me faria bem. O centro espírita era muito afastado da minha casa e as ruas em volta dele era bem desertas, com terrenos descampados. Isso me deixava apreensiva ao voltar das aulas, à noite, pois os ônibus demoravam a passar. Esperei o transporte muitas vezes sozinha e morrendo de medo.
Além do temor do bairro, o curso em si mexia comigo. Eu sentia o corpo todo tremer, ficava aflita durante os encontros e tinha muita vontade de sair correndo. Quando podia, arrumava uma desculpa para faltar. Nessa mesma época, comecei a namorar um garoto e, pouco tempo depois, conheci a família dele. Não foi um encontro com muita conversa, mas tudo tinha corrido bem, eu achava.
Recado inesperado
Então chegou o dia da aula, eu fui até o centro sozinha e passei por tudo de novo: angústia dentro e, depois, fora do local. No dia seguinte, recebi uma ligação do meu namorado dizendo que a avó dele precisava muito falar comigo e gostaria de me ligar. Achei estranho, afinal, aquela senhora só tinha me visto rapidamente uma vez. Ele não sabia me dizer do que se tratava e, quando concordei, passou meu telefone para ela.
Ela me ligou em seguida e disse que, no dia em que me conheceu, recebeu o pedido de alguns espíritos para que ela me ajudasse. A senhorinha disse que, primeiro, acendeu uma vela para mim e a vela entortou – mau sinal, segundo ela. Por isso, havia decidido falar comigo diretamente e me dar um recado: eu deveria parar de frequentar o centro espírita imediatamente e não voltar mais ao local. Segundo ela, a mensagem era apenas essa. Acrescentou que não era adepta do espiritismo, mas que recebia recados de espíritos desde criança e que simplesmente aprendera a viver assim, passando-os adiante até o destinatário final. Disse que rezaria por mim e desligou.
Salva pelos espíritos
Fiquei sem entender muito, mas obedeci e faltei já na aula seguinte. Bem naquela noite, o centro foi assaltado por homens armados que levaram tudo o que as pessoas presentes possuíam, inclusive os carros. A ação foi tão grande que o crime acabou famoso na minha cidade e a polícia concluiu que os ladrões o planejavam havia semanas, rondando e observando o lugar. Quando recebi a notícia, não soube o que pensar. Era muita coincidência para não ser verdade. Depois do crime, o centro foi fechado. A senhorinha nunca mais me ligou.”
Rafaela Rodrigues tem 31 anos, é fotógrafa e ainda frequenta centros espíritas. Depoimento a Laíssa Barros.
6) Recebi a notícia de duas mortes em sonhos
“Na quinta série, conheci uma amiga que estudou comigo até o final do colégio. Quando ela estava com 18 anos, passou a se sentir mal e foi hospitalizada. Os médicos não tinham um diagnóstico e, na época, não sabia bem o que estava acontecendo. Fui visitá-la e a vi bem-humorada, fazendo piadas. Isso me deu uma sensação de leveza e me fez acreditar que seu problema não era sério. Fiquei tranquila.
Até que tive um sonho e, nele, uma enfermeira vinha me contar que minha amiga estava morta. No dia seguinte, fiquei sabendo que os médicos haviam finalmente descoberto sua doença: leucemia. O quadro foi piorando e, poucas semanas depois, ela de fato morreu. Recebi a notícia por WhatsApp do primo dela, que me disse onde seria o velório.
Entrei em choque por dois motivos. Primeiro, porque ela era nova demais para morrer. Segundo, porque alguém ou alguma força sabia do seu fim e isso chegou até mim antes de o fato ocorrer. Não consegui entrar na sala onde ela estava sendo velada pois estava muito abalada. Conversei com seus familiares na porta e, quando o caixão foi fechado e levado para o enterro, o vi descer à terra de longe.
Rosto desconhecido
Depois disso, sonhei que a mãe de um amigo havia morrido. Quem se aproximou e me avisou da morte, dessa vez, foi o marido. Eu não conhecia os pais desse amigo e nunca havia visto nem fotos deles. Mesmo assim, lembro que o sonho trazia detalhes perfeitos da fisionomia de seu pai. Ele me dizia: `Ela morreu. Ele tem que aceitar e você tem que ajudá-lo¿. Entendi que se referia ao filho, que ficaria devastado com a perda.
Ainda no sonho, vi meu amigo sentar-se na minha cama com uma blusa preta de manga longa e chorar desesperadamente. Acordei, comentei o episódio com minha mãe e segui a vida. No dia seguinte, à noite, cheguei em casa e vi uma postagem no Facebook desse mesmo amigo. Ele dizia que sua mãe estava hospitalizada. Mais uma vez, fiquei em choque. Fui dormir e, de manhã, acordei minutos antes de o telefone tocar: ela havia morrido. Fui ao velório, vi meu amigo vestido com a mesma roupa do sonho e conheci seu pai, cuja fisionomia era idêntica àquela com a qual eu havia sonhado.”
Jéssica Marques tem 22 anos, é jornalista e tem com frequência sonhos que se tornam realidade. Depoimento a Leonardo Uller.