Como seria um apocalipse zumbi no Brasil? Parte 5: Fuga
Para onde fugir, em caso de apocalipse zumbi no Brasil? Nosso mapa indica as principais rotas migratórias e quatro "esconderijos" país adentro
ILUSTRA Rainer Petter
ESSA É A ÚLTIMA PARTE DA MATÉRIA DE CAPA APOCALIPSE ZUMBI NO BRASIL. CONFIRA AS OUTRAS:
– Parte 1: Saúde
– Parte 2: Política
– Parte 3: Militares
– Parte 4: População Civil
29. Os novos bandeirantes
Lembra que você aprendeu na escola que nossa colonização foi concentrada no litoral e, por isso, lá estão as cidades mais populosas? Então: é nelas que a doença se disseminará mais rápido. O caos irá se espalhar e, com o tempo, tanto fugitivos saudáveis quanto desmortos migrarão rumo ao oeste. A epidemia se organizará num fluxo da costa para o interior.
30. Ninguém escapa
Se o contágio começasse mesmo em um hospital do Rio de Janeiro, médicos, enfermeiros e parentes do infectado seriam os primeiros a propagá-lo. Depois, agentes funerários e religiosos. Mesmo considerando que apenas cadáveres ambulantes espalhassem a doença, andando a 0,5 km/h, o avanço seria impressionante: em menos de três semanas, estariam em Brasília.
31. A terra prometida
Na dúvida, vá para o Centro-Oeste. A região é plana (o que facilita a vigilância), tem gigantescas áreas desocupadas e muita comida (Mato Grosso é o maior produtor de gado bovino do país). O único problema seriam os fazendeiros, dados a repelir invasores com violência. Evite o Pantanal, que tem terreno impróprio para fugas de emergência e predadores como onças.
32. Radical demais
Não adianta só se isolar: o local também precisa ser propício ao longo período de sobrevivência. Por exemplo: a ilha de Trindade, a 1.167 km do continente, é o ponto mais remoto habitado no Brasil, mas não tem rios e quase nenhuma fonte de alimentos. Os quase 3 km de altitude do Pico de Neblina ofereceriam proteção, mas escalá-lo poderia levar até duas semanas.
PARA ONDE CORRER
Veja qual dos destinos é mas perto para você
SANTA MARIA (RS)
Distância: a 290 km de Porto Alegre
Densidade: 146 habitantes por km2 (média)
Vantagens: possui uma Base Aérea da FAB e a 3ª Divisão do Exército, com 6,7 mil homens, divididos entre infantaria blindada, bateria antiaérea cavalaria mecanizada.
SÃO ROQUE DE MINAS (MG)
Distância: a 320 km de Belo Horizonte
Densidade: 3,1 habitantes por km² (baixa)
Vantagens: longe dos grandes centros urbanos. Isolamento e proteção no Parque da Serra da Canastra, com inúmeras nascentes e fauna variada.
JAPURÁ (AM)
Distância: a 919 km de Manaus (distância fluvial)
Densidade: 0,13 habitante por km² (baixíssima)
Vantagens: acessível só por barco, é o local mais desabitado do Brasil. Por ser divisa com a Colômbia, é enquadrada como Área de Segurança Nacional
MATEIROS (TO)
Distância: a 274 km de Palmas
Densidade: 0,23 habitante por km² (baixíssima)
Vantagens: área pouco povoada. O Parque Estadual do Jalapão abriga animais, como veados, antas e capivaras, e é entrecortado por riachos de água transparente
ANÁPOLIS (GO)
Distância: a 59 km de Goiânia
Densidade: 358 habitantes por km² (média)
Vantagens: conta com o segundo maior polo farmoquímico do país, com mais de 20 indústrias de medicamentos (entre elas o Laboratório Teuto/Pfizer), que poderiam pesquisar uma cura
AS PIORES CIDADES
Se você mora nelas, reze para os mortos nunca saírem dos túmulos
FLORIANÓPOLIS (SC)
A “Ilha da Magia” viraria a Ilha do Vodu: seria difícil para os 421 mil habitantes conseguirem escapar para o continente só por três pontes. Muitos teriam que se aventurar a nado. Ponto positivo: alta verticalização (31,3%).
RIO DE JANEIRO (RJ)
Milionários se refugiariam em mansões fortificadas em Angra dos Reis, mas, para o resto da população, presa entre a serra e o mar, sobrariam poucas saídas. Ponto positivo: o crime organizado, altamente equipado, ajudaria na resistência.
SÃO PAULO (SP)
É simplesmente a maior concentração urbana do país – 11,2 milhões de moradores na capital e mais 10 milhões nas cidades arredores. Viraria um filme de terror inescapável em poucos dias. Ponto positivo: Instituto Butantan pode liderar as pesquisas por uma vacina.
CONSULTORIA Rodrigo Stumpf Gonzalez, professor do Departamento de Ciência Política da UFRGS
FONTES Artigos A Crise e a Saúde Pública, de José Luiz Spigolon, As Medidas de Quarentena Humana na Saúde Pública: Aspectos Bioéticos, de Iris Almeida dos Santos e Wanderson Flor do Nascimento, You Can Run, You Can Hide: The Epidemiology and Statistical Mechanics of Zombies, de Alexander Alemi, Matthew Bierbaum, Christopher Myers e James Sethna; livros Guerra Mundial Z: Uma História Oral da Guerra dos Zumbis e O Guia de Sobrevivência a Zumbis, ambos de Max Brooks; documentários The Truth Behind Zombies, do National Geographic, e Zombies: A Living History, do History Channel; relatórios Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio 2012 e Atlas da Violência 2016, ambos do Ipea, Execução Orçamentária, do Ministério da Defesa, Small Arms Holdings in Brazil: Toward a Comprehensive Mapping of Guns and Their Owners, de Pablo Dreyfus e Marcelo de Sousa Nascimento; sites IBGE, CNT, Denatran, Conselho Federal de Medicina, Abraciclo, Centers of Disease Control, Military Power, Global Firepower, Zombie Research Society e Defesa Net