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Como se forma o pum?

Por Artur Louback Lopes
Atualizado em 22 fev 2024, 11h20 - Publicado em 18 abr 2011, 18h47
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Em condições normais, a maior parte dos gases que formam o peido vem da nossa boca. Apenas 10% desses gases surgem na fermentação do alimento ao longo do nosso intestino grosso. O resto nada mais é do que ar que engolimos sem querer durante a alimentação ou mesmo bolhinhas de ar presente na saliva ou em bebidas gaseificadas (refrigerantes e cerveja, principalmente). Esses gases percorrem todo o tubo digestivo até encontrarem os gases produzidos pela ação de bactérias sobre a comida. Juntos, esses gases chegam à ampola retal – a última parte do tubo digestivo, que termina no ânus – e ali ficam comprimidos até você abrir uma brecha para eles saírem e empestarem o ambiente. Isso acontece de 12 a 25 vezes ao dia (você peida dormindo, sabia?), liberando ao todo de 1 litro a 1 litro e meio de gases. E se você pensa que homens peidam mais do que as mulheres, está redondamente enganado. Peido não escolhe sexo, mas mulheres, de uma forma geral, têm mais vergonha de aliviar seus gases em público. Cheiro e som tampouco escolhem sexo. O cheiro depende do que você comeu e o barulho é uma junção de fatores. “É uma correlação entre a velocidade de liberação, a contração do esfíncter (a válvula que controla o abre e fecha do ânus), a umidade local e a quantidade de gordura das fezes, que lubrifica o tubo digestivo”, afirma a gastroenterologista Luciana Camacho-Lobato, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

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A todo vapor! Comendo repolho ou não, você libera pelo menos 1 litro de gases todo dia

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1. Ao longo do dia, enquanto falamos, mascamos chiclete e, principalmente, durante as refeições, engolimos, sem querer, pequenas porções de ar. Pessoas que fumam, se alimentam muito avidamente e falam enquanto comem, engolem ainda mais ar. Além disso, bebidas gaseificadas e a própria saliva levam um pouco de ar em pequenas bolhas

2. O ar engolido (cerca de 80% de nitrogênio e 20% de oxigênio) passa pela faringe, pelo esôfago e chega ao estômago, onde forma uma espécie de câmara gasosa. Parte desse ar faz o caminho de volta e é expelida pela boca: é o arroto. Outra parte é absorvida pelo organismo, e o resto segue pelo tubo digestivo, junto com a comida

3. As paredes do tubo digestivo absorvem porções de gases que interessam ao nosso corpo, junto com nutrientes retirados do alimento. Nesse processo algumas moléculas de gás ficam presas nas paredes e não são absorvidas. Remédios para gases atuam retirando essas bolhinhas, que se juntam ao resto dos gases

4. A comida só é atacada por bactérias no intestino grosso. A acidez inviabiliza a vida delas em outros órgãos. A parte final do intestino delgado até poderia recebê-las (ela não é nem ácida, nem alcalina) mas a região é rica em células de defesa, que destroem as bactérias que pintam por ali

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5. No intestino grosso, bactérias fermentam o alimento, produzindo vários tipos de gases e compostos. Bactérias aeróbicas (que precisam de oxigênio) produzem gás carbônico e as anaeróbicas, metano. Além disso, dependendo do alimento, elas geram alguns compostos – sulfetos, ácidos graxos e enxofre – que dão cheiro aos gases, naturalmente inodoros

6. Há trilhões de bactérias de diversos tipos no intestino grosso. Isoladamente algumas delas poderiam nos fazer mal, mas outras bactérias impedem que elas existam em número exagerado. Esse equilíbrio é importante: além de gerar doenças, o desequilíbrio gera produção exagerada de gases

7. O ânus é como um anel, com uma válvula (chamada esfíncter) de cada lado. A do lado de dentro abre-se involuntariamente, quando a ampola retal fica cheia (de fezes ou de gases). A de fora você controla e pode abrir de pouquinho em pouquinho. Mas quando a pressão gasosa é muito forte, não tem jeito: o barulho é inevitável

Cheiro de quê? Feijão gera mais gases, mas carnes fedem mais
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O cheiro do pum depende do que você come. A fermentação de certos alimentos produz substâncias malcheirosas que se unem aos gases inodoros (nitrogênio, gás carbônico, oxigênio, hidrogênio e metano) e fazem uma mistura ficar fedida:

• Feijão, assim como ervilha, grão-de-bico, repolho e outros, contém rafinose, um açúcar que não conseguimos digerir. Por isso, uma grande parte desses alimentos é fermentada, produzindo muitos gases

• A fermentação de proteína gera enxofre e sulfetos de hidrogênio e carbono. Gordura gera ácidos graxos. Por isso, carnes e ovos causam os pums mais fedorentos

• Laticínios causam muitos gases em pessoas que não têm a enzima que digere lactose, o açúcar do leite. Nesse caso, a lactose chega intacta ao intestino grosso

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