Não é exatamente uma temporada em um hotel cinco estrelas. Em nome da ciência, os astronautas precisam fazer alguns sacrifícios. Você já imaginou ficar mais de um ano sem tomar um banho de chuveiro? Pois saiba que a falta de uma boa ducha é só o lado mais “porquinho” das privações que os aventureiros siderais enfrentam em órbita. Isso porque, no espaço, a regra de ouro é evitar o desperdício. Por uma questão de peso, a quantidade de suprimentos que o ônibus espacial carrega na decolagem é relativamente pequena. E, como custaria milhões de dólares mandar um ônibus espacial de reabastecimento, os ocupantes precisam racionar comida e reaproveitar tudo o que for possível, principalmente água. É por isso que todo o líquido (sim, até o xixi dos astronautas) é reciclado e usado de novo, seja nos sistemas de resfriamento, seja na higiene pessoal e até para beber. “No momento, temos fartura de água na estação. Mas é melhor não pensar de onde virá o próximo gole…”, diz o engenheiro Jim Reuter, líder do grupo de ambiente e suporte de vida da Estação Espacial Internacional (EEI), o mais ambicioso módulo espacial já colocado em órbita pelo homem. Na EEI, o dia-a-dia dos astronautas é bem definido: eles dormem cerca de oito horas e trabalham de dez a 12 horas, incluindo duas sessões de exercícios para evitar o atrofiamento da musculatura pela pouca gravidade. Ainda sobra um tempinho para relaxar, ler um bom livro ou simplesmente olhar pela janela e aproveitar o visual do cosmo. Até hoje, o ser humano que passou mais tempo no espaço foi o russo Sergei Avdeyev, que ficou por 380 dias na estação russa MIR, entre 1998 e 1999. Foi uma temporada cheia de regras, com muito trabalho e pouca diversão. E você sempre quis ser astronauta…
Ralação sideral Astronautas trabalham muito, economizam comida e bebem xixi reciclado
Descanso merecido
Nas folgas, os astronautas gostam de brincar com a falta de gravidade ou olhar o incrível nascer e pôr-do-sol no espaço – na Estação Espacial Internacional (EEI), esse espetáculo ocorre a cada 45 minutos. Outras formas de matar o tempo incluem filmes, livros, jogos de cartas ou uma conversa com a família por meio de um telefone especial e canais privativos de som
Rango voador
Como a gravidade zero faz as comidas flutuarem, os astronautas costumam brincar com as bolhas de suco ou de leite que voam pela nave. Para economizar peso, a maior parte da comida vem desidratada da Terra. Na hora do rango, ela vai para um reidratador, que borrifa água nos alimentos. Ao longo das três refeições, os astronautas consomem cerca de 1 900 calorias diárias
Esponja higiênica
Banho de ducha, nem pensar. Como a água é racionada, os astronautas recorrem a panos úmidos para tirar o excesso de sujeira do corpo. Nos cabelos, eles usam como xampu um creme que não precisa ser enxaguado, desenvolvido para pacientes de hospitais que não podiam ir ao banheiro. Para o barbeado, a opção é um creme que faz espuma sem água
Soneca vertical
Para não ficarem flutuando pela EEI enquanto dormem, os astronautas puxam um ronco presos numa espécie de saco de dormir. Mas a diferença principal é que eles não precisam ficar deitados: como a gravidade é quase nula, o sangue não fica acumulado nos pés e eles podem tirar uma soneca de pé. É mais prático e economiza espaço
Lavadeiras galáticas
Nem a combinação da tecnologia espacial de americanos e russos inventou um sistema moderno para lavar a roupa no espaço. Os astronautas apelam para uma saída primitiva: coloca-se água, sabão e a roupa dentro de um saco plástico. Mexendo o tecido com a mão, o astronauta dá um autêntico “banho de gato” na roupa
Troninho hi-tech
A privada espacial é, na verdade, uma mangueira a vácuo que suga os excrementos. Funciona bem como você está pensando: o cara posiciona a mangueira na “zona do agrião” e liga o sistema de sucção. A urina vai para a reciclagem e as fezes só serão mandadas embora na próxima nave que aparecer. Ah, cada astronauta tem sua própria mangueira…
Reciclar é preciso
Por meio de coletores espalhados pela estação espacial, toda a água utilizada na nave é recolhida seja da higiene, de experiências científicas, do funcionamento de equipamentos e até o vapor do suor dos astronautas. Em seguida, todo esse líquido passa por um processo de purificação e filtragem, podendo servir até para o consumo humano