É um dos problemas ambientais mais sérios da atualidade, causado pelos gases tóxicos liberados na queima de combustíveis como o carvão e o petróleo. Depois que as chaminés das indústrias e os escapamentos dos carros despejam no ar a sujeira da combustão, uma parte da poluição reage com o vapor dágua e outros componentes da atmosfera. Nesse processo, os gases poluentes se transformam em ácidos, que caem sobre a terra misturados com as gotas de tempestade, neblina ou nevoeiro. Daí vem a acidez da chuva, que pode destruir florestas, acabar com os nutrientes do solo, matar a vida aquática e prejudicar a saúde humana. Na Europa, o problema é pesquisado desde o século 17, mas ganhou fama na década de 60, com o declínio no número de peixes em lagos do continente.
Apesar de o fenômeno ter atingido inicialmente as regiões industrializadas do Primeiro Mundo, hoje ele é mais grave entre os chamados “tigres asiáticos” – países como Cingapura e Taiwan, que se industrializaram recentemente, mas ainda possuem regras frouxas de proteção ambiental. No Brasil, uma das cidades que mais sofria com as chuvas ácidas era São Paulo. “Não há medidas precisas, mas é provável que ocorressem muitas precipitações ácidas no final na década de 70”, afirma a química Adalgiza Fornaro, da Universidade de São Paulo (USP). Na última década, a situação melhorou com a adoção de medidas antipoluição. “Em primeiro lugar, os combustíveis foram purificados e hoje não contêm dióxido de enxofre, um gás que origina o ácido sulfúrico da chuva ácida. Em segundo, todas as indústrias do município instalaram filtros. E, por último, a maioria dos veículos já tem catalisadores, que reduzem a poluição da queima de combustíveis. Com isso, a chuva de São Paulo hoje é apenas levemente ácida”, diz Adalgiza.
1 – A origem da chuva ácida está na fumaça que as chaminés das fábricas e os escapamentos dos carros lançam na atmosfera. A queima de petróleo e carvão libera gases poluentes entre eles o dióxido de enxofre, os óxidos de nitrogênio e o monóxido de carbono, compostos tóxicos que servem como matéria-prima para as gotas de chuva nocivas
2 – Nem sempre a tempestade cai no mesmo lugar em que os poluentes foram liberados, porque as correntes de vento podem transportar os gases tóxicos por mais de 2 mil quilômetros. Isso explica como o arquipélago das Bermudas, no Caribe, ou as montanhas amazônicas do sul da Venezuela, onde não há indústrias, sofrem tanto com a chuva ácida
3 – Durante o transporte, os gases poluentes entram em contato com o vapor dágua e com os gases que compõem a atmosfera, como o oxigênio e o nitrogênio. Estimulados pela energia solar, esses compostos vão reagir e gerar as substâncias que compõem a chuva ácida
4 – As reações fazem com que o ar apresente uma concentração elevada de compostos ácidos, principalmente de ácido sulfúrico e ácido nítrico. Quando chove, as gotas levam esses ácidos do ar para a terra. Nos casos mais graves, o nível de acidez na chuva pode ser superior ao de um suco de limão!
PREJUÍZO HISTÓRICO
Como as gotas ácidas destroem objetos de calcário, mármore e cobre, alguns monumentos sofrem forte corrosão. A acidez é tão poderosa que rompe até mesmo as camadas de resina que protegem as pinturas dos carros, fazendo a carroceria enferrujar
VERDE CORROÍDO
Em contato com a vegetação das florestas, as gotas ácidas queimam as folhas das plantas, produzindo manchas amareladas e pequenos buracos. Com isso, reduz-se a capacidade da árvore de obter energia por meio da fotossíntese. As plantas passam a crescer mais lentamente e raramente atingem seu tamanho normal
TERRA ARRASADA
No solo, a chuva ácida dissolve os principais nutrientes das plantas e carrega-os na enxurrada. Pior: a acidez das gotas libera alumínio e cádmio, compostos tóxicos para plantas e animais do local
AMEAÇA À SAÚDE
Para o homem, ficar molhado em uma tempestade ácida ou nadar em um lago ácido pode deixar a pele bem ressecada, mas não oferece maiores riscos. O problema são os poluentes que originam o fenômeno: se inalados por muito tempo, eles causam náusea, dor de cabeça e doenças respiratórias graves
BANHO PERIGOSO
Os lagos ácidos chegam a ter acidez superior à do vinagre, afetando toda a vida aquática. Os mais atingidos são os peixes: espécies sensíveis, como a truta, desaparecem rápido. No nordeste dos Estados Unidos, existem lagos ácidos sem um único peixe
Na livraria:
Poluição do Ar, Samuel Murgel Branco e Eduardo Murgel, Moderna, 1995
Na Internet: