Como distinguir as cobras venenosas das não-venenosas?
Pelo formato da cabeça: a das venenosas é triangular. Isso, pelo menos, é o que se costuma dizer por aí – mas trata-se de uma generalização perigosa. A diferenciação entre elas está longe de ser tão simples assim. Outros detalhes anatômicos – como a cauda, as escamas e a pupila – também ajudam na distinção, […]
Pelo formato da cabeça: a das venenosas é triangular. Isso, pelo menos, é o que se costuma dizer por aí – mas trata-se de uma generalização perigosa. A diferenciação entre elas está longe de ser tão simples assim. Outros detalhes anatômicos – como a cauda, as escamas e a pupila – também ajudam na distinção, mas existem tantas exceções à regra que eles, por si só, são insuficientes. O método mais seguro é observar a presença de um pequeno orifício entre os olhos e as narinas: a chamada fosseta loreal. “Todas as serpentes venenosas, com exceção da cobra coral, são dotadas desse orifício, que não aparece nas não-venenosas”, afirma o biólogo Otávio Marques, do Instituto Butantan, em São Paulo. O tal buraquinho é, na verdade, um órgão termorreceptor – ou seja, um detector de calor – de altíssima sensibilidade, capaz de perceber variações de temperatura da ordem de 0,003 grau centígrado. Além desse traço revelador, há também significativas diferenças de comportamento entre os dois tipos de ofídios.
A principal delas é que os venenosos têm hábitos noturnos – embora também possam ser avistadas de dia. Outra coisa: serpentes inofensivas fogem quando ameaçadas. As peçonhentas não: elas se enrodilham e armam o bote. Mas também há exceções em ambos os casos. Existem cerca de 2 500 espécies de cobras, das quais cerca de 260 são encontradas no Brasil. Dessas, menos de 30% são peçonhentas e as mais perigosas pertencem ao grupo dos crotalíneos, agrupadas em três gêneros: Bothops, também conhecidas como jararacas; Crotalus, popularmente chamadas de cascavéis; e Lachesis, as surucucus. Juntas, respondem por 99% dos ataques a seres humanos.
As características que distinguem as serpentes peçonhentas são sutis – e, ainda por cima, há exceções às regras
As escamas das cobras venenosas são como quilhas, alongadas e pontudas, dando ao tato uma sensação de aspereza
Cobras venenosas têm a cabeça triangular, bem destacada do corpo e com escamas miúdas. Mas essa regra não vale para a venenosíssima coral
Os olhos das cobras venenosas têm a pupila em fenda vertical
A cobra à esquerda – uma dormideira da espécie Dipsas albifrons – não tem veneno. O problema é que ela é facilmente confundível com a perigosíssima jararaca (Bothops jararaca, acima). Ambas vivem na Mata Atlântica brasileira e têm o desenho das escamas muito parecido. Além disso, mesmo sendo inofensiva, a dormideira apresenta traços típicos das cobras venenosas, como cabeça triangular e pupilas em fendas verticais
A identificação mais precisa de uma cobra venenosa está nesse pequeno orifício entre os olhos e as narinas, chamado fosseta loreal. Mas há uma exceção à regra: a venenosa coral não apresenta esse traço