Como um animal é declarado extinto?
Não precisa ser cientista para determinar a extinção de um animal, mas é preciso seguir uma cartilha rígida de regras
Quando não há dúvidas de que o último indivíduo da espécie morreu. Esse é o critério estabelecido pela IUCN (International Union for Conservation of Nature), entidade que publica a Red List, uma lista de animais e plantas ameaçados no mundo. “A estimativa de risco de extinção não é uma ciência exata”, afirma Craig Hilton-Taylor, gerente da Red List no Reino Unido. “Nós nos baseamos no que sabemos sobre a espécie e suas ameaças, usando informações do passado, do presente e projeções para o futuro”, explica.
E não precisa ser cientista para determinar a extinção de um animal: basta fazer a pesquisa e enviar os dados à IUCN. Mas é preciso seguir uma cartilha rígida de regras, que inclui o levantamento de dados como população, área de ocupação e redução no número de indivíduos, entre outros itens. O material é avaliado por profissionais e pode precisar de complemento. Pode levar meses ou anos até que o animal entre na lista. Mas pode esquecer os dinossauros – a Red List só registra as extinções que aconteceram de 1500 a.C. para frente.
Grupos de risco
De 1,8 milhão de espécies, apenas 56 mil estão classificadas em relação à preservação. Entenda as classificações
Não-avaliada
Espécies dentro desta categoria não foram estudadas seguindo os critérios do IUCN. A maioria das espécies existentes no planeta não está avaliada, e por isso não é incluída na Red List
Informação insuficiente
São as espécies pouco conhecidas pelos cientistas. Em alguns casos, até são bastante estudadas, mas falta algum dado essencial para a estimar o risco de extinção. Não é considerada uma categoria de risco
Menor preocupação
É o que se diz das espécies que foram analisadas, mas não se enquadram em nenhuma das categorias anteriores. Seu cachorro ou canário estão aqui, assim como outros animais com grande área de ocupação e populações numerosas
Quase ameaçada
É uma espécie que foi analisada e não se enquadra nos níveis de risco. Mas chega perto. Os animais que por suas características podem entrar nas categorias mais graves ficam nesta lista
Vulnerável
Espécies que, dentre as ameaçadas, são as que estão em melhor condição. Para entrar nesta categoria é preciso que exista uma redução de pelo menos 30% na população do bicho nos últimos dez anos e que eles vivam em uma área de até 20 mil km2
Ameaçada
Categoria que enquadra as espécies que tiveram redução de pelo menos 50% em sua população nos últimos dez anos. E se a área de extensão de ocorrência (onde a espécie é avistada) for inferior a 5 mil km2, ela também entra na lista
Criticamente ameaçada
Espécie que ainda existe na natureza, mas que está desaparecendo aos poucos. Para entrar nesta lista, é preciso que, nos últimos dez anos, os animais tenham sido reduzidos em 80% ou mais e que sua área de ocorrência seja menor que 100 km2
Extinta na natureza
Categoria das espécies que têm os últimos representantes somente em cativeiro – centros de estudos, zoológicos e viveiros. Algumas são mantidas no cercado para serem preservadas e, futuramente, reintroduzidas na natureza
Extinta
Classificação dada a uma espécie que não existe mais, com a comprovação de que o último animal está morto. O padrão foi criado em 1994 para substituir outro, considerado impreciso, que determinava extinto aquele animal que não fosse visto nos últimos 50 anos
A volta dos que não foram
Eles foram considerados extintos, mas reapareceram na natureza em um fenômeno chamado de Táxon Lazarus, em homenagem a Lázaro – o homem ressuscitado por Jesus
Pica-pau-bico-de-marfim – Visto em 2004, gerou polêmica entre os cientistas: nem todos concordavam que o indivíduo fosse mesmo da espécie
Celacanto – O peixe foi considerado extinto no período Cretáceo, mas foi descoberto vivo em 1938
Minhoca-gigante-de-washington – A minhoca albina, que pode chegar a 1 m de comprimento, foi “extinta” nos anos 1980 e redescoberta em 2005
CONSULTORIA Craig Hilton-Taylor, gerente da Red List no Reino Unido; Otavio Marques, pesquisador do Instituto Butantan