Como pode uma pessoa morrer de frio?
Se o frio externo ao corpo é muito extremo, nossa capacidade de ajustar a temperatura interna fica comprometida
A temperatura normal do corpo humano (37ºC) é regulada por uma região do cérebro chamada hipotálamo – ela nos faz suar quando o corpo precisa esfriar e nos deixa arrepiados quando necessitamos preservar calor no organismo. Se o frio externo for muito intenso, a primeira área a ser afetada é justamente o hipotálamo, que acaba perdendo essa capacidade de ajustar nossa temperatura. Como todas as reações químicas dentro do nosso organismo precisam de calor para se realizar, uma temperatura muito gelada faz com que as funções vitais aos poucos diminuam seu ritmo. “Se a pessoa estiver desagasalhada, abaixo dos 28ºC ela entra em estado de hipotermia – que quer dizer falta de calor para o corpo trabalhar”, afirma o fisiologista Mauro Antônio Griggio, da Unifesp. Trocando em miúdos: o coração, que precisa de energia – e, conseqüentemente, de calor – para bater, começa a reduzir o ritmo. O mesmo acontece com a respiração, que precisa da contração de músculos para funcionar.
Como a transmissão de impulsos do sistema nervoso central também precisa de calor, o indivíduo passa a perder sua sensibilidade. Dessa forma, ele vai perdendo a consciência até o coração parar de vez. O tempo que uma pessoa leva para morrer de frio varia de acordo com certas circunstâncias: se estiver ventando, por exemplo, ele é mais curto, pois o vento resfria o corpo com muito mais facilidade. “A uma temperatura de 10ºC, já bastante agressiva ao corpo humano, esse processo pode levar cerca de cinco horas para acontecer – isso se a pessoa estiver bem nutrida e agasalhada – infelizmente, esse não costuma ser o caso da maioria das pessoas que morrem nessas condições: em geral são moradores de rua”, diz Mauro.