Leonarda Cianciulli, a mamma que fazia sabão com as vítimas
As vizinhas adoravam se consultar com Leonarda Cianciulli. Mas mal sabiam que ela usava as vítimas para criar sabão e bolinhos!
SUGESTÃO Mirela, Jardinópolis, SP
FICHA CRIMINAL
Nome Leonarda Cianciulli (1894-1970)
Local de atuação Região de Correggio, Itália
Mortes 3
1) Fruto de um suposto estupro e uma gravidez indesejada, Leonarda tentou o suicídio duas vezes durante sua adolescência. Seus pais tentaram se livrar da filha arranjando um casamento com um proeminente comerciante assim que ela tivesse uma idade “boa” (uns 15 anos, na época). Mas ela não aceitou e resistiu até os 23 anos.
2) Em 1917, louca para sair da casa dos pais, casou-se com Rafaelle Passardi, um atendente de registros civis. Revoltada, sua mãe lhe rogou uma praga. Logo, começaram as desgraças. Em 1927, Rafaelle foi preso por fraude e, em 1930, o lar do casal foi destruído por um terremoto. Seria efeito da maldição? Leonarda, que já era supersticiosa, ficou mais cismada.
3) A italiana visitou uma vidente, que fez uma péssima previsão: ela perderia todos os seus filhos antes de morrer. Tentando se preparar para esse futuro sombrio, também buscou a ajuda de uma cigana. A leitura das mãos só piorou a situação: na mão direita estava sua prisão e na esquerda um manicômio criminal.
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4) Dito e feito: Leonarda engravidou 17 vezes. Sofreu três abortos espontâneos e dez filhos morreram antes da adolescência, vítimas de doenças. Sobraram somente quatro, com os quais ela era superprotetora. E bem o seu favorito, o mais velho, Giuseppe, foi recrutado pelo Exército em 1939 – a 2ª Guerra Mundial estava prestes a estourar.
5) Disposta a tudo para salvá-lo, Leonarda chegou à seguinte lógica: seu filho seria salvo se outra pessoa fosse sacrificada “no lugar dele”. Para isso, apelou para sua fama de vidente com dons espirituais: sua vítima poderia ser uma das muitas senhoras da região de Correggio que também eram supersticiosas e se consultavam com ela.
6) A primeira foi Faustina Setti. Leonarda disse que, para materializar o marido que Faustina tanto desejava, ela deveria ir para Pula (na atual Croácia) e enviar uma carta aos parentes como se já estivesse morando lá, casada e feliz. Era o álibi perfeito: assim que Faustina cumpriu a ordem, a assassina lhe deu vinho com tranquilizantes e a matou com um machado.
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7) Ela usou o sangue da vítima para fazer bolinhos, servidos às outras mulheres que a consultavam (até Giuseppe gostava do quitute!). Ela picou o corpo em nove partes, dissolveu em soda cáustica e despejou em uma fossa séptica. Para finalizar, a psicopata também deu um jeito de se apoderar do dinheiro e dos bens de Faustina
8) Mas, ainda preocupada com o filho, ela não parou por aí. Em setembro de 1940, em menos de 30 dias, matou outras duas clientes, que buscavam um novo emprego. O sistema foi o mesmo: as cartas falsas, o vinho entorpecente e o machado. Mas, desta vez, ela misturou o sangue com gordura e perfume para fazer sabão.
9) De novo, ela ficou com os bens e as joias dessas mulheres. Mas a cunhada da última vítima desconfiou do desaparecimento e acionou a polícia. Leonarda confessou logo no primeiro interrogatório. Foi julgada em 1946, pegou 30 anos de prisão e mais três anos de tratamento em um manicômio criminal.
QUE FIM LEVOU?
As duas previsões se concretizaram: Leonarda viveu mais que todos os filhos, foi presa e passou por um manicômio criminal, onde morreu de hemorragia cerebral aos 76 anos
FONTES Autobiografia An Embittered Soul’s Confession: Leonarda Cinaciulli’s Memoir; sites The New York Times, Time e BBC