Existem mesmo pessoas congeladas para ressuscitar no futuro?
Sim. Cerca de 250 pessoas estão preservadas em tubos de nitrogênio a temperaturas baixíssimas, e mais de 2 mil pessoas vivas aguardam a vez
ILUSTRAS Evandro Bertol
Sim. Cerca de 250 pessoas estão preservadas em tubos de nitrogênio a temperaturas baixíssimas, e mais de 2 mil pessoas vivas aguardam a vez de serem congeladas após a morte para despertarem no futuro. Se o experimento dará certo ninguém sabe dizer, já que até o momento nenhum ser humano foi congelado e trazido de volta à vida. O fato é que com as ferramentas e técnicas existentes nos dias de hoje ainda é impossível ressuscitar seres humanos, mas os cientistas do ramo apostam que em até 250 anos a humanidade já tenha toda a tecnologia necessária para que o descongelamento dessas pessoas se torne realidade.
TURBOCONGELAMENTO
O tempo é crucial na criogenia. Veja como é o processo
1. Depois que o coração para de bater, um médico atesta a morte legal do paciente e o processo de criogenia começa. Um líquido anticoagulante é injetado no corpo e uma máquina continua bombeando sangue e oxigênio artificialmente para evitar a morte dos tecidos. O ideal é que tudo isso aconteça em, no máximo, 15 minutos
2. No transporte até a clínica, o corpo é colocado em uma manta térmica especial e imerso em um tanque de gelo até chegar à instituição. A ideia é manter o corpo na temperatura mais baixa possível para minimizar a atividade cerebral restante e manter os tecidos preservados por mais tempo
3. Na clínica, o sangue do paciente é retirado e, em seu lugar, é inserido um líquido à base de glicerina, evitando que cristais de gelo se formem no interior das células e rompam as membranas. Esse processo é chamado de vitrificação e permite que o corpo fique em animação suspensa por longos períodos
4. Em seguida, o corpo, envolto em um saco plástico protetor, é mergulhado em um grande cilindro de nitrogênio líquido circulante a 196 oC negativos. A cabeça, presa ao corpo ou avulsa (sim, é possível congelar só a cabeça), fica no fundo do cilindro, para que, em caso de vazamento, demore mais a descongelar
O QUE PODE DAR ERRADO
A conservação dos corpos em tubos de nitrogênio depende da preservação das empresas de criogenia e da manutenção do sistema capitalista. Em 200 anos muita coisa pode acontecer: desde um grande terremoto até a falência da empresa por falta de grana ou fatores geopolíticos
Cura para todos os males
Os congelados só podem voltar à vida se no futuro forem encontradas curas para as causas de sua morte. Se a medicina não conseguir reverter o motivo do óbito, é o fim. E a criogenia tem expectativas bem altas. O próprio glicerol que ela usa é altamente tóxico, e espera-se que no futuro alguém ache um antídoto para ele
Admirável mundo novo?
Já imaginou acordar em um mundo totalmente diferente do seu e onde você não conhece ninguém? Os impactos psicológicos podem ser custosos, e o futuro pode ser distópico. Além do mais, os cientistas ainda não sabem afirmar se a memória das pessoas congeladas ficará intacta. Uma baita crise de identidade, né?
SE TUDO DER CERTO…
Se a medicina do futuro der conta do recado, os corpos serão ressuscitados com sucesso com a vantagem de estarem curados da doença que os matou. Na promessa mais otimista das empresas de criogenia, seria possível voltar à vida com a sua própria consciência, mas desta vez em um corpo ainda mais bonito, jovem e saudável. Talvez até imortal!
Futuros milionários
Preocupadas com a vida financeira dos seus futuros ressuscitados, algumas empresas de criogenia já oferecem fundos de investimentos e poupanças que podem render uma boa bolada depois de uns 200 anos. Assim, os pacientes não correm o risco de sair da clínica sem nem um centavo pra pegar o busão espacial
Paraísos artificiais
Muitos dos pacientes que hoje estão na fila da criogenia assinam um “pacote família”. A ideia é que acordem num futuro brilhante, saudáveis e na companhia de pessoas queridas, ricos e possivelmente imortais. Duro seria saber se acordaram da criogenia ou morreram e foram pro céu
Forever Young
PERGUNTA Denilson Fernandes, Botelhos, MG
FONTES Sites Alcor Life Extension Foundation, Cryonics Institute e BBC